Ninguém ignora a
nossa vocação. Uma pequena feira de gêneros
alimentícios semanal, surgida em 1860, aliada a boa posição geográfica e os
caminhos carroçáveis que davam acesso aos principais pontos do Estado (Brejo,
Litoral e Sertão), fizeram-na entreposto comercial fato este que vem se
consolidando ao longo dos anos.
A essa altura a nossa vila já possuía
uma bonita e espaçosa igreja, considerada a mais bela da freguesia e a sua
feira é uma das mais freqüentadas. O
seu imposto, muitas vezes, superava a da própria vila de Alagoa Nova, da qual
Esperança pertenceu um dia. Veja o quadro exemplificativo a seguir que
apresenta a arrecadação do ano de 1927:
PRODUTO
DO IMPOSTO DA FEIRA
Alagoa
Nova - 631$000
Esperança
- 641$000
S.
Sebastião - 101$000
Em
nota publicada naquele ano, o jornal “A União” esclarecia que os impostos da
feira de Esperança haviam sido arrematados por quinze contos e cinqüenta e dois
mil reis (15:552$000) e documentava “as
possibilidades econômicas de Esperança”. O contrato de arrendamento foi
celebrado pelo prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira.
A
feira livre sempre representou um marco em nossa história. Mas ao longo desses
anos mudou de lugar algumas vezes.
Funcionou inicialmente na Rua Manuel Rodrigues de
Oliveira (Rua Grande), próximo a Igreja Matriz. Depois foi realocada para a rua
Sólon de Lucena (rua do Sertão) e atualmente encontra-se nas rua José Ramalho
da Costa, José Andrade, João Cabugá e Floriano Peixoto, nas proximidades do
Mercado Público, inaugurado em 1963.
A presença de mascates, fazendo
a comercialização de produtos industrializados (velas, arreios, querosene,
ferramentas e utensílios domésticos). E também de tropeiros e criadores de
gado, que pernoitavam na rua do Sertão embaixo de seus castanheiros antes de seguirem
viagem ao romper da aurora, avivaram ainda mais o nosso tino
comercial.
Em
nosso Município, muitas vezes, a figura do comerciante confundia-se com a do
produtor. Assim é que alguns proprietários de terras e criadores de gados
estabeleceram-se nesta povoação abrindo lojas comerciais, citemos: Theotônio
Tertuliano da Costa, “Loja das Noivas” (1897), e Manoel Rodrigues de Oliveira,
com a sua “Loja Ideal” (1911).
Em 1889, o seu comércio já era bastante “animado” com diversas casas de fazenda,
estivas, molhado e quinquilharias. Destacando-se neste ramo:
- Mathias Francisco
Fernandes, Firmino Porfírio Delgado, Thomaz Rodrigues de Oliveira, Sebastião
Nicolau da Costa, Manoel Idelfonso Correia Lima, Miguel Angelo Criosolo &
Irmão (fazendas);
- Manoel Camello do
Nascimento (estivas);
- José Maria Ferreira
Pimentel, José Maria & Cia., José Martiniano de Araújo, José Irineu Diniz,
Surpino Agripino de Souza, Manoel Alves da Rocha, José F. de Albuquerque Silva,
Pedro Benevenuto de Araújo, Francisco Nicolau da Costa, Francisco Celestino da
Silva, Joaquim Celestino da Silva, Florentino Bezerra Diniz, Francisco Anatolio
Ferreira Cavalcante, Ignácio da Silva Sobral e José Pereira Brandão (molhados);
- Elysio Augusto de
Araújo Sobreira, Manoel Rodrigues de Oliveira, José Maria Ferreira Pimentel,
José Pereira Brandão, Francisco Celestino da Silva, Surpino Agripino de Souza e
Antonio Firmino do Nascimento (quinquilharias).
A sua força empresarial era tal que, em 1891, já
havia uma fábrica de cigarros estabelecida nesta povoação, com o nome de “Fábrica
Progresso”,
O empreendimento pertencia ao cidadão Austrieliano Cicinato Cabral de
Vasconcelos e tinha sede na Rua da Gameleira, n° 35, sendo o produto fabricado
com “especiais fumos” oriundos de Goiás, Barbacena, Rio Novo, Pomba, Araxá e
Picú.
O cigarro era comercializados em pacotes Cariocas, Macafonte e
Tuspinanbá, oferecendo vantagens a “todas as pessoas que honrar com as suas
freguesias”.
Assim publicava o jornal “Gazeta do Sertão”, em sua faixa de anúncios:
“FÁBRICA
PROGRESSO - O abaixo assignado, avisa o respeitável publico, especialmente
aos amadores, que acaba de montar uma fábrica de cigarros nesta povoação, na
rua da Gameleira, 35 – Com a denominação de – Fábrica Progresso sendo os
cigarros fabricados com especiais fumos de Goiaz, Barbacenas, Rio Novo, Pomba,
Araxá, Picu, em pacotes Carioca, Macafonte Tuspinambá. Offerece vantagens a
todas as pessoas que honrar com suas freguesias. Povoação de Esperança, 6 de
fevereiro de 1891. Austreliano Cicinato Cabral de Vasconcellos”.
Em um segundo momento da nossa
era comercial, registramos os seguintes empreendimentos:
Ano
|
Comerciante
|
Estabelecimento
|
Atividade
|
1902
|
José de
Christo P. da Costa
|
Rua Senador
Epitácio, 133
|
Tecidos,
miudezas e chapéus. Tem uma filial na mesma praça
|
1908
|
José Cunha
Netto
|
Rua Senador
Epitácio.
|
Ferragens,
miudezas, louças e vidros
|
1910
|
Sebastião
Batista Júnior
|
Rua do
Sertão, 5 e 7
|
Estivas, ferragens
e miudezas
|
1916
|
José
Carolino Delgado
|
Rua Senador
Epitácio
|
Ferragens e
miudezas
|
1912
|
José
Virgolino Sobrinho
|
Rua do
Comércio
|
Estivas,
miudezas e ferragens
|
1918
|
Alfredo
Gomes Pessoa
|
Rua do
Sertão
|
Tecidos,
miudezas, chapéus e calçados
|
1918
|
Floripes
Freire Salles
|
Rua do
Comércio
|
Tecidos e
artefatos. Tem uma filial no Engenho S. Francisco
|
1919
|
Manoel Luiz
Pereira
|
Av.
Presidente Suassuna, 17
|
Estivas,
miudezas e ferragens. Comprador de algodão em rama
|
1920
|
Maximino
Alves da Silva
|
Rua Senador
Epitácio, 12
|
Estivas e
miudezas
|
1924
|
Leonel
Leitão
|
Rua Dr.
Sólon de Lucena
|
Tecidos,
miudezas, calçados e chapéus
|
Ainda no início do Século XIX a cultura da
batatinha fomentou uma considerável movimentação financeira, assim como o
algodão – considerado o “ouro branco” - e o sisal, comparando a sua hegemonia a
dos produtores de cana-de-açúcar das cidades brejeiras.
Já em 1985, segundo dados da
Coletoria Estadual, a cidade possuía as inscrições: Atacadistas (14);
Varejistas (42); Indústrias (06); Cooperativas (01); Contribuintes por
Estimativa Variável (121); Ambulantes (61); Armazéns (01); Depósitos (05);
Empresas de Transportes (01); Prestadoras de Serviços (04).
Hoje somos a 11º economia do Estado e o nosso comércio ascende cada vez
mais.
Rau Ferreira
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