(*) Por Ana Débora Costa
Mascarenhas
Em minha cidade natal havia uma pessoa muito interessante na rua
em que eu morava. Aliás naquela rua haviam muitas pessoas interessantes. Lembro
de um portador de necessidades especiais, o Luiz de Chico Lulu. Ele sabia o
nome de todo mundo da rua e quiçá da cidade, sempre rindo e falando o tempo
todo com todas as pessoas que por ele passava. Um dia, lembro que havia perdido
minha boneca de pano e quando passei por sua casa pra chegar a casa de minha
avó. Luiz falou: Ninha tá tiste? fique não, rir que passa.
Sempre que passo naquela rua, mesmo com todas as alterações
visuais que agora se fazem presente. Lembro invariavelmente de Luiz. Mesmo com
todas as suas dificuldades, ninguém o via triste. Era uma figura folclórica.
Hoje encontrei alguém que me fez lembrá-lo. Encontrei uma pessoa
com as mesmas necessidades especiais dele numa festinha da instituição que
participo. E a pessoa imagine. Vestida de Elvis. Adorei a sua caracterização e
perguntei o porque de se vestir como o rei. E ele respondeu que mesmo na
trajetória de vida sofrida do rei. Ele sempre estava sorrindo para a porqueira
da vida e tirando proveito dos momentos bons.
Me pego com meus botões e penso que nessas voltas que o mundo dá.
Muitas vezes precisamos ver pessoas assim, para nos oferecer inspiração pra
vida e descobrir que mesmo sendo como ela é. É o que temos, e essa história de
fazer limonada com os limões é uma grande besteira. É melhor espremer o limão
de volta na cara dela. Adorei o Elvis limoeiro. Uma lição nova cada dia.
Ana Débora Costa
Mascarenhas
(*) Engenheira agrônoma, bióloga,
especialista em educação ambiental. Escreve
crônicas para O MUNDO DE DÉBORA (http://deboramascarenhas.blogspot.com.br/)
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