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Registros pelo assassinato de João Pessoa

Imagem: https://pt.wikipedia.org/
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque governou a Parahyba de 1928 à 1930, dois de seus auxiliares eram esperancenses: Silvino Olavo e Elysio sobreira.
Esperança havia lhe dedicado o título de cidadão, quando de sua vinda a esta cidade, por ocasião da campanha pela Aliança Liberal. Recepcionado pelo Prefeito Manuel Rodrigues e seu vice Theotônio Costa, foi saudado pelo advogado Severino Irineu Diniz quando da outorga daquela cidadania.
O malogrado presidente do nosso Estado foi assassinado em 26 de julho de 1930, na Confeitaria Glória. Os fatos que antecederam a esta tragédia já foram por muito debatido, dispensando deste escritor qualquer comentário.
Após aquele episódio, tornou-se natural as homenagens prestadas, destacando-se, dentre elas a do Juízo Municipal do Termo de Esperança.
O judiciário local estava assim organizado: Dr. Orlando de Castro Pereira Tejo, Juiz Municipal; João Clementino Farias Leite, escrivão; e Manuel Jesuíno de Lima, porteiro dos auditórios.
Pois bem. Aos quatro dias do mês de agosto, daquele ano, o juiz realizou uma sessão especial, com a finalidade de render tributo ao extinto governador. Às 13 horas, ao toque da campainha e do pregão judicial, foi aberta a audiência na presença do Dr. Severino Irineu Diniz, advogado provisionado que, tomando da palavra disse:
“querendo tomar parte no coro de hinos e saudades que alanceavam finalmente a alma das famílias parahybana, estava solidário com o voto de pesar oportunamente lançado na ata pelo doutor juiz municipal”.

Deste termo, ordenou o juiz que se procedesse a leitura, e se extraíssem cópias para serem remetidas à viúva do estimado governador, ao seu substituto legal, ao presidente da Câmara Legislativa e ao Senador Epitácio Pessoa.
A Associação dos Empregados do Comércio de Esperança também protestou contra o “ignominioso atentado que roubou a vida do eminente presidente João Pessoa, e comunica haver lançado na ata de seus trabalhos, em 8 do corrente, um voto de profundo pesar e oficiado ao dr. Álvaro de Carvalho, seu substituto, dando conta das resoluções tomadas”.
Uma missa foi celebrada em sufrágio da alma do presidente João Pessoa, comparecendo a população e as escolas uniformizadas conduzindo o pendão nacional. Este ato cívico foi comunicado pelo Sr. Ignácio Rodrigues, comerciante local.
Estas foram algumas das homenagens prestadas ao extinto governador, filho adotiva de Esperança que por diversas vezes visitou esta terra, trazendo inúmeros benefícios ao recém criado município.
É certo ainda, que houve algum tumulto nesta cidade. Chico Cláudio em seu livro menciona a morte de Maria Dantas, parente de João Dantas, “num sítio próximo a Esperança, espancada que fora pelos correligionários do Presidente João Pessoa”. Contudo, a efervescência daquele momento da história e a força política não deixaram espaço para outras questões.

Rau Ferreira

Referência:
- A UNIÃO, Jornal. Governo do Estado da Paraíba. Edições de agosto. Parahyba do Norte: 1930.
- A UNIÃO, Jornal. Governo do Estado da Paraíba. Edições de novembro. Parahyba do Norte: 1929.

- CLÁUDIO, Francisco. 50 Anos de Futebol & etc. Ed. Prefácio de Nino Pereira. Rivaisa Ltda. João Pessoa/PB: 1994.

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