O telégrafo era um antigo sistema de
comunicação que utilizava-se de um transmissor que enviava impulsos elétricos
que era decodificado pelo “Código Morse”. A maquineta propiciava a troca de
mensagens de forma rápida, aproximando os interlocutores.
O cabo submarino do telégrafo alcançou a cidade
da Parahyba (atual João Pessoa) em 1876. A partir de então começaram as linhas
de distribuição que cortavam o Estado. O serviço era precário e dispendioso. A primeira
seção de Mulungu à Campina Grande custou aos cofres públicos 615$600 réis (Annaes:
1897, p. 71).
Campina viu inaugurada a sua estação
telegráfica em 13 de janeiro de 1896, de maneira que, as principais vilas a
serem comtempladas no Brejo, além da cidade Rainha da Borborema, foram Alagoa
Nova, Alagoa Grande, Areia e Bananeiras (1900).
O seu prolongamento só veio, porém, no governo
de Simeão Leal (1906) nos trechos que interligavam Campina à Cabaceiras, Pombal
à Princesa Isabel passando pelas vilas de Piancó e de Misericórdia.
Este serviço funcionava a parte dos Correios,
ou seja, em prédios separados. A fusão apenas ocorreu no Governo de Getúlio
Vargas (1932). Lembrando que a Agência dos Correios em Esperança foi instalada
em 1885.
Os estudos no decênio seguinte apontavam que
sobravam-nos condições de instalação: Esperança possuía bom clima, magnífica
situação geográfica, abundância de água, terras fertilíssimas, bela e extensa
planície onde se pode abrir amplas avenidas e seu arruado já obedecia a um
traçado mais regular no Estado.
Em reportagem d’O Norte, destacava-se que:
“O
telégrafo em Esperança era um serviço que se impunha, deante do natural
incremento que tem tomado ultimamente esta localidade serrana que deixou a
melhor impressão no espírito do Sr. Pinto Pessoa, digno chefe do Distrito
Telegraphico, principalmente sob o ponto de vista de uma adeantada população e
de sua itensa vida comercial, uma das mais importantes do interior do Estado.
Esperança é também uma das
mais belas localidades da Borborema, de arredores muito agrícolas e de uma
população visivelmente laboriosa, com proporções, pelo que se vê, para ser
villa ou mesmo cidade, pois algumas existem inferiores a ella em comércio e população” (Sic).
Contudo haviam outro traçado, considerado mais
próximo, que passaria por Currais Novos (RN). O engenheiro encarregado, Dr.
José Floriano Peixoto, recebeu do Dr. Alcebíades Silva (responsável pelos
estudos) uma planta com as posições geográficas e distâncias.
Também por essa época, faziam-se considerações
sobre as vantagens de Picuí ser interligado por Areia, servindo Lagoas
(Remígio), Esperança e Barra de Santa Rosa; e não por Currais Novos, que não atenderia
bem às cidades paraibanas.
A verba era exígua, o que exigia a mais
escrupulosa aplicação, foram esses os motivos que favoreceram a escolha de
Esperança. Do contrário este serviço não passaria de uma auspiciosa tentativa. Por
tal razão, o Dr. Floriano pleiteou ao governador Antônio Pessoa a mudança do seu
traçado.
Além disso, contribuiu os esforços de Pinto
Pessoa, aliados aos trabalhos do Dr. Edésio Silva, encarregado contábil do
distrito, bastante atuante junto à Delegacia Fiscal para receber os
suprimentos, numa época de escassez de numerário, a fim de não paralisar a
obra; e o Senador Epitácio Pessoa, que muito se empenhou junto ao Presidente da
República, obtendo verba federal para socorrer os flagelados da seca, que
trabalharam na construção das linhas telegráficas.
Estes foram os principais motivos pelos quais
se instalou em Esperança o telégrafo, ao invés do telefoto como estava
previsto. A inovação era desejada e necessária para a manutenção do
desenvolvimento de suas relações, já que muitos comerciante adquiriam seus
produtos nas praças do Recife e também os revendia para os sertões
A construção da linha ficou a cargo do Sr.
Levino Buarque, funcionário dos telégrafos, que executou os serviços devido a
sua experimentada competência. A comunidade, por sua vez, disponibilizou uma
casa para servir de residência ao telegrafista, Sr. Deusdedit José de Carvalho
que antes trabalhava em Teixeira.
Os primeiros testes se iniciaram em 1917,
passando este serviço a funcionar como agência telegráfica a partir daquele
ano. A elevação para “Estação Telegráfica” se deu a partir do arrendamento, em
definitivo, de um prédio assinado em 1925, através do Ministério da Aviação,
juntamente com a estação de Magé, no Rio de Janeiro/RJ.
Anos mais tarde, com a criação da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, assumiu a função de telegrafista o
Sr. Pacífico Moraes de Lucena (Anuário da Paraíba, Vol. XVI: 1933, p. 189).
Rau Ferreira
Referências:
- A UNIÃO, Jornal.
Governo do Estado. Edição de 20 de março. João Pessoa/PB: 1931.
- ALVES, Ednaldo. Guarabira
– um olhar sobre o passado. Guarabira/PB: 2007
- FERREIRA, Rau. Banaboé
Cariá - Recortes da Historiografia do Município de Esperança. Rau
Ferreira - 1ª ed. Esperança/PB: 2015.
- O IMPARCIAL, Jornal.
Ano XIX, Nº 4.508/4.509. Edição de 27 de abril. Rio de Janeiro/RJ: 1925.
- PARAHYBA, Almanach
do Estado (d). Volume XVI. Imprensa Official. João Pessoa/PB: 1933.
- PARLAMENTO BRAZILEIRO, Annaes
do. Volume VI. Câmara dos Deputados. Rio de Janeiro: 1897.
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