A Sociedade Beneficente
de Artistas, por meio de seu Departamento de Ensino, criou nos anos 40 do
Século passado a “Escola Profissional de Esperança”. Esta unidade funcionava
sob a direção da Professora Lília Neves.
O jornal “O Rebate”,
na sua segunda seção, fez a cobertura da entrega dos diplomas dos cursos de
Datilografia e Corte, enaltecendo as qualidades de educadora da Sra. Lilia
Neves.
A solenidade aconteceu
no dia 13 de agosto de 1944 sob a presidência do Dr. Adelmar Lafaiete, Juiz de
Direito da Comarca, com a presença do Professor Luiz Gil de Figueiredo, diretor
do jornal, professoras datilógrafas Guiomar Gil e Lília Neves e da Sra. Josina
Borges, convidada especial.
O prefeito
Sebastião Duarte se fez representar pelo Professor Eliomar Barreto Rocha,
paraninfo da turma.
Feita a chamada,
prestaram os datilógrafos o termo de compromisso, fazendo-se em seguida a
entrega dos diplomas.
Foi oradora das
turmas a Srta. Elizabete Silva Santos, que disse ser:
“tarefa muito árdua dizer sobre a
finalidade e alcance da profissão que iniciavam enfrentando uns tantos
preconceitos advindos do passado, e que ainda hoje procuravam embaraçar a
marcha em procura do progresso e da vitória na luta pela existência”.
“Quando se
trata do homem” – disse a oradora – “tudo corre muito bem e vai às mil
maravilhas. Mas, quando no cenário das atividades humanas aparece a mulher, eis
que logo se levanta as vozes da incompreensão para censurar-lhe, como se a ela não
assistisse o direito de viver e ser útil à sociedade e ao bem comum”.
Em sua fala, acrescentou
ainda a Sra. Elizabete Santos:
“Felizmente, meus Snrs., em tal
sentido já temos conseguido bastante, sem alardes, fora de fachadas e
exibicionismos, graças à grande civilização dos tempos modernos, temos tido vitórias
brilhantes, conseguindo nossos ideais que cada dia se concretizam na realidade.
E a Datilografia, meus
Snrs. Esse novo ramo do saber humano na conquista pela subsistência e pela
consolidação do progresso, representa um papel importantíssimo e de elevada
proeminência.
O empregado público ficou
hoje dependente desta disciplina, especialmente em nosso Estado, depois da
administração João Pessoa, o grande reformador da Paraíba, o animador de todas
as nossas atividades e o pulso forte e inteligência fulgurante que nos deu o
verdadeiro sentido da vida dentro das realidades públicas.
Devemos o invento da
Datilografia, como bem o sabeis, ao imortal padre João Azevedo.
É verdade que o meio e a
época em que ele viveu criaram-lhe uma situação de embaraço e impossibilidade a
executar perfeitamente o plano do seu admirável e benéfico invento. A geração
atual porém, a qual felizmente pertencemos, folga da estrela que lhe guiou a
sorte, e graças ao Departamento de ensino da Casa Pratt, dirigido superiormente
por esse brilhante espírito que é o Snr. S. Patrício de Alreda (sic), temos no
brasil um curso perfeito de tão importante ramo do saber.
Snrs., não basta à mulher
apoiar o seu ideal e fazer depender o seu destino, certamente esperando um
casamento, ou aguardando sortes imprevistas como sonhos e castelos lhe povoarem
a cabeça.
É preciso também que ela
saiba lutar pela vida, ser senhora de si própria, confiando em Deus, e dentro
dos limites da prudência humana. E se isto se diz da mulher, e nem é mais
necessário dizer o que representa para o homem a datilografia, e especialmente
àqueles que precisam obrigatoriamente da profissão.
E agora querida mestra a
vos, no concluir este curso, todo o reconhecimento de nossas almas, toda a
gratidão de nossos corações. Receber o nosso afeto e este mino que será o
perpetuar da nossa gratidão e da nossa estima.
E a vós querido paraninfo,
às famílias, as autoridades aqui presentes as nossas saudações efusivas e
calorosas.
E a vós querido Diretor,
professor Luiz gil, o preito de afeição generosa e grata de todos quantos vivem
cruzada benfazeja, graças ao vosso esforço e carinho pelos pequenos e humildes
no caminho da luz e do saber”.
O paraninfo, que
se fez representar pelo Prof. Eliomar, em eloquente improviso, saudou seus
paraninfados, “exprimindo sua satisfação pelo brilhantismo do ato e
agradecendo sua escolha para tão nobre missão”, registrou “O Rebate”.
Luiz Gil, por sua
vez, saudou os datilógrafos e costureiras dizendo do seu “imenso júbilo de
seu coração e da Sociedade Beneficente dos artistas por fornecer diplomas a
mais uma brilhante plêiade de profissionais”.
Saudou, ainda, os
concluintes o Dr. Floriano Mendes – “grande amigo do operariado” – que disse da
significação especial daquele ato, “quando rapazes e mocinhas, munidos de
seus diplomas, enfrentavam, resolutas, a luta pela vida”.
A turma de
datilógrafos era composta por Elizabete Silva Santos (oradora), Francisco
Pinheiro, Tomires Costa Maia, João Gomes da Silva e José Janduí Lima.
A turma das costureiras,
à época denominadas de “cortadoras”, estava assim constituída: Marina Medeiros,
Alvina Gracindo,, Zena Silva, Severina Lima e Josefa Sobral.
Ao final do
evento, houve uma animada festa ao som do “Jazz Band Esperancense”.
A escrita deste
texto foi possível devido ao envio da página deste folhetim pelo nosso
colaborador Jônatas Pereira, membro do Instituto Histórico e Geográfico de
Campina Grande, a quem agradecemos o apoio que sempre nos tem conferido.
Rau
Ferreira
Para saber mais:
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf.
Esperança/PB: 1985.
- FERREIRA, Rau. Banaboé
Cariá: Recortes da Historiografia do Município de Esperança.
Esperança/PB: 2015.
- O REBATE, Jornal. Edição
de 04 de outubro. Campina Grande/PB: 1944.

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