Por Evaldo Brasil
Casamento matuto: 2004 (foto Evaldo Brasil) |
A cerimônia
de casamento caipira é uma manifestação realizada durante os festejos juninos, originalmente,
nos dias dedicados a São Pedro.Dependendo da região e estado do Brasil o Casamento
Caipira é conhecido também por outros nomes como Casamento Matuto e Casamento
na Roça.
Anos 80. Na Rua Monsenhor Palmeira, no
calçamento escorregadio, uma quadrilha dentre tantas se arma para festejar
Sanjoão. Dentre os brincantes, Karl Marx e alguns dos futuros expoentes dos
atos de esquerda a partir de então: Claudionor Vital Pereira e eu, Evaldo Pedro
Brasil da Costa... Eis que armados, de batina ou carabina, protagonizam um
Casamento Matuto. A noiva, não lembro
quem; o padre, também não. Talvez algum dos internautas que venham a ler este
texto se alembrem de ter estado lá, a quinhentos metros da Maternidade; recorde
ter sido algum dos personagens encarnados na ocasião.
Coletado por
Claudionor Vital, filho que seria o padre da família Vital Pereira, hoje
advogado e estudioso da Doutrina Espírita, o texto foi ensaiado e vivido num
único dia. Mas o futuro lhe reservava a vitória e outros registros.
O Casamento
é uma paródia às cerimônias tradicionais. O cerimonial é precedido de um grande
cortejo pelas ruas da cidade, onde os principais personagens da representação
são: a noiva grávida, o noivo, o delegado, o padre, os pais dos noivos,
padrinhos etc. O enlace caricaturado se desenvolve em meio às fugas do noivo,
às indecisões da noiva e ameaças por parte dos pais, vigário e do delegado. Os
textos apresentam uma linguagem libidinosa e os sermões contêm fortes
conotações crítico-sociais. Após a celebração do casamento, inicia-se a
quadrilha.
Anos 2000. Na Rua Manoel Rodrigues, no
asfalto desgastado com o tempo, uma turma se perfila para competir no último de
uma série de concursos promovidos pela Prefeitura Municipal de Esperança.
Dentre os brincantes, Evaldo Brasil, Marcos Marciel, Júlio Vanderlânio... Eis
que, de posse de uma gravação feita primitivamenteem fita cassete daquele texto
coletado por Nanô de Seu Elpídio, protagonizaram uma vitória apertada no
Concurso de Casamento Matuto 2004. A noiva era Aninha de Remígio; o Padre,
Júlio Vanderlânio, o Coroinha, Marcos Marciel... policial, noivo e mão, pai e
mãe da noiva, testemunhas, enfim, todos componentes do GEA Irineu Joffily.
Casamento matuto: 2004 (foto Evaldo Brasil) |
Adaptado por
mim, então professor de Inglês e Artes da EEEFIJ, tradicional palco de festas
juninas, e meus alunos, aquele texto manteve a originalidade e, apesar de concorrer
com o do CEMOL, pertencente à irmã do então prefeito, levou o primeiro lugar,
um rádio gravador com CD player AIWA, confirmando que o concurso era sério, sem
manipulação dos resultados.
Júlio
Vanderlânio, ao abrir a caixa improvisada do prêmio, denuncia aos risos uma
barata, de pilhéria. O prêmio viria a ser o segundo equipamento do tipo na
escola. Mas, a quebra do paradigma de que o Irineu só ganhava nos Jogos
Estudantis foi o prêmio maior, para a estima de todos os que faziam algo mais
que jogar. A descrença era tal que apenas dois dos professores da escola
estiveram na plateia.
Não há mais
notícia da sequência doconcurso.Desde então, o texto foi publicado em folheto
por nós em 20 de janeiro de 2011. E, desde sempre, o Casamento Matuto vem
sendo, ora abertura ora intervalo, ora de relance ora com destaque, parte das
quadrilhas. E quando não, os noivos e o padre nos lembram de que bem podia
alçar voo para a comédia de costumes, ensaio fotográfico, curta-metragem de
ficção ou documentário.
Evaldo Brasil
FICHA TÉCNICA:
Casamento
Matuto (Vencedor do concurso promovido pela SEC/PME 2004)
Texto:
Domínio Público/C. Vital/E. Brasil/CAC-GEA-IJ
Montagem:
Companhia de Artes Cênicas do Grupo de Expressões Artísticas da EEEF Irineu
Joffily/GEA-IJ
BRINCANTES:
Marcos
Maciel: Coroinha (6ª Série)
Evaldo
Brasil: Caimortto, anunciante (Professor)
Júlio
Vanderlânio: Vigário (7ª Série)
Vanderléia:
Dona Risaldina, mãe da noiva (7ª Série)
Carlos
Renato André: Zéfino, pai da noiva (7ª Série)
Magnânea
Alves: Dona Titi, mãe do noivo (8ª Série)
Antonio
Ribeiro: Epaminondas Natanael, Epá das Cabras, noivo (7ª Série)
Ana Maria
Cavalcanti: Teresa Raquel Sarradênia, Tetê Galheira, noiva (7ª Série)
Josinaldo
Barbosa: Jacinto Manuel, policial (7ª Série)
Edson Silva:
Playboy (7ª Série)
Testemunhas:
Casais da quadrilha:
Odevaldo Belarmino
(6ª Série) &Zeza (3ª Série); Evaldo Brasil &Claudeane Rodrigues (8ª
Série), dentre outros ao longo das apresentações na escola e no EMARP
Trilha
Sonora: Xiquexique, de Tom Zé
Conversão de
Áudio: Franciraldo Brandão
Fotos:
Silvano Porto (Fortaleza/CE)
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