Manoel Jesuíno de
Lima hoje dá nome a uma rua do comércio de Esperança-PB. Mas nem sempre foi
assim. Aquele local no passado era uma passagem estreita entre as ruas João
Pessoa (rua Nova) e Solon de Lucena (rua do Sertão). Quem foi dessa época
lembrará que em alguns pontos as suas extremidades distavam pouco mais de metro
e meio.
Ele nasceu em
1860. Era casado com Luiza Maria da Conceição (1862), de cujo consórcio vieram os
filhos: Cassimiro Jesuíno de Lima, Francisco Jesuíno de Lima, Porfíria Jesuíno
de Lima, Sebastiana Jesuíno de Lima e Manuel Jesuíno de Lima.
Sobre o seu
antepassado, nos informa Eliomar Rodrigues de Farias (Cem), autor do
livro-genealogia da família Lima:
“Meu tio avô Manuel Jesuíno de
Lima, trabalhou como Oficial de Justiça. Ele não tinha comércio em Esperança,
era Artesã e um excelente afinador de violão e tocava também em bares de
Esperança na época. Quanto ao comércio existente vizinho aos fundos do cinema
de Seu Titico, pertencia ao pai Manuel Jesuíno de Lima. O comércio era de
Material de construção. Acredito que instalou esse comércio para construção do
prédio que também pertenceu a ele e filhos que deu origem a lojas Santa
Terezinha. A origem do nome ‘beco” Manoel Jesuíno, acredito ter mais ligação
com o pai do que com o filho. Esse beco é muito antigo, quando criança usava
como atalho para ir para casa de minha avó Bastinha” (via WhatsApp, em
28/12/2023, às 10:57 horas).
O “beco” de Manoel
Jesuíno foi alargado na administração de seu Luiz Martins de Oliveira e
formalizado com o nome de rua através da Lei nº 613 de 09 de abril de 1991.
O historiador e
servidor do judiciário José Henriques da Rocha lembra desta época:
“Na realidade, eu lembro ainda
quando era criança, e ainda na pré-adolescência, andava muito com meu pai pelas
ruas da cidade, e me lembro de muitas ruas que no passado eram muito estreitas;
ruas que não tinham pavimentação, que não tinha água encanada. E um desses
locais que eu mais frequentei com o meu pai foi na rua onde é a região da
Clemente de Farias, no passado era conhecido como ‘o beco de Manoel Jenuíno’.
Esse Beco era um pouco
comprido porque começava na rua João Pessoa, de frente a Panificadora Divina
Misericórdia, e terminava na rua Solon de Lucena onde hoje é o bar de Ivanildo
Morais. E lembro muito bem desse beco, onde era um local de comércio, apesar de
ser estreito era um local de comércio muito interessante.
E uma das coisas que eu
mais admirava naquele beco eram o bar e restaurante de dona Resi mãe de
Pindunga e era um bar muito organizado, bonito e cheio de cortina que ficava
ali bem no meio do beco. Outro comércio eram as alfaiatarias, existiam várias
alfaiatarias que eles costuravam paletó, terno nos anos passados 60, 70. Todo
homem que tinha sua postura a roupa principal dele era paletó. E o paletó era
um conjunto, calça e camisa.
E existia muitas
alfaiatarias de Nequinho Alfaiate, Edmilson Nicolau, seu Adauto e outros. Outro
local importante eram as barbearias, hoje é salão de beleza, um nome bem
bonito, mas naquela época era barbearia com navalha e umas máquinas que
cortavam o cabelo. Eu cortei muito cabelo ali naquele cabelo, me lembro até o
nome das pessoas, um era Antônio outro era seu Vítor.
Outro homem importante
que eu achava ele interessante e meu pai ia muito lá era seu Manoel Santino, o
homem que consertava relógio, e eu chegava lá e ficava olhando ele consertar
relógio, botava um binóculo no olho, fechava um e abria o outro ajeitando
relógio. Então ali foi um local muito interessante até os anos 70.
Era um local muito
estreito, dava um metro e meio de largura mais ou menos, dois metros, por uns
duzentos metros de comprimento. Lá no final tinha a loja de seu Joca Aciole, no
início da rua tinha a sinuca de Zé Alves, tinha o bar da praça. Então era um
conjunto de um lado a outro essa rua. Então esse beco foi muito importante no
passado.
Seu Luiz Martins, se não
me engano na terceira administração dele, 1974/75, indenizou várias casas por
ali para abrir aquela avenida que hoje está ali. Ainda tem um grande comércio
hoje, mas não tem mais a alfaiataria, não tem mais o bar, só te mais lojas
importantes. Então fica esse meu registro aqui, um passado mais recente, mas um
passado que Esperança tinha história. Então nesse Beco de Manoel Jenuíno, como
era conhecido o homem. [...]. Do outro lado tinha uma
montadora da Chevrolet e tantos outros comércios que ali viveram, resistiram,
no tempo que Esperança tinha um grande comércio. Chico Bezerra com couro e
outros e outras pessoas que tinha seu comércio na região” (via WhatsApp em
28/12/2023, às 19:59 horas).
Manoel Jesuíno de
Lima morava na Chã da bala (rua Manoel Rodrigues), mas tinha o seu comércio por
trás daquela artéria e era tão conhecido que costumeiramente era um ponto de
referência, dando assim origem a esta conhecida rua de nossa cidade. O seu
filho, que também se chamava Manoel, integrou o judiciário da cidade, ocupando
o cargo de Porteiro dos Auditórios e depois Oficial de Justiça (1929).
Rau Ferreira
Referências:
- FARIAS, Eliomar Rodrigues (de). Família
Rodrigues e Lima: minha história. Ideia. João Pessoa/PB: 2016.
- FERREIRA, Rau. Síntese
Histórica da Comarca de Esperança. Edições Banabuyé. Esperança/PB:
2016.
"Eu atravessei muitas vezes e "Beco de Ramalho" ou "Beco de Mané Jenuíno" que tinha um bar do lado esquerdo, sentido antiga Pracinha, onde entrei muitas vezes para comprar sorda, aliado, rasga-boca, nas minhas andanças pela cidade. Tambem cortei o meu cabelo várias vezes na barbearia de seu Severino, pai de Gemy Cândido, cuja máquina era daquelas cegas e que a gente chorava porque ela puchava mais do que cortava os nossos cabelos.
ResponderExcluirTambém me lembro de uma casa de jogos que havia na Manoel Rodrigues, vizinho ao cinema de Titico pertencente ao Sr. Benedito Bangu, cujo fundo, bem largo como a frente, saia no beco de Ramalho.
Alí, nos fundos, havia um banheiro onde todo mundo que passava, urinava e o ambiente era muito fedido a Xixi, porque ninguém lavava.
São muitas histórias desse "beco de Ramalho" ou de Mané Jenuíno"!
Comentários de Pedro Dias do Nascimento, via WhatsApp em 31/05/2024.