Em 1996 falecia o nosso primeiro político de
destaque no cenário nacional: Deputado FRANCISCO SOUTO NETO. Na tribuna, dois
parlamentares paraibanos subiam para fazer o necrológio do conterrâneo
nordestino. Eis as suas respectivas falas:
“O SR. ÁLVARO GAUDÊNCIO
NETO (Bloco/PFL - PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sres e
Srs. Deputados, registro, com pesar, O falecimento, ontem, dia 7 do corrente,
às 18h30min, em João Pessoa, do ex-Deputado Estadual da Paraíba Francisco Souto
Neto, vítima de enfarto.
Chico Souto, como era
carinhosamente conhecido, tinha 77 anos. Exerceu por três vezes o mandato de
Deputado Estadual, tendo sido cassado no ano de 1968 pela ditadura militar. As
suas idéias liberais e seu idealismo político levou-o a ser perseguido pelo
movimento revolucionário.
Na década de 60, período em
que marcou a sua carreira política, Chico Souto foi figura importante nos
Governos de Pedro Gondim e João Agripino.
Como Parlamentar, o
ex-Deputado foi membro da Frente Parlamentar Nacionalista e teve a sua atuação
política marcada também na defesa dos interesses da sua cidade, Esperança,
localizada na região do brejo paraibano, e demais cidades do seu entorno.
O sepultamento ocorreu
hoje pela manhã, na cidade de João Pessoa, onde residia, na companhia de esposa
e filhos.
O falecimento de
Francisco Souto Neto é considerado uma grande perda, principalmente para aqueles
que tiveram o privilégio de conhecê-lo em vida.
Como paraibano, sinto-me
na obrigação de fazer este registro. O fato marcou profundamente o sentimento
dos meus conterrâneos da Paraíba.
O SR. ARMANDO ABÍLIO
(Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sra. e Srs.
Deputados, são vários os motivos que hoje me trazem a esta tribuna, em
homenagem póstuma a Chico Souto, amigo recém desaparecido. Em primeiro lugar,
entre tantas razões, a razão maior, intransferível, da amizade, amizade
cultivada por longos anos e que teve nos ideais comuns de progresso de nossa
terra paraibana o seu alimento principal; em segundo lugar, o dever, como
político, de louvar o cidadão, o político esclarecido que foi Chico Souto; em
terceiro, o de relembrar aqui a figura humana exemplar, bondosa, desprendida,
às vezes até humilde, o ser pleno, que ao longo da existência soube como
poucos, nestes tempos de egoísmo e individualismo, Semear O, bem comum. A vida
de Chico Souto, pela largueza do trabalho, pelo alentado da obra, pela marca
inconfundível do realizador, pela proficuidade, pelo registro amplo de gestos,
de iniciativas, de atitudes e de feitos, é uma vida que não se extingue com a
morte. Ao contrário, o desaparecimento físico vem; mais do que nunca, despertar
o reconhecimento de seus conterrâneos, conferindo ao imenso legado que nos
deixa a dimensão do eterno
Sim, Sr. Presidente, são
eternas, e os Paraíba -nos lhe serão eternamente gratos por isso, as lembranças
de sua generosidade, do coração piedoso que se compungia ao menor sinal do
sofrimento alheio. Eternas também serão as lições de democracia que nos deixa,
tal a disposição de ouvir, de conciliar, de reunir, nunca de separar, ainda que
entre seus amigos se contassem pessoas de todas as facções. Ele próprio, já
tendo há muito abandonado a política partidária, jamais deixou de lutar por
todas as causas que considerava justas, por tudo que pudesse contribuir para a felicidade do
povo. As lides da política lhe eram parte da vida. Filho de político, Francisco
Souto Neto era ele próprio um polftico nato e inato, líder de uma cepa que
infelizmente está em vias de extinção no Nordeste e no Brasil.
A política esteve sempre
em seu sangue. Viveu-a com paixão. Nela começou, na década de 50, assumindo a direção do
velho PSD, em Esperança, então um florescente Município do Estado. Foi Deputado Estadual por três
legislaturas. Como Deputado, foi membro da Frente Parlamentar Nacionalista e Primeiro
8ecretário da Assembléia Legislativa. Muito fez pelo Município, muitos recursos
obteve para a execução de obras de suma importância não só para Esperança, mas
para os Municípios circunvizinhos.
Em 1969, na onda de
arbítrio e violência do AI-5, acabou cassado. Retirou-se, logo após, à vida empresarial,
em que logrou êxitos sucessivos notadamente no ramo imobiliário. Atuou ainda na
agricultura. Parte do tempo dedicou-se ao trabalho em seus cartórios.
Chico Souto morreu no
último dia 7, em João Pessoa, aos 81 anos de idade. A história de sua vida confunde-se
com a história do Município de Esperança e mesmo com a história da Paraíba.
Como poucos, soube glorificá-la.
Assim, Sr. Presidente,
aqui fica registrada a minha consternação pela perda irreparável. Estou certo
de que, onde quer que esteja neste momento Francisco Souto Neto, ele estará nos
inspirando, velando pelo desenvolvimento da Paraíba, sofrendo e se alegrando
por aquele povo que tanto amou e que, em minha voz, presta-lhe agora este
preito.
Era o que tinha a dizer”.
A cidade de Esperança prestou-lhe uma justa
homenagem, denominando a Escola Padrão, na rua 31 de maio, de Escola Chico
Souto.
Rau Ferreira
Referências:
- NETO, Álvaro Gaudêncio. Discurso. Diário da Câmara dos Deputados. Ano
LI - N° 146, Sessão de 09 de agosto. Brasília/DF: 1996.
- ABÍLIO, Armando. Discurso. Diário da Câmara dos Deputados. . Ano LI - N°
155, Sessão de 22 de agosto. Brasília/DF: 1996.
Olá, gostei muito do artigo, vc teria mais informações do Chico Souto?
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