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Maria das Graças Duarte Meira |
Em
nosso BlogHE há um espaço dedicado aos parceiros, pessoas que mui gratamente se
dispõe a escrever sobre a nossa história ou mesmo contribuem enviando algum
poema. Este é o caso de Maria das Graças Duarte Meira, que hoje nos enviou um
belo poema de sua autoria “Fome”.
A
autora em questão tem a poesia nas veias, pois é irmã da querida escritora Magna
Celi e da amiga Paula Francinete, filhas de Dona Maria Duarte, que tocava Serafina
na igreja, senhora virtuosa, mãe dedicadíssima que nos enche de saudades.
Graça
visitou a cidade há poucos dias, aflorando na sua memória lembranças
agradabilíssimas. Disse que estar lendo o livro Banaboé Cariá e também aquele
publicado por Eliomar Rodrigues (Cem) que trás um pouco da genealogia das
famílias Rodrigues-Lima.
Esta
poesia - “de amor à minha terra” – como ela própria afirmou, seria fruto, portanto, de todo este
sentimento telúrico que a poetisa nutre por Esperança. Deleitemos, pois, com a
sua leitura:
F O M E
Que
esta fome seja enfim doce remédio
Pra
minha alma sequiosa