![]() |
Jornal "O Boato". Acervo: Antônio Barbosa |
A festa da padroeira de Esperança
podia ser vista de diversos ângulos: a homenagem que se presta a santa, a
celebração de mais um ano com a liturgia do Bom Conselho, o pastoril com suas
donzelas e o pavilhão onde se amealhava donativos através do leilão de pratos
típicos.
Nesse contexto, sempre existiu, o
jornalzinho de festa, produzido pelos mais letrados da comunidade, veiculando
fofocas, disse-me-disse e outras particularidades da nossa gente.
Na vanguarda, temos “A Seta” (1928)
de Tancredo Carvalho. Podemos citar, ainda, o “Gillette” (1937) de Sebastião
Lima e Paulo Coêlho, que se perpetuou com Zé Coêlho e sua filha Vitória Régia.
Pois bem. Nos anos 40 surgiu “O
Boato”, com direção de Eleazar Patrício e gerência de João de Andrade Melo, que
se denominava “Órgão da Festa de N. S. do Bom Conselho”.
Impresso na tipografia S. João, de
João Andrade, seu primeiro número circulou em janeiro de 1941, com os quadros:
Verdades & Mentiras, Ontem e Flores Bela.
Com versinhos, notícias fantasiosas e
provocações, fazia a alegria da sociedade, ávida por qualquer movimento cultural,
ainda que de presunçoso enredo.
O comércio em peso patrocinava a
folha, a exemplo da Futurista, de Joaquim Virgolino; Loja Brasil, de Dogival
Costa; Loja Ideal, de Manuel Rodrigues; Padaria e Mercearia Capricho, de
Severiano P. Costa e Esperança Hotel, de Severino F. Costa, dentre muitas outras.
O jornal “Boato” custava 200 reis, em
dias de hoje, seria em valores aproximados, cerca de R$ 2,50 que, pela quantia
mencionada, presume-se que tinha uma boa aquisição.
Neste periódico, havia também o
concurso d’O Boato que elegia as moças mais bonitas e elegantes. Naquela festa
de ’41, destacavam-se Zezé Torres (120 votos); Elizabete Silva (70 votos); e
empatadas com 40 votos cada, Carminha Rangel, Margarida Leite e Laurita Rocha.
Na última página, o folhetim trazia
um “Preito de gratidão”, em geral matéria paga, enaltecendo um político ou
comerciante local, que frequentava o pavilhão. Não é de hoje que boato de
jornal vende!
Rau Ferreira
Referências:
-
ARAÚO, Fátima. Paraíba, imprensa e vida: jornalismo impresso 1826 a 1986. Grafset.
João Pessoa/PB: 1986.
- CARVALHO, Tancredo. Memórias de um brejeiro. Gráfica Júlio Costa. João Pessoa/PB:
1975.
- O BOATO, Jornal. Órgão da Festas
de N. S. do Bom Conselho. Diretor Eleazar Patrício. Gerente João
Andrade de Melo. Tipografia S. João. Esperança/PB: 1941.
- Acervo: Antonio Barbosa. Casa Museu. Esperança/PB: 2017.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.