Pular para o conteúdo principal

O velho "Samu"

Samuel Vital Duarte (1904/1979) nasceu no Sítio Canta Galo de Lagoa de Roça, que à época pertencia à cidade de Alagoa Nova. Entretanto, desde cedo fixou residência em Esperança, onde iniciou seus estudos acadêmicos.
O filho de agricultores ingressou no Seminário Arquidiocesano da Parahyba aos doze anos. Naquela época, este era o caminho que os menos favorecidos dispunham para ter acesso a um ensino de qualidade, abrindo assim as portas para carreiras futuras.
Antes de entrar para a Faculdade de Direito no Recife, diplomou-se em Humanidades pelo Lyceu Parahyubano, trabalhou como revisor d’A União, e prestou concurso para os Correios onde atuou como auxiliar.
Concluído o bacharelado (1931), retorna a Esperança, onde passa a advogar em causas pouco rendosas, enfrentando o licenciado Severino Irineu Diniz.
Impregnado pelas ideias liberais, engrossa as fileiras da política. A sua base eleitoral era basicamente Esperança e Alagoa Nova que constituía a sua origem e reduto eleitoral.
Elegeu-se deputado em 1934, pelo Partido Progressista, mas seu mandato foi interrompido três anos depois, com o advento do Estado Novo.
Retornaria à Câmara Federal em 1945, após ser eleito pelo Partido Social Democrático (PSD), assumindo a Presidência daquela Casa em 1947. Foi reeleito em 1950, mas renunciou quatro anos após ser nomeado Avaliador dos Feitos da Fazenda.
Esperança sempre lhe deu expressiva votação. As suas alianças neste Município o favoreciam, embora encontrasse forte resistência do Pároco João Honório de Melo, este ligado à UDN.
O padre de Esperança resolveu apoiar Milton Paiva, candidato do PRP, que alcançou expressiva votação, sem ser eleito. O vigário era ultranacionalista, e conseguiu derrotar Duarte em 1958. Contrariadas, as lideranças locais recorreram ao Bispo Diocesano, Após aquele episódio, Honório era removido para Monteiro/PB.
Cidade afetiva do velho “Samu”, Esperança lhe prestou importante homenagem, através do Tribunal de Justiça da Paraíba, quando denominou o Forum desta Comarca com o seu nome.
O Dr. Samuel Duarte presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil (1967/1969), participando da criação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

Rau Ferreira

Fonte:
- FERREIRA, Rau. Ilustres de Esperança: Biografia de cidalinos esperancenses. Edições Banabuyé. Esperança/PB: 2010.
- Mello, José Octávio de Arruda. Samuel Duarte. Série Perfis Parlamentares. Brasília: Câmara dos Deputados. Edições Câmara: 2014.

- Mello, José Octávio de Arruda. Sociedade e poder político no nordeste: o caso da Paraíba (1945-1964). Editora Universitária. João Pessoa/PB: 2001.

Comentários

  1. Rau, uma ótima publicação, para que, a juventude esperancense tome conhecimentos dos vultos importantes do nosso municipio e da nossa região. Apenas uma pequena correção: Em 1958, o padre de Esperança já era Manoel Palmeira da Rocha, tendo assumido a paróquia de Esperança no ano de 1953.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani, ...

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr...

Arte Déco no Município de Esperança

O Art Déco é um estilo arquitetônico surgido na Europa nos anos 20 do Século passado caracterizado pelo uso de formas geométricas, ornamento e design abstrato. Ele possui linhas retas e poucas curvas, com exclusão de entalhes e motivos orgânicos. As cidades de Campina Grande (PB) e Goiânia (GO) possui um rico acervo destas construções. No município de Esperança, poucos quilômetros da “Rainha da Borborema”, não poderia ser diferente, devido a uma forte influência exercida por aquela cidade, a exemplo da imagem coletada por Evaldo Brasil (Blog Reeditadas) de um imóvel situado na rua Barão do Rio Branco, como ele mesmo dispôs na legenda: “traço arquitetônico típico dos pontos comerciais do centro da cidade, nos anos 70 do Século passado”.   Rau Ferreira   Fonte: - BRASIL, Evaldo. Reeditadas . Post: Arquitetura – Art Déco Poular – BBC. Blog disponível em: https://www.xn--esperanareeditada-gsb.com/ , acesso em 17/09/2025. - ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna . Editora ...