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Cabeçalho d'O Rebate. Direção: Luiz Gil |
Walter Tavares nos brinda, mais uma vez, com
uma importante página da nossa história, recolhida do acervo de que dispõe este
ilustre campinense que, ao lado de Eneida Maracajá e Lourdes Ramalho, é um dos
grandes expoentes da cultura na Rainha da Borborema.
Desta feita, nos envia um recorte d’O Rebate –
jornal editado em Campina Grande, capitaneado pelo Professor Luiz Gil de
Figueiredo – que como o título nos enseja, mostra “Esperança de relance”.
Corria a década de 40 e Esperança vivia o auge
da batatinha. O Professor Luiz Gil além de redator, diretor de jornal, era
casado com uma senhora esperancense. Veio para Esperança lecionar, em maio de
1931. Aqui auxiliou José de Andrade na condução do jornal “O Tempo”, de onde
saiu para fundar, em Campina Grande, o seu jornal “O Rebate”.
O texto que se supõe ser de sua autoria, pelo
conhecimento que lhe era peculiar destas paragens, retrata o município em 1943.
Inicia com a luta pela emancipação, exaltando
as principais figuras responsáveis pelo desmembramento de Alagoa Nova. Menciona
os principais prefeitos até aquela data, as pessoas que deram os contornos a
cidade de Esperança e seu abnegado padre, o Monsenhor João Honório.
Pois bem. Sem delongas, vamos ao texto
histórico:
“Esperança, distante 29
quilômetros desta cidade, é um município prospero e uma localidade encantadora
cuja população laboriosa fez de sua terra um jardim e uma colmeia.
Desmembrado em 1925 do
município de Alagoa Nova graças aos esforços de seus filhos deve sua
independência ao Presidente João Suassuna, tendo trabalhado por sua autonomia o
coronel Elísio Sobreira, o poeta Silvino Olavo, o jornalista Severino Diniz, os
snrs. Manuel Rodrigues de Oliveira, Theotonio
Rocha, Theotonio Costa, jornalista José de Andrade e outras ilustres
pessoas da terra.
No movimento
revolucionário de 30 esteve ao lado do presidente João Pessoa, seguindo a
orientação do coronel Elísio Sobreira figura das mais representativas do
município.
É notável a tendência artística
e o gosto pelas letras que denotam seus filhos. Na mecânica, o Severino Vital é
uma revelação da inteligência nordestina, tendo construído um pequeno motor que
chamou a atenção dos entendidos; na pintura o Chiquinho Pintor, que num meio
mais desenvolvido seria, quem sabe, um “Aleijadinho” seu emulo na concepção e
na conformação do físico; na música o professor Jovinano Sobreira, preceptor de
várias gerações; na poesia esse inspirado Silvino Olavo autor de “Cisnes”, que
o destino sepultou num asilo de Alienados; no jornalismo Samuel Duarte, um dos
mais firmes caracteres da geração, sociólogo balizado e jornalista de fino
quilate; na oratória o Severino Diniz, o “orador das multidões” que foi o
rouxinol de sua terra na campanha da emancipação; para que esquecer José de
Andrade Melo, essa digna figura de farmacêutico e jornalista sempre em luta com
os elementos da terra pode já ir evoluindo é no lugar que lhe competia?
Essencialmente agrícola,
Esperança, a terra do cultivo da batatinha conta hoje com um estabelecimento
modelo, orientador e coordenador de seus – novidades – a Cooperativa de
Batatinhas – vitoriosa graça ao espírito empreendedor e vontade de ferro de
Joaquim Virgolino.
Esperança, cuja fase de
progresso iniciou-se com a administração de Theotonio Costa, teve sua ação
continuada com o prefeito Júlio Ribeiro, que deu-lhe nova feição, prosseguindo
com a administração de Sebastião Duarte, que iniciou o calçamento, construiu a
Praça Getúlio Vargas e o Posto de Higiene. Atualmente, dirigi-lhe os destinos o
prefeito Severiano Pereira da Costa da ilustre estirpe de Irineu Jóffily, que
assaltado pela febre de progresso está promovendo o calçamento da cidade,
abertura de novas avenidas e dando mão forte a vários melhoramentos de
iniciativa particular.
Falar de Esperança
esquecendo essa figura bondosa e dinâmica de sacerdote que é o Padre João
Honório seria lapso imperdoável. Sua matriz é hoje um dos mais formosos templos
do Estado, com carrilhão, moderna fachada e artístico revestimento interior
graças a capacidade de trabalho deste sacerdote que não tendo de seu onde
pousar a cabeça é um dos mais esforçados colaboradores dessa criatura boníssima
que é D. Moises Coêlho arcebispo da Paraíba”.
O Rebate foi um dos jornais mais duradouros da
história campinense. Surgiu em 04 de outubro de 1932 pelas mãos de Luiz Gil,
Pedro d’Aragão e Eurípides Oliveira, e permaneceu ativo até a década de 1960.
Afrânio Aragão – em discurso perante a Academia
Paraibana de Letras Maçônicas – disse: “O
REBATE circulou ininterruptamente por mais de 20 anos, até que, morrendo o
Professor Luiz Gil, papai resolver encerrar essa atividade jornalística”. Acrescentou,
ainda, o acadêmico que, "foi um
centro não somente de formação, mas de meio de expressão de idéias e posições
políticas de dezenas de campinenses e paraibanos de destaque (...)".
Rau Ferreira
Referências:
- ANPUH –PB, Anais
Eletrônicos do XVI Encontro Estadual de História. ISSN: 2359-2796. 25 a 29 de
agosto. Campina Grande/PB: 2014.
- ARAGÃO, Afrânio. Discurso
de posse. Academia Paraibana de Letras Maçônicas, em 03 de
- CAMPINENSE, Coletânea de
Autores. Comissão Cultural do Centenário. Prefeitura de Campina Grande. Campina
Grande/PB: 1964.
- O REBATE, Jornal. Edição
de 04 de outubro. Campina Grande/PB: 1943.
outubro de 2009, por
ocasião de sua investidura na cadeira cujo patrono é seu pai, Pedro d’Aragão.
Disponível em: http://aplm.xpg.uol.com.br/pedrodaragao.htm,
acesso em 13/12/2016.
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