“O capitão Elysio
Sobreira, um dos bravos e distintos oficiais da nossa polícia, comanda atualmente
forte coluna volante em operação na zona dos brejos.
Não era possível que o plano
do governo de ação decidida contra o banditismo, se circunscrevesse ao vasto
cenário da região sertaneja, quando na outra seção do estado, justamente a mais
próxima da capital e da civilização, existem conhecidos antros de cangaceiros ferrozes”.
Há muito se ressentiam os
brejeiros de um apoio da polícia paraibana, nessa zona próspera e que possuía
grandes engenhos de cana-de-açúcar, e nas quais operavam os forasteiros, a
exemplo de Antônio Silvino, Pilão e Bitó (estes dois últimos das nossas
cercanias).
De certo que alguns
fazendeiros lhes davam guarida, sob a pretensa ilusão de uma “proteção”, que
nada mais era do que a devida paga para não ser incomodado; mas o medo que
assolava os terrenos lindeiros era de que os seus desafetos pudessem ser
vítimas de alguma boca maldosa, que lhes apontasse o caminho, fosse por
perseguições políticas ou meros interesses comerciais.
Nesse mesmo sentido,
noticiava “O Norte”, folhetim da Paraíba:
“Eles são diversos,
vivendo seus nomes de engenhos ricos na boca da opinião pública que os aponte
instintivamente, sem que seja preciso à imprensa classifica-los em comentários
de notícia ligeira”.
Elysio Sobreira tinha fama
de valente, e que não poupava esforços para combater essa gente que se dizia do
cangaço. Temido pelo banditismo, chegara o Coronel a declarar, em um júri
realizado na Vila do Teixeira, que “mataria, de hora em diante, qualquer
criminoso ou não que tivesse ordem de prender” (Júri, Sessão: abril/1913).
A dita “Volante”, comandada
por Sobreira, era constituída por quarenta praças, chegou a cercar a propriedade
“Capivara”, em Bananeiras-PB, resultando a diligência na prisão de três supostos
cangaceiros: Macayba, Manoel Miguel e um terceiro foragidos do Rio Grande do
Norte, que haviam sido pronunciados naquele Estado, e igualmente indiciados em
Bananeiras-PB.
A imprensa da Paraíba,
estampava em suas páginas, a operação policial, tecendo elogios ao chefe da
polícia, cidadão esperancense:
“O capitão Elysio, que
é um hábil caçador dessas feras humanas, anda lhes na pista e com êxito
fecundo, tais as notas que têm chegado ao nosso conhecimento. [...]. O
Capitão Elysio, correndo sobre as linhas superiores do plano de repressão ao
banditismo, continuará a série de diligências por onde souber que existe, sobre
a lei e a justiça, o tripúdio infame de criminosos profissionais”.
Em Araruna, um popular
chega a clamar ao Major Pedro que “faça uma obra de caridade”, e
entregue o comando da polícia local a Elysio Sobreira, talvez confiante na sua
autoridade de solver tais problemas da criminalidade.
Se por um lado havia
aqueles fazendeiros que davam guarida aos marginais, os quais se denominavam “coiteiros”,
por outro alguns ofereciam cooperação com a polícia, a exemplo do Coronel João
Rocha, fazendeiro de Bananeiras, que “ofereceu, por intermédio do comandante
Elysio Sobreira, 50 cartuchos de rifle ao governo para o combate aos
cangaceiros” (A União: 02/07/1930).
Por ocasião dessas incursões
ao Município de Bananeiras, na efetiva ação policial empreendida pelo Coronel
Sobreira, foram presos: a) Em Araruna o “criminoso de morte José Vicente,
que se entregou a prisão em virtude de perseguição da polícia, encetada n’aquela
zona”, b) Em Bananeiras: Antônio Cândido de Melo, “implicado em crime de
1896 prendendo também Antonio Piloya, pronunciado em crime de homicídio”.
A Comissão de Policial
(Volante) foi sobremaneira elogiada pelos jornais, com destaque para “O Norte”
que, em sua página principal, publicou a seguinte nota:
“O capitão Sobreira
desincumbiu-se alrosamente de sua missão, portando-se com habilidade, critério
e bravura e acentuando ainda uma vez a decência que é apanágio de sua carreira
de militar brioso.
Durante a sua estadia
naquela comarca [Bananeiras], dirigiu várias diligências, efetuando prisões de
criminosos e expurgando os dois municípios deste elemento ruim que em toda parte
do nosso interior constitui o maior perigo da sociedade, representando a grande
praga das últimas e conhecidas aflições”.
A operação em Bananeiras,
no brejo paraibano, foi concluída no dia 24 de outubro de 1913, quando o Coronel
Elysio Sobreira foi substituído pelo Tenente João Facundo, que assumiu o
comando das operações policiais na região.
Rau Ferreira
Referências:
- O NORTE, Jornal. Órgão independente e noticioso. Ano
VI. Edições nºs 1.406, 1.530, 1.560 e 1.564. Abril, Setembro e Outubro. Parahyba
do Norte: 1913.
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