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O Topônimo Banabuyé

Esperança comemora este ano uma data muito especial, relativa aos 300 anos da Sesmaria de Banabuyé. Mas alguém desconfia o que esta palavra significa. Pois bem, este topônimo vem da língua Tupi Guarani e pode significar: Borboleta (Bana) e Brejo (Buy ou Puyú), cuja junção nos vem “Brejo das Borboletas”.
Por ser uma palavra indígena, há variações de sua escrita: banabuiú, banaboé, banabuié, banabuyé e banaboê. O etnólogo José Gregório apresenta as seguintes variações: “banabuié, banabuyé, panambi, panapu, banabuiú (borboleta d'água), panapuiú (nome de tribo cariri)”. Com efeito, esse topônimo caracterizou a tribo de índios que estavam aldeados nessa região.
Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”.
Tomás Pompeu de Sousa Brasil (1818-1877), o Senador Pompeu, dava-lhe outro significado.  Segundo o político o termo mais apropriado seria  “Rio que tem muitas voltas”; pois BANA que dizer “que torce, volteia”; BUI “muito, com excesso” e U seria “água ou rio”.
A nós parece mais correto dizer “Pantanal ou brejo das borboletas”, pois como se sabe, a nossa cidade teve origem no entorno do Tanque do Araçá onde os Índios Cariris mantinham um pequeno reservatório de água, nas proximidades do “Açúde Banabuié”.
Banabuyê foi sempre o nome deste lugar. Na opinião de Irineo Joffily, o nome indígena prefere a Esperança e deveria ter-se mantido por mais auspicioso que este fosse. O topônimo tem origem na língua Tupi Guarani e significa brejo ou pantanal das borboletas.
Em seu livro “Notas sobre a Parahyba” (1892), o autor descreve as terras como sendo as melhores do município de Alagoa Nova, a quem pertenciam. Localizada três léguas a Oeste, ao pé de uma grande rocha “que se estende encoberta por baixo de suas casas” (p. 208).
O Capitão-mor Clemente de Amorim e Souza, relacionando os lugares e povoações desta Capitania da Paraíba, escreve em 1757 que: “E da Campina Grande distância de duas léguas está o sítio das Antas situado a beira de uma lagoa e daí quatro léguas está o sítio do Oriá (?) a beira de um açude e daí duas léguas está o sítio chamado Banabué situado a beira de um açude” (grifo nosso).
E assevera JOFFILY: “Esta povoação não tem ainda trinta anos, era simplesmente uma fazenda de criação, quando pela sua feliz situação foi escolhida para o estabelecimento de uma feira de gêneros alimentícios, que foi a sua origem.”
Ao longo deste ano pretendemos engrossar o caldo e trazer mais algumas informações acerca de nossa querida Esperança. Contamos igualmente com a colaboração dos nossos leitores, através de comentários e notas que possam serem enviados; e de pessoas engajadas com a nossa cultura, a exemplo do Dr. João de Patrício, Evaldo Brasil e Jailson Andrade.

Rau Ferreira


Referências:
-         DINOÁ, Tarcízio. Freguesia do Cariri de Fora, Tarcízio Dinoá Medeiros. São Paulo: 1990.
-         ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985.
-         GREGÓRIO, José. Contribuição indígena no Brasil: lendas e tradições, usos e costumes. Vol. III. União Brasileira de Educação e Ensino: 1980.
-         JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Parahyba. Editora Typographia do "Jornal do Commercio": 1892.

-         SOARES, Francisco de Assis Ouriques. Boa Vista de Sancta Roza: de fazenda à municipalidade. Campina Grande: 2003.

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