Pular para o conteúdo principal

Esperança nos anos 40

Da séria “Esperança ao longo dos anos”, apresentamos agora, o aspecto sócio-econômico do Município de Esperança pelos anos 40, constante do Dicionário Corográfico de Coriolano de Medeiros.
Com extensão de 351 km2 registrava (1940) 1.266 prédios urbanos, 235 suburbanos e 740 rurais; com uma população de 4.106 (urbana), 1.064 (suburbana) e 1.064 (rural) compreendida a sede (Esperança) e os distritos (Areial e Montadas). O prefeito Sebastião Vital Duarte (1940-1942) havia sido nomeado pelo interventor, auxiliado por 13 funcionários efetivos.
A Comarca era de 1ª entrância, com um magistrado e dois suplentes. O primeiro juiz de direito foi Ademar Lafayete. A segurança pública competia a um delegado de polícia e subdelegados na vila. Haviam 80 casos de contravenção e 14 crimes, mas nenhum de homicídio.
Esperança destacava-se como município agrícola, com zona para criação de animais. Os seus terrenos produziam batata, mandioca, batatinha, milho, algodão e gergelim com a seguinte produção: 36 toneladas de batata doce; 30 toneladas de batatinha; 70 toneladas de mandioca; 30.000 sacos (60kg) de farinha de mandioca; 50.000 kg de fumo em corda; 80.000 kg de fumo em folha e 500.000 kg de algodão em caroço.
Os seus rebanhos eram: 2000 bovinos; 1.200 equinos; 2.300 asininos; 900 muares; 1.000 lanígeros; 1.020 caprinos e 25.000 aves. Haviam centenas de minifúndios, com poucas matas e algumas jaboticabeiras.
A fisiografia era divisa entre agreste e brejo, com elevações sensíveis. A temperatura oscilava entre 14º e 34ºC. Os principais rios: Araçagy, Cabeço e Mamanguape; das lagoas destaca-se a Lagoa Comprida (com 4000 metros na sua maior extensão);
A demografia contava com 542 nascidos em 1941, 71 casamentos naquele ano e 743 óbitos que na sua maioria eram sepultados no Cemitério “N. S. do Carmo”.
A instrução pública era constituída por um estabelecimento de ensino secundário e 20 escolas primárias que atuavam 25 professores. Às aulas primárias estavam matriculados 1.183, com freqüência média de 815. A verba da educação era de Cr$ 7.160,00 (sete mil, cento e sessenta cruzeiros).
Limites do município – de acordo com os Decreto-Leis nº 1.164 e 520, de 18/11/1938 e 31/12/1943, respectivamente: começando na Lagoa da Marcela, prossegue pelo caminho que vai até à lagoa do Açude, de onde continua até a frente de uma velha casa, situada na estrada que vem de Mari Preto; daí pela mesma estrada, vem ter à lagoa Salgada, de onde continua pela estrada carroçável que vai a Bananeiras; prossegue por um caminho que vai ter ao marco nº 03, localizado na fazenda Cabeço, segue pelo caminho 68, que passa nas propriedades Urubu, Maniçoba e Meia-Pataca até encontrar o rio Araçagy; sobe por este rio até a foz do seu afluente, riacho de Pedro Batista, deixando aquele, sobe por este riacho até alcançar o marco nº 05 (de Areia), colocado à margem da estrada de rodagem que vai de Areia a Esperança, na Olaria; daí segue em linha reta até alcançar a nascente do riacho do Boi, desce por esse riacho até sua embocadura, no Riachão, onde se extremam os municípios de Alagoa Nova  e Areia; na foz do riacho do Boi, no Riachão, sobe por ele, que passa a denominar-se riacho Amarelo, até a sua nascente e, em linha reta até o marco nº 02, situado à margem da lagoa da Marcela, ao lado do caminho carroçável de Aldeia Velha a Ariús.
As necessidades municipais, por aquele tempo, (já) eram de reservatórios de água, de estradas internas e estabelecimentos de crédito a agricultura e o aproveitamento das fibras.
O patrimônio municipal era estimado em Cr$ 423.937,00 (quatrocentos e vinte e três mil, novecentos e trinta e sete cruzeiros), com uma receita de 130 mil cruzeiros e arrecadação de Cr$ 168.562,80. A Coletoria Estadual arrecadou (1941) mais de 260 mil cruzeiros.
Repartições públicas: Prefeitura, Coletoria, Grupo Escolar, Mercado Público, Forum, Agência Postal (Correios), Inspetoria Agrícola, Biblioteca Pública e Cartório do Registro Civil. A cidade era composta por quatro avenidas e dez ruas, quatorze travessas e uma praça pelas quais transitavam seus oito automóveis, um ônibus, quatorze caminhões e quatorze carros de boi. Havia ainda um hotel, um cinema, uma associação (dos empregados do comércio), uma igreja-matriz e um templo evangélico.
Estas eram, em poucas linhas, a visão geral do nosso município nos idos de 1940, bem distanciado do que é hoje, uma das principais economias do Estado.

Rau Ferreira

Fontes:
-        FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes da Historiografia do Município de Esperança. A União. Esperança/PB: 2016.

-        MEDEIROS, Coriolano de. Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba. 2ª Edição. Departamento de Imprensa Nacional. Rio de Janeiro/RJ: 1950.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................