Pular para o conteúdo principal

A doação das terras de Montadas para Pocinhos

 

Severiano Pereira da Costa

Grande polêmica surgiu nos anos 50 quando da criação de Pocinhos, em que foram doadas terras para constituir aquele novo município. O escritor Tony Veríssimo antecipou-nos uma parte de seu livro (História de Montadas, ‘a menina dos olhos azuis’) ao tratar do “Interesse de Pocinhos por Montadas” nesse Blog.

As terras em questão foram doadas inicialmente à Esperança (Decreto-Lei nº 520/1943), ampliando os nossos limites até Mari Preto e Lagoa do Açude, no encontro Campina-Pocinhos-Lagoa Seca.

Quando o Padre Galvão iniciou a luta pela emancipação política de Pocinhos, pretendeu não apenas recuperar a porção doada à Esperança, como também provocou essa batalha pelas terras de Montadas.

O texto a seguir foi extraído do jornal “O Rebate” que me foi enviado pelo escritor montadense, o qual reproduzo por sua importância histórica:

“A VERDADE SOBRE O CASO DE MONTADAS

Declarações do Vereador Severiano Pereira da Costa, presidente da Câmara Municipal de Esperança.

O jornal ‘O Norte’ de João Pessoa, vem publicando artigos alarmantes sobre uma doação feita por este município ao novo município de Pocinhos. Cumpre-me esclarecer a verdade dos fatos.

Em uma das sessões da Assembleia do Estado foram definidos os limites entre o município de Pocinhos a ser constituído e o de Esperança. Na divisão eram retaliados os distritos de Montadas e grande parte de Novo Areial, deste município.

A resolução foi votada por 20 deputados. A Câmara de vereadores de Esperança convocou uma sessão extraordinária para tomar conhecimento do que se passava. Ao tomar conhecimento do caso em tela foi o mesmo protestado por unanimidade, sendo dirigido um ofício sob o nº 43, de 7/10/53, do qual a Câmara não obteve resposta.

No referido mês de Outubro o Snr. Prefeito Municipal entrou em acordo com o Padre José Galvão, encaminhando à Câmara Municipal para ser apreciado, o que não se realizou por falta de número.

Constava do seguinte: ficava para Pocinhos o povoado de Montadas, com mais ou menos três quilômetros quadrados e com uma divisão natural pela estrada que vem de Lagoa de Roça – Chocalheira.

O povo de Montadas esetá de acordo com a resolução do Snr. Prefeito.

Foi apenas o que houve; o mais é demagogia e explosão cavilosa.

Esperança, 22 de novembro de 1953.

Severiano Pereira da Costa, Presidente da Câmara de Vereadores”.

 

Pocinhos foi elevada à categoria de Município pela Lei Estadual nº 986, de 10 de dezembro de 1953, e instalada no dia 30 daquele mês e ano. Os primitivos habitantes teriam sido os Índios Tarairús. O nome vem de diversos poços de água potável, onde nas proximidades, foi edificada a Fazenda de José Aires Pereira.

 

Referência:

- O REBATE, Jornal. Edição de 25 de novembro. Campina Grande/PB: 1953.

- História de Pocinhos. Site da Prefeitura Municipal, disponível em: http://pocinhos.pb.gov.br/noticias/historia_da_cidade.html, acesso em 11/11/2020.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A minha infância, por Glória Ferreira

Nasci numa fazenda (Cabeço), casa boa, curral ao lado; lembro-me de ao levantar - eu e minha irmã Marizé -, ficávamos no paredão do curral olhando o meu pai e o vaqueiro Zacarias tirar o leite das vacas. Depois de beber o leite tomávamos banho na Lagoa de Nana. Ao lado tinham treze tanques, lembro de alguns: tanque da chave, do café etc. E uma cachoeira formada pelo rio do Cabeço, sempre bonito, que nas cheias tomava-se banho. A caieira onde brincávamos, perto de casa, também tinha um tanque onde eu, Chico e Marizé costumávamos tomar banho, perto de uma baraúna. O roçado quando o inverno era bom garantia a fartura. Tudo era a vontade, muito leite, queijo, milho, tudo em quantidade. Minha mãe criava muito peru, galinha, porco, cabra, ovelha. Quanto fazia uma festa matava um boi, bode para os moradores. Havia muitos umbuzeiros. Subia no galho mais alto, fazia apostas com os meninos. Andava de cabalo, de burro. Marizé andava numa vaca (Negrinha) que era muito mansinha. Quando ...

Esperança, por Maria Violeta Silva Pessoa

  Por Maria Violeta da Silva Pessoa O texto a seguir me foi encaminhado pelo Professor Ângelo Emílio da Silva Pessoa, que guarda com muito carinho a publicação, escrita pela Sra. Maria Violeta. É o próprio neto – Ângelo Emílio – quem escreve uns poucos dados biográfico sobre a esperancense: “ Maria Violeta da Silva Pessoa (Professora), nascida em Esperança, em 18/07/1930 e falecida em João Pessoa, em 25/10/2019. Era filha de Joaquim Virgolino da Silva (Comerciante e político) e Maria Emília Christo da Silva (Professora). Casou com o comerciante Jayme Pessoa (1924-2014), se radicando em João Pessoa, onde teve 5 filhos (Maria de Fátima, Joaquim Neto, Jayme Filho, Ângelo Emílio e Salvina Helena). Após à aposentadoria, tornou-se Comerciante e Artesã. Nos anos 90 publicou uma série de artigos e crônicas na imprensa paraibana, parte das quais abordando a sua memória dos tempos de infância e juventude em e Esperança ” (via WhatsApp em 17/01/2025). Devido a importância histór...

Luiz Pichaco

Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “ onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança ”. Lembrou de muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” – escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”. Pedro Dias fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos” que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Lembrei-me do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo inteiro dedicado aos “Pichacos”. Vamos aos fatos! Luiz era um retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou de co...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...