Pular para o conteúdo principal

Irineu Joffily e suas raízes



Não se sabe ao certo o seu local de nascimento. Há quem diga que esse era natural dessas paragens, o que para nós seria uma grata satisfação.
Irineo Joffily foi um dos grandes historiadores do seu tempo quando a cavalo, percorreu todos os marcos deste Estado para escrever as suas “Notas sobre a Parahyba” (1892) e “Sinopses das sesmarias da Capitania da Parahyba” (1893). A Paraíba deve seu contorno geográfico atual graças aos trabalhos deste incansável pesquisador.
Nascido na casa das lascas, Banabuyê, fazenda Lajedo, lugarejo de Pocinhos, hoje município de Esperança.[1]”, no dia 15 de dezembro de 1843 e falecido em 08 de fevereiro de 1902, Irineo Joffily foi jornalista, redator, advogado, político, geógrafo, promotor etc.
O seu neto escreve [2] comentando as suas Notas, que: “Tenha-se como certo que o próprio JOFFILY deveria ter fornecido tais dados ao prefaciador de sua obra, deixando de lado o exato ponto de seu nascimento para se referir apenas ao local onde fato passou toda a sua infância; onde consta o registro do seu nascimento e óbitos dos seus pais
Num outro texto encontramos que ele nascera “No lugarejo Pocinhos, passando os invernos em um pequeno sítio à sombra de imensa rocha, que guarda um pouco de umidade para os terrenos do nascente. O local era conhecido por Banabuié, hoje município de Esperança, onde 'as gameleiras com que a rua principal está arborizada foram estacas dos currais da fazenda'.” [3].
O trecho acima grifado encontra-se no original de Notas sobre a Parahyba (p. 208-209), onde menciona a cidade de Esperança, localizada a “três léguas à O., ao pé de grande rocha, que se estende encoberta por baixo de suas casas. (...)”, e explicita que: “Banabugê foi sempre o nome deste lugar, mas um missionário que por ali passou mudou-o, sem motivo plausível, para Esperança, que, por mais auspicioso que seja, deve ser abandonado, prevalecendo o nome indígena, por ser mais expressivo”.
Na relação de sítios feitas por Clemente de Amorim Souza, citado por Tarcízio Dinoá [4], Banabuié aparece no ano de 1757 situada à beira de um açude e distando duas léguas de Oriá (atual cidade de Areial).
Registros dão conta que de 1713 até 1753 foram requeridas várias Sesmarias onde atualmente encontra-se sediado o município de Esperança, compreendendo a de Lagoa de Pedra, de Umbigada, de Lagoa Verde e a de Banabuié, medindo cada uma 3 (três) léguas de comprimento por 1 (uma) de largura.
O historiador esperancense João de Deus Melo [5] narra que "da Sesmaria de Banabuié nasceu uma fazenda de igual nome, que perdurou até 1860”. A partir de então teve origem uma pequena povoação onde também se organizara uma pequena feira, dando origem a cidade que foi emancipada em 1925.
É provável que Irineo Joffily tenha realmente nascido nessas terras que compunham a antiga “Banabuié”, nas proximidades de Montadas. Todavia, conforme citado alhures, o ilustre Irineo Joffily preferiu omitir o ponto exato de seu nascimento, sendo certo que ele foi registrado na cidade de Pocinhos e portanto natural deste município.
Em Esperança, “Irineo Joffily” é nome de Escola Pública desde 1932.

Rau Ferreira

Referências:
[1] PBLetras Nº 03, Ano III, Campina Grande/PB, Ed. Antonio Soares: maio de 2002;
[2] Um cronista do sertão no século passado: Apontamentos à margem das Notas sôbre a Paraíba, de Ireneo Joffily, Comissão Cultural do Município, Prefeitura Municipal de Campina Grande: 1965;
[3] Notas sobre a Parahyba: fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro, em 1892, com prefácio de Capistrano de Abreu, Volumes 1-2, Thesaurus Editora: 1977;
[4] Freguesia do Cariri de Fora, Tarcízio Dinoá Medeiros, São Paulo: 1990, p. 40 e 43.
[5] “Esperança e seus primórdios”, Jornal Novo Tempo, Ed. Especial – 1995.

Fonte bibliográfica:
- Joffily o guardião das fronteiras, Jornal “A União”, 30/01/2007, disponível em: http://www.auniao.pb.gov.br, acesso em 22/01/2010;
- Jornal Novo Tempo, Ano IV, nº 23, Nov/Dez 95, Edição Especial Comemorativa, p. 3. Artigo: “Esperança e seus primórdios”, por João de Deus Melo, historiador que conserva grande acervo histórico sobre Esperança;
- JOFFILY, José. Entre a Monarquia e a República - Idéias e Lutas de Irineu Joffily. Rio de Janeiro, Kosmos, 1982;
- Memorial do IHGP, disponível em: http://www.ihgp.net/memorial2.htm, acesso em 22/02/2010.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...

Genealogia da família DUARTE, por Graça Meira

  Os nomes dos meus tios avôs maternos, irmãos do meu avô, Manuel Vital Duarte, pai de minha mãe, Maria Duarte Meira. Minha irmã, Magna Celi, morava com os nossos avós maternos em Campina Grande, Manuel Vital Duarte e Porfiria Jesuíno de Lima. O nosso avô, Manuel Vital Duarte dizia pra Magna Celi que tinha 12 irmãos e que desses, apenas três foram mulheres, sendo que duas morreram ainda jovens. Eu e minha irmã, Magna discorríamos sempre sobre os nomes dos nossos tios avôs, que vou colocar aqui como sendo a expressão da verdade, alguns dos quais cheguei eu a conhecer, e outras pessoas de Esperança também. Manuel Vital e Porfiria Jesuíno de Lima moravam em Campina Grande. Eu os conheci demais. Dei muito cafuné na careca do meu avô, e choramos sua morte em 05 de novembro de 1961, aos 72 anos. Vovó Porfiria faleceu em 24 de novembro de 1979, com 93 anos. Era 3 anos mais velha que o meu avô. Nomes dos doze irmãos do meu avô materno, Manuel Vital Duarte, meus tios avôs, e algum...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Casa antiga no Sítio Lagedão

Adiilson Cordeiro em seu canal no Youtube nos apresenta uma casa antiga no Sítio Lagedão, no município de Esperança. Ela seria uma das mais antigas da zona rural. A morada teria sido usada pelo Capitão Antônio Silvino em suas andanças pela região, na época em que os cangaceiros visitavam a nossa Banabuyé. O pé direito da casa tem quase quatro metros. A madeira usada na construção foi o cedro, talvez cortada do próprio matagal que existia na propriedade. Também possui um “caritó” onde se colocavam a luz de gás. No canto superior havia uma janela no alto com uma mureta, que servia para vigília. Diz-se que os “cabras” do “Rifle de Ouro” faziam guarda da polícia naquele recanto. Eles pernoitavam na residência e saiam ao raiar do dia. Existem ainda alguns potes centenários que serviam como reservatório de água. Estes eram muito comuns no tempo em que não existia filtro de barro. A água permanecia fria e evitava o contato com a poeira e insetos. O consumo se dava por uma jarra ou que...