(*) Por Ana Débora Costa
Mascarenhas
Esses dias li um
artigo onde a autora dizia que, os filhos da classe média hoje são mal
acostumados, e querem tudo em suas mãos, achando que por terem escola de
qualidade e dominarem outras línguas, são aptos a terem sempre o melhor
emprego, ou no mínimo o mesmo sucesso dos pais.
É interessante a
observação feita, mas me lembro de ainda no meu tempo de escola, no antigo
Colégio Estadual Monsenhor da Silva Coutinho, em Esperança não era bem assim.
Lembro que estudavam todos no mesmo local, eram filhos de médicos, advogados,
costureiras empregadas domésticas, todos na mesma sala. Tínhamos educação de
qualidade e gratuita.
Hoje relembrando
daqueles colegas, vejo que todos participavam ativamente dos movimentos
escolares. Tínhamos gincanas, shows de calouros, um jornal para divulgar os
assuntos relacionados ao colégio e a cidade em si. E nada disso tinha
patrocínio, ou pai e mãe que auxiliavam. Hoje vejo que grande parte dos colegas
da época tem em suas redes sociais contatos com os professores de outrora,
pessoas que admiramos muito ainda hoje.
Saíram daquele
colégio uma leva significativa de advogados, jornalistas, professores e
ambientalistas que estiveram juntos comigo em tempos que trazem boas
lembranças. E nossos filhos hoje, bem, nossos filhos são os filhos da classe
média, mas que nós sempre buscamos mostrar para eles que o mundo tá aí, mas
precisa ser conquistado e por isso o esforço, em aprender uma língua, aprender
a aprender, aprender a conviver, a fazer e, sobretudo, aprender a ser, como
defende Paulo Freire.
Para aquele povo
todo da década de 80, o colégio tinha um encanto enorme, todos gostavam de ir
pra escola. Tínhamos nossos desafios. As peças de teatro era um encanto a
parte. Uma vez no show de talentos ganhei um prêmio por melhor cantora, mas o
melhor de tudo foi ter um pedaço do jornal do colégio falando de mim. Guardei
por tanto tempo, com tanto esmero, até que um belo dia a diarista o jogou fora.
Simplesmente por achar velho e como não sabia ler, não achou interessante.
Porém, as
lembranças permanecem, grandes amizades continuam e isso ninguém pode nos
tirar. A todos os estudantes do colégio Monsenhor da Silva Coutinho um recado
“aproveitem o hoje, façam reservas de lembranças gostosas para a posteridade,
por que fora o conhecimento adquirido é só o que vai restar”
Ana Débora Costa
Mascarenhas
(*) Engenheira agrônoma, bióloga,
especialista em educação ambiental. Escreve
crônicas para O MUNDO DE DÉBORA (http://deboramascarenhas.blogspot.com.br/)
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.