Nos anos 80 formou-se em Campina Grande um grupo de pessoas que
supostamente promovia uma “limpa” na criminalidade local. A imprensa veiculou o
nome de 115 pessoas tidas como marginais, que foram mortas a pretexto de se
promover o bem-estar social. Todavia, o alvo não eram apenas criminosos;
advogados e políticos também passaram a serem ameaçados.
A derrocada do
movimento se deu através da intervenção estadual e de uma comissão de direitos
humanos, que apesar das ameaças sofridas, passaram a investigar as ações daquele
esquadrão que ficou conhecido como “Mão Branca”.
A versão que trazemos à lume nos vem do Procurador de Justiça Dr.
Antônio de Pádua Torres, que à época atuou como promotor neste caso, não só
requerendo a prisão preventiva dos envolvidos, mas ofertando a denúncia. A entrevista faz parte do documentário “Enquanto a justiça tarda”
de Fabiano Raposo, divulgada pelo RHCG em 01 de junho de 2013.
Para o Promotor, “Mão branca” foi uma espécie de desvirtuamento da
atuação policial, que tem como lema servir e proteger. Essa violência surgiu
internamente, apoiada na cultura de que “banido bom era bandido morto”.
Paradoxalmente, havia uma “listagem” de eventuais marginais que
foi publicado por um diário campinense. A lista segundo ele estimulou de certa
forma a atuação do grupo, criando o mito do “Hobim Hood ao contrário”.
É necessário dizer que uma pequena parcela da imprensa deu suporte
às ações violentas, transformando os seus integrantes em “justiceiros” segundo
uma ótica puramente comercial, pois quanto mais escândalos mais se vendia
jornais. Até que a professora Tereza Madalena, da Comissão de Direitos Humanos
da Diocese, tomou a iniciativa de relatar as atrocidades promovidas na cidade,
culminando com a abertura de um procedimento investigatório que foi denunciado
pelo Dr. Pádua, inclusive requerendo a prisão preventiva dos integrantes do
grupo.
Assista o documentário completo através do link a seguir:
Primeiro esperancense a ocupar o mais alto posto do Ministério
Público Estadual, o Dr. Antônio de Pádua Torres atuou nas comarcas de Malta, Alagoa
Nova, Princesa Isabel e Monteiro. Foi titular da 1ª Promotoria do Júri da
Capital e da 1ª Promotoria do Júri de Campina Grande, além de lecionar Direito
Processual Penal na UEPB, e da FESMIP – Fundação Escola Superior do Ministério
Público.
Rau Ferreira
Referência:
- Blog CG Retalhos, Documentário: Enquanto a justiça tarda. Post
de 01/06/2013. Disponível em: http://cgretalhos.blogspot.com.br/.
-
BORBOREMA, Diário da. Edições de 01 a 25 de Março; e 01 a 30 de Abril. Campina
Grande/PB: 1980.
- Enquanto a justiça tarda. Documentário. Fabiano Raposo (direção/roteiro).
Duração: 17 min. Ano: 2009.
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