Pular para o conteúdo principal

Aspecto da feira (transporte de cargas)

Crédito da imagem: Fabrínia Almeida
A feira é uma das atividades mais antigas de Esperança. Foi no seu entorno que nasceu, por assim dizer, a primeira aglomeração de pessoas cuja agregação foi além do objetivo comercial, já que residências começaram a ser construídas na rua de Baixo (atual Dr. Silvino Olavo).
Pois bem. Hoje (sábado, dia de feira) me deparei com a análise de uma fotografia postada no grupo “Esperança – terra mãe”, feita pelo meu amigo Janilson Andrade. Comentava o nobre colega que em conversa com uns anciões, ficou sabendo que no início, o transporte de mercadorias na feira era feito em balaios. Esses balaieiros tinham uma prática tão grande que sequer seguravam com a mão, equilibrando na cabeça andavam de um lado para o outro.
Lembro-me de ver muitos homens com balaios quando a feira acontecia na rua do Sertão. Homens e crianças se punham a levar as compras de um canto para outro e fazer a entrega na casa do cidadão. O engraçado é que naquele tempo não havia sacolas plásticas, frutas, verduras e tudo mais era colocado no balaio solta e, quando a criança não aguentava mais o peso, tudo ia pro chão, provocando uma saraivada de reclamações.
Quando a carga era pesada demais para os balaieiros, procurava-se os burros de caçoá. Esses animais também foram importantes não apenas para os comerciantes, mas para a empresa de construção. Na época havia tropas de burros organizadas para levar água, pedra, tijolos etc. Na feira, os bichos carregavam farinha, carnes e outros
Na mesma foto – dizia ele – podia se ver o avanço desta prática, já que os próprios carregadores providenciaram, depois de um tempo, carrinhos de mão; eles mesmos confeccionavam os carros com restos de madeira provinda de caixas e caixotes, adquirindo as rodas a seu Santiago (um marceneiro que trabalhava na Beleza dos Campos, numa das entradas para o Britador). A vantagem é que as mercadorias não caiam, como acontecia com os balaeiros.
Na foto em questão (figura ao lado) podemos ver os três tipos de transporte de mercadorias que era realizado na feira de Esperança. Podemos observar ainda, o mercado público sem telhado e portões. A imagem foi publicada no grupo pela jovem Fabrínia Almeida, estudante do curso de jornalismo da UEPB.
Um fato não mencionado, mas que me veio à lembrança foi que também havia pessoas que levaram as feiras em sacos de pano onde o “cadeado era um nó” – parafraseando a canção de Gonzagão -, mas eram geralmente agricultores.
Estas foram as nossas considerações, nos breves momentos que conversamos. O amigo Janilson Andrade é um entusiasta e tem contribuído bastante para o resgate da história esperancense, só tenho a agradecer.


Rau Ferreira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sitio Banaboé (1764)

  Um dos manuscritos mais antigos de que disponho é um recibo que data de 1º de abril do ano de 1764. A escrita já gasta pelo tempo foi decifrada pelo historiador Ismaell Bento, que utilizando-se do seu conhecimento em paleografia, concluiu que se trata do de pagamento realizado em uma partilha de inventário. Refere-se a quantia de 92 mil réis, advinda do inventário de Pedro Inácio de Alcantara, sendo inventariante Francisca Maria de Jesus. A devedora, Sra. Rosa Maria da Cunha, quita o débito com o genro João da Rocha Pinto, tendo sido escrito por Francisco Ribeiro de Melo. As razões eram claras: “por eu não poder escrever”. O instrumento tem por testemunhas Alexo Gonçalves da Cunha, Leandro Soares da Conceição e Mathias Cardoso de Melo. Nos autos consta que “A parte de terras no sítio Banabuiê foi herdade do seu avô [...], avaliado em 37$735” é dito ainda que “João da Rocha Pinto assumiu a tutoria dos menores”. Registra-se, ainda, a presença de alguns escravizados que vi...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Padre Zé e o Cinquentenário da Escola das Neves

Quando a Escola das Neves, que funcionava na Capital paraibana, completou cinquenta anos, o Padre Zé Coutinho escreveu uma emocionada carta que foi publicada no Jornal O Norte em 13 de novembro de 1956. O fundador do Instituto São José iniciou os estudos primários no Colégio Diocesano Pio X, quando aquele educandário funcionava como anexo ao Seminário Arquidiocesano da Parahyba. Depois matriculou-se no Colégio N. S. das Neves, naquela mesma cidade, pois ainda havia uma seção para estudantes do sexo masculino. Retornou, depois, para o Pio X para fazer o curso secundário. A missiva – endereçada a Benedito Souto – trazia o seu depoimento sobre aquele tradicional educandário: “Também, fui aluno do Curso Masculino, de Julho de 1906 a Novembro de 1907, ao lado de Alceu, Antenor e Mirocem Navarro, Mário Pena, Paulo de Magalhães, João Dubeux Moreira, Ademar e Francisco Vidal, Otacílio Paira, Mário Gomes, Gasi de Sá e tantos outros” – escreveu o Padre Zé. Era professora a Irmã Maria Anísi...

A Exposição de Helle Bessa

  Por Ângelo Emílio da Silva Pessoa*   Nessa Quinta-feira (12/06/25), na Galeria Lavandeira (CCTA-UFPB), tive a honra e o prazer de comparecer à abertura da Exposição "Impressões Contra o Fim", da artista plástica Helle Henriques Bessa (1926-2013), natural de Esperança (PB) e que tornou-se Freira Franciscana de Dillingen, com o nome de Irmã Margarida. Durante anos foi professora de artes nos Colégios Santa Rita (Areia) e João XXIII (João Pessoa). Helle Bessa era prima da minha mãe Violeta Pessoa e por décadas convivemos com aquela prima dotada de uma simpatia contagiante. Todos sabiam de seu talento e que ela havia participado de exposições internacionais, mas sua discrição e modéstia talvez tenham feito com que sua arte não tenha ganho todo o reconhecimento que merecia em vida. Anos após seu falecimento, as Freiras Franciscanas doaram seu acervo para a UFPB e foi possível avaliar melhor a dimensão de seu talento. As falas na abertura destacaram seu talento, versatilida...

Renato Rocha: um grande artista

  Foto: União 05/12/2001 “A presença de autoridades, políticos e convidados marcou a abertura da exposição do artista plástico Renato Rocha, ocorrida no último final de semana, na Biblioteca Pública Dr. Silvino Olavo, na cidade de Esperança, Brejo paraibano. A primeira exposição de Renato Ribeiro marca o início da carreira do artista plástico de apenas 15 anos. Foram expostas 14 telas em óleo sobre tela, que também serão mostradas no shopping Iguatemi, CEF e Teatro Municipal de Campina Grande já agendadas para os próximos dias. A exposição individual teve o apoio da Prefeitura Municipal de Esperança através da Secretaria de Educação e Cultura, bem como da escritora Aparecida Pinto que projetou Renato Rocha no cenário artístico do Estado. Durante a abertura da Exposição em Esperança, o artista falou de sua emoção em ver os seus trabalhos sendo divulgados, já que desenha desde os nove anos de idade (...). A partir deste (...) Renato Ribeiro espera dar novos rumos aos seus projeto...