Pular para o conteúdo principal

Esperança na história: Silvino Olavo

No último dia 06/11 discorremos sobre Silvino Olavo em nosso quadro “Esperança na história”, veiculado pela BanFm. Foi a nossa derradeira participação naquela emissora, visto outras obrigações que nos impede de continuar este trabalho de divulgação da história local. Eis o resumo daquele dia:
Poeta, jornalista e escritor Silvino Olavo era uma inteligência multiforme. Dominava o português, inglês e latim. Diplomado em 1924, foi orador oficial da turma, publicando no Rio os livros “Cysnes” e “Estética do Direito”. Retornando à Paraíba em 1925, inicia um levante, em prol da emancipação municipal, onde proclama o seu famoso discurso: “Esperança – Lírio Verde da Borborema”. Em 1927 edita o segundo livro poético “Sombra Iluminada” e passa no concurso para Fiscal de Consumo na Cidade de Vitória-ES.
Colaborou na campanha de João Pessoa que, eleito em 1928 lhe chama para trabalhar assumindo a Chefia de Gabinete. Em 1929 foi o anfitrião de Mário de Andrade, em sua visita à Paraíba. Além das obras citadas, publicou Cordialidade – Estudos Literários em duas séries, e deixou os inéditos Flora Macerada, Alpha de Centauro e Badiva. Em 1933 prefaciou o livro “Misérias”, de Leonel Coelho.
Participou da Academia de Letras e Ciências ao lado de Sérgio Buarque de Holanda e Afonso Arinos e comandou a redação de “O Jornal” e escreveu para o Jornal do Comércio, Diário da Tarde, O Globo, Diário de Notícias, A União. Integral a Delegação Paraibana de Futebol, sendo um de seus dirigentes. Escreveu para diversas revistas da Paraíba, Rio de Janeiro, Pernambuco e do Espírito Santo. Colaborou para a compra do relógio da Igreja Matriz.
Com a morte de João Pessoa em 1930, passou a apresentar um quadro esquizofrênico. Foi internado diversas vezes na Colônia Juliano Moreira, até que o seu cunhado Valdemar Cavalcanti, o recebeu para tratamento domiciliar em Esperança.
Silvino Olavo é o patrono da Cadeira 35 da Academia de Letras de Campina Grande, com assento na de número 14 da Academia Paraibana de Poesia. Foi também Advogado, Promotor de Justiça, Membro do Conselho Penitenciário.
Na poesia é considerado o maior representante do Simbolismo, não obstante tenha traços de modernista.
Faleceu em 26 de Outubro de 1969, vítima de complicações renais, no Hospital Dr. João Ribeiro, em Campina Grande.
Foi homenageado em Esperança com o nome de uma rua e uma biblioteca; em João Pessoa também é nome de rua, no bairro dos Expedicionários.
Comentários: (1) Após o lançamento de nossa biografia em 2010, encontrei-me com Dona Mita Medonho, mãe da Dra. Milena da Farmácia, que me recitou a seguinte quadra, feita para ela pelo poeta, quando esta ainda tinha 15 anos: Não há fruta como a uva/ amigo como o dinheiro/tempo como o passado/ nem amor como o primeiro; (2) Não encontrando nas faculdades paraibanas uma que se interessasse pelo tema, busquei a UFRN, onde publiquei o artigo “Socialização e Estética do Direito” que trata do trabalho de conclusão de curso do nosso vate; (3) No Rio, Olavo publicou nas seguintes revistas: A Crítica, Diário Carioca, Brasil Social, Fon-Fon, Gazeta de Notícias, Ideia Ilustrada, O Mundo Literário, Nação Brasileira e Época, já em Pernambuco escreveu para as revistas Estrela de Junho, Brasil-Portugal, Pé de Moleque, Diário da Manhã e Revista Pernambucana; (4) Recitei o poema: O repuxo iluminado; (5) Além de poeta, Silvino tocava violão; (6) O poeta residiu durante muitos anos na Fazenda Bela Vista, propriedade de seus pais, onde havia uma praça em homenagem ao poeta.


Rau Ferreira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani, ...

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr...

Arte Déco no Município de Esperança

O Art Déco é um estilo arquitetônico surgido na Europa nos anos 20 do Século passado caracterizado pelo uso de formas geométricas, ornamento e design abstrato. Ele possui linhas retas e poucas curvas, com exclusão de entalhes e motivos orgânicos. As cidades de Campina Grande (PB) e Goiânia (GO) possui um rico acervo destas construções. No município de Esperança, poucos quilômetros da “Rainha da Borborema”, não poderia ser diferente, devido a uma forte influência exercida por aquela cidade, a exemplo da imagem coletada por Evaldo Brasil (Blog Reeditadas) de um imóvel situado na rua Barão do Rio Branco, como ele mesmo dispôs na legenda: “traço arquitetônico típico dos pontos comerciais do centro da cidade, nos anos 70 do Século passado”.   Rau Ferreira   Fonte: - BRASIL, Evaldo. Reeditadas . Post: Arquitetura – Art Déco Poular – BBC. Blog disponível em: https://www.xn--esperanareeditada-gsb.com/ , acesso em 17/09/2025. - ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna . Editora ...