O mundo literário
e a intelectualidade conhecem Gemy Cândido: crítico literário, sociólogo e filósofo, expoente da “Geração ‘59”, autor
de vários livros, dentre eles, Riachão de Banabuyé (2024), História Crítica da
Literatura Paraibana (1983), Fortuna Crítica de Augusto dos Anjos (1981).
Poucos sabem, que o brilhante jornalista também era poeta inspirado,
desde os tempos d’O Telestar, folhetim da padroeira de sua terra natal
(Esperança), onde publicou nos anos 60 do Século passado alguns de seus versos,
que quero aqui reproduzir:
“À Pedro
Santos, Marcos dos Anjos e Políbio Alves, poetas maiores da nova geração
paraibana.
Á Chico
Souto, a quem devo a liberdade de dimensão.
Poema
N. 1
O homem
O sol
A terra
O abismo
Para que tantos corpos apodrecidos
A contaminar purezas prometidas?
Poema
N. 2
Ah multidão subterrânea
que farei da intimidade dos atos
que os homens mancharão
na corrução das madrugadas?
que farei das faces puras
que pedem conclusões imprevistas
ao altiplano dos escarros?
que farei das refrações prismáticas
dos conteúdos desvirginados?
NADA
Somente na loucura
construirei
universalização de novos horizontes.
Poema
N. 3
Quando morrerem todos os homens
e a brancura dos epitáfios
derramarem sentenças construtivas
o sol
a terra
o abismo
não mais existirão...
e o homem
- Palhaço de si mesmo –
no tempo
no espaço
no nada
repousará no sorrido de Deus.
João
Pessoa, 11 de dezembro de 1964.
Certa feita confessou-me que “abiscoitou” dois prêmios a nível nacional,
o primeiro lugar do Segundo Festival de Literatura de Marechal Deodoro e o Prêmio
Euvaldo Lodi, da Confederação Nacional da Indústria.
Tenho ainda guardado o seu “Arco-íris fechado” dedicado à Silvino Olavo “a
mesma dor estética dos cisnes de muitas cores”, escrito também em sua terra
natal, inspiração do seu “Riachão de Banabuyé”, que para ele significava,
literalmente, “terra das borboletinhas brancas”, pois “Todos sós, sim
senhor, somos borboletas”.
Rau
Ferreira
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