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Poetas esperancenses e alguns versos


O poeta Nivaldo Magalhães em contato por mensagem via WhatsApp disse-me que na rua em que reside está se construindo uma praça, que será denominada “Praça do Poeta”. Este logradouro será uma homenagem aos escritores e poetas esperancenses; nela será disponibilizada uma parede para, mediante trabalho artístico, ser registrado alguns versos e citações.
Comentei que esses nomes de praça são bem mais bonitos do que quaisquer homenagens que devam ser feitas: Praça dos Matuto, Praça do Amor, Praça do Poeta!
Comprometendo-me com o ilustre escritor, passei a enumerar algumas personalidades locais, citando lhe versos de minha predileção. Eis em recortes, o que me agrada:
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SILVINO OLAVO
Tenham-te inveja as rosas do jardim
para que os homens,
invejando a mim,
reputem-me feliz entre os mortais

E possa, então, o amor que me incendeia
talvez o incêndio
da retina alheia
crescer dentro de mim cada vez mais.
(in: Postal. Cysnes: 1924).
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NIVALDO MAGALHÃES
Faça da vida uma poesia
Vevha a Praça do Poeta
fazer versos com alegria.
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MAGNA CELI DE SOUZA
Eu vim das camadas etéreas...
Vim lampejo, virei centelha;
e, sorvendo o mel da abelha,
purifiquei minhas regiões éreas.
(In: Alegria interior. Poemas místicos. Ideia. João Pessoa/PB: 2004).
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KARL MARX VALENTIM SANTOS
Faz das mãos prato
do corpo cobertor
de cada palavra um ato
de amor.
(in: Caridade. Esperança/PB: 2009).
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MONSENHOR JOSÉ COUTINHO DA SILVA (Padre Zé)
Esperança – a terra amada,
Vibra arrojada esta glória,
Esta terra onde a oração
E´ porvir luz e vitória.
Mãe do Carmo e Bom Conselho,
Lá das campinas azuis,
Sobre estas plagas tão verdes
Descei o amor de Jesus!...
(in: Hino da Padroeira de Esperança. Esperança, s/d).
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RAIMUNDO VITURINO
Desditoso besouro que baila
Embalado pela cantiga do rio
Entre flores e ramos deleitava
Das delícias do bosque, o vadio.
(in: A morte do besouro. “Novo Tempo”, Nº 20. Esperança/PB: 1995).
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EVALDO PEDRO BRASIL DA COSTA (Evaldo Brasil)
As culturas do mundo são praquele que quer e diz
Faz da gente um só povo, faz do mundo um país!
(in: Noção Planetária. Esperança: 1997).
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RAU FERREIRA
E revelando Deus a sua maneira
De infinita bondade e beleza
Faz contumaz e ligeira
A louvação da natureza.
(in: Louvação. Cântico do Cysne. Edições Banabuyé: 2009).
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JOSÉ ADEILTON DA SILVA MORENO (Amazam)
Lá no meicado nói fumo,
Tuma café cum siqui,
Tinha um cego pidino irmola,
Arrudiado de fi,
Um bebo dano trabai,
Dexa eu vê se eu lembo mai,
Foi isso mermo que vi.
(in: Dia de Sábo. Banaboé Cariá: Esperança/PB: 2015).
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VITÓRIARÉGIA COELHO (Vitória)
Salve Maria, Senhora do Bom Conselho,
Sua Matriz foi quem nos deu conhecimento
Princípio houve com sua Força Pioneira
Mostrando ao povo sua fé tão verdadeira.
(in: Salve Maria, Senhora do Bom Conselho)
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HAUANE MARIA FERREIRA COSTA (Hauane)
Toda mãe é querida, mas
a mãe mais querida é
a verdadeira, a amada e
perfeita! A querida -, a maravi-
lhosa - é igual um diamante
quando está no
Sol brilha. Quando está
de noite, brilha igual uma
Estrela.
(in: Mãe querida a cada momento. Esperança/PB: 2012).
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INÁCIO GONÇALVES DE SOUZA (Inacinho)
Ao te ver como cartão postal
Desperta em mim o amor
Me envolve na tua natureza
Admirando no teu semblante, a beleza.
(in: Meu Lírio Verde da Borborema. Esperança e sua gente: 1994).
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JOÃO BATISTA BASTOS (João de Patrício)
Na miudeza do meu pai vendia de tudo,
Menos comida, menos cachaça,
Era na rua principal da nossa cidade,
O povo dizia agente procura e acha.
(in: Na miudeza de meu pai. Esperança/PB: 2014).
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JOSÉ PEREIRA BRANDÃO (Santos Cacheiro)
Vamos caro amigo,
Para aquelle lugar?
Ver a mulher no baile
E o governador visitar?
Pelejando inútil       
Com este confessor;
Fraco e cobarde,
Em grau superior.
(in: Charada. A Gazetinha. Campina Grande/PB: 1889).


