A feira de Esperança sempre
representou um marco do nosso comércio. Pessoas advindas de várias cidades da
nossa região acorrem à feira livre para se abastecer de alimentos, roupas,
calçados e outros produtos citemos: Areial, Montadas, Lagoa de Roça, Remígio,
Algodão de Jandaíra e diversas localidades rurais.
A cidade se desenvolveu a base do
comércio, desde há muito promissor. Segundo Irineo Joffily, Esperança por sua
feliz situação foi escolhida para o estabelecimento de uma feira de gêneros
alimentícios, que foi a sua origem, nos idos de 1860, e que na época era
“bastante frequentada”. (Notas: 1892, p. 208).
No livro “A Paraíba”, publicado em 1909,
encontramos a seguinte citação: “Existem, além da feira da Vila (Alagoa Nova),
as de Esperança, S. Sebastião e Matinhas. A feira de Esperança – segundo aquela
publicação – era quase igual a da sua vila, no seu movimento mercantil, apesar
de ter menor número de casas comerciais.”
O povoado foi se agrupando em torno
daquele comércio popular, ganhando força, e notoriedade dos poderes públicos,
até que em 1925, veio a emancipar-se politicamente.
Nesses 89 anos de fundação a feira já
mudou algumas vezes de endereço. Funcionou inicialmente na Rua Manuel Rodrigues
de Oliveira (Rua Grande), próximo a Igreja Matriz. Depois foi relocada para a
Rua Solon de Lucena (Rua do Sertão) e atualmente encontra-se nas Rua José
Ramalho da Costa, José Andrade, João Cabugá e Floriano Peixato, ladeada que é
pelo Mercado Público inaugurado em 1963.
O imposto da feira foi sempre uma
fonte de renda para os cofres municipais. Para se ter uma ideia, em 1927 esse
tributo era arrematado por 15 contos de réis. Ainda hoje, a cobrança do chão
garante uma boa arrecadação para o município.
Na feira tem de tudo. E nesse ponto,
peço permissão para declamar alguns versos do vereador José Adailton da Silva
Moreno – o Amazam – em seu poema “Dia de Sábo”: Eu na fera reparei,/ Tudo que
tinha de gente,/ Baibeiro tirano baiba,/ Pu doi real somente,/ Na frente a veia
vendeno,/ Inxofre, paivi e pente. /La na cuiva do meicado. /Tombem vi uma muié,/
Vendeno chicra de loiça,/ Dessa de tumá café,/ Arupema. quengo e cuia,/ Prato
de barro e cuié./ Tem coisa que arrente vê./ Na fera que se arripea,/ Doto
arracano dente,/ Pu dei real a pareia,/ Bebo arrumano briga,/ E unhas veia
incheridas/ Cum us brincão nas zureias./ La no meicado noi fumo,/ Tuma café cum
siqui,/ Tinha um cego pidino irmola,/ Arrudiado de fi,/ (e) Um bebo dano
trabai,/
Não podemos nos esquecer do “homem da
cobra”, que era o cidadão que se apresentava nas feiras livres vendendo
pomadas, garrafadas e outras misturas para a cura de todo tipo de doenças,
chamando a atenção dos curiosos, através da exposição de algum animal da nossa
flora – em geral a cobra – com quem demonstrava certa habilidade, para depois
oferecer o seu produto.
Para fazer frente à feira livre,
somente os bodegueiros, que inventaram um sistema de crédito de anotação na
caderneta, com base na confiança, que superava naquela época qualquer cartão
Master ou Visa.
Apesar da disponibilidade de produtos
dos grandes mercados, não é demais relatar que a feira ainda hoje possui sua
importância, com uma intensa circulação de dinheiro e de mercadorias.
Rau Ferreira
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