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Bloco do Boi, de João Marcollino |
Foi Evaldo Brasil que me instigou a
pesquisa, quando questiona em seu poema: “O que matou meu boi? O de João
Marcolino/ Boi dos meus carnavais quando eu era menino" (Noção Planetária).
Pinçando aqui e acolá reconstruí parte desta história, cujo complemento fica a
cargo dos nossos leitores em seus comentários.
Conta a lenda que uma escrava desejou
comer a língua do boi do seu senhor, que o marido sacrificou para saciar a sua vontade.
O animal era muito querido e por essa razão curandeiros foram chamados para
ressuscitá-lo. A festa em si é a celebração quando o boi volta à vida.
Em muitos Estados se observa esta
tradição, mas em Esperança na Paraíba a representação acontece no período de
carnaval.
O Bumba-meu-boi ou Boi-bumbá esperancense
se tornou mais conhecido a partir do bloco fundado por João Marcolino dos
Santos em 02 de fevereiro de 1962. Apesar de existir em manifestações
anteriores, este foi o mais original e duradouro bumbá de Esperança.
Adaptado ao tríduo momesco, o Boi de
Marcolino chegou a ter 150 componentes que eram guiados pelo zabumba, triângulo
e a sanfona ao som do “Boi da Cara-preta”. Era confeccionado em madeira e
papelão, coberto com tecido de “chita”; e adornado com chifres naturais e
espelhos de diversos tamanhos e formatos.
Outra característica nossa, foi a
introdução de animais como o Urubu, quando então se cantava “O urubu tá com
raiva do boi”.
O bloco saia às ruas na manhã do
Domingo pré-carnaval conduzindo os foliões, permanecendo ativo até o final dos
anos 80. Hoje o conhecido “Arrasta-tudo” é um remanescente do velho boi cujo
criador era apenas um sapateiro da cidade.
Quem matou o boi? Não foi a mulher
desejosa, pois nesta lenda ele vive depois. Por aqui, dizem que foi um tal de “Falta
de apoio” que tem feito muitas vítimas culturais.
Rau Ferreira
Referências:
-
ANDRADE, Jailson. Família Andrade: um século de lutas, vitórias e conquistas.
Ed. Revista e Ampliada. José Fábio Barbosa Costa. 3ª Edição. Esperança/PB:
2009.
- BRASIL,
Evaldo. Cultura & Arte: síntese de uma estória sem começo nem fim.
Manuscrito. s/d. Disponível em: http://evaldobrasil.blogspot.com/. Acesso:
22/12/2008.
-
ESPERANÇA, Livro do Município de. Projeto Gincana Cultural/84. Descubra a
Paraíba. Ed. Unigraf. João Pessoa/PB: 1985.
-
FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes da Historiografia do Município de
Esperança. A União. Esperança/PB: 2016.
-
SOUZA, Inácio Gonçalves. Memorial do Carnaval de Esperança. Edições Lyrio
Verde. 1ª Ed. Esperança/PB: 2016.
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