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JUVINIANO SOBREIRA
Oito letras tem meu todo,
E todas elas iguais;
Quatro letras consoantes,
E quatro letras vogais.

As vogais, é uma só,
As consoantes, dois pares;
Presta atenção ao conceito,
Para enigma decifrares.

O conceito do enigma,
Que te posso apresentar.
É uma ave do Brasil,

Podes agora estudar.
(in: Charada. A Gazetinha. Campina Grande/PB: 1889).


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A seguir apresento-vos uma lista dos poetas esperancenses (naturais e radicados), embora nem todos tenham publicado livros, a maioria deles é assim reconhecida pelo amor ao verso e o hábito de recitar aqui e acolá quadras ou sextilhas que se tornaram populares. São eles:
Professor Juviniano Sobreira - Charadista, em versos
José Pereira Brandão (Santos Cacheiro) - Charadista, em versos
João Benedito - Cantador, repentista
Campo Alegre – Cantador, Repentista
José Mergulhão – Cantador
Sebastião Timóteo – Cordelista
Aurélio Carneiro – Poeta, Repentista
Maria da Paz Ribeiro Dantas – Poeta, Ensaísta
Jerônimo Soares - Cordelista
Silvino Olavo - Poeta
Rau Ferreira - Poeta
Irmãos Pichaco – Cantadores, Emboladores
Sebastião Florentino (Basto de Tino) - Poeta
Professor Luiz Gil - Poeta
Zezinho Bezerra – Poeta
Gemy Cândido - Poeta
Magna Celi - Poetisa
Graça Meira - Poetisa
Emília Guerra - Poetisa
Padre Zé Coutinho - Poeta e arranjador
P. S. de Dória - Poeta
Egídio de Oliveira Lima – Cordelista, Repentista
Jaime Gonçalves de Lima (Jaime Pedão) – Poeta
Adauto Rodrigues - Poeta
Rodrigo Riquelme - Cordelista
Raimundo Viturino - Poeta
Evaldo Brasil - Poeta e Cordelista
Arthur Richardisson - Poeta
Karl Marx Valentim - Poeta
Adeilton Amazam - Repentista
Vitória Régia - Poetisa
Hauane Maria - Poetisa
Adauto Marques – Poeta
Adriano Vital - Poeta
Inacinho Gonçalves - Poeta
João de Patrício - Poeta
Macambira & Querindina – Cordelista, Repentistas
Toinho e Dedé da Mulatinha – Cantadores, Cordelistas
Professor José Coelho - Poeta
Nené Barbosa - Repentista
Nivaldo Magalhães – Poeta
Nicola Vital – Poeta
Vadeci Bertoldo – Poeta
 Severino Terto – Poeta
 Genésio Ezequel – Poeta
Claudionor  Vital Pereira (Nanô) – Poeta
Aristeu Inácio – Poeta
Severino Medeiros – Poeta, Compositor

Poetas que escreve sob *pseudônimo*
Vital Carvalho – Poeta
Índio Banabuyé – Poeta
João da Retreta – Poeta
Silvino Ferrabrás – Poeta
Augustus Vitalis

Observações:
* Os mais antigos poetas conhecidos de nossa cidade são Juviniano Sobreira e José Pereira Brandão que publicavam em 1888, no jornal “Gazeta do Sertão”, do historiador e jornalista Irimeu Jóffily (também esperancense), charadas em forma de versos.
* Josué da Cruz não era esperancense, mas morou muito tempo na Rua João Mendes, casou com uma mulher deste município e com ela teve três filhos.
* Terezinha Tietre também residiu com sua mãe em Esperança, fazendo parte das cantorias no “Chã Dançante” de Dogival Costa.

Rau Ferreira

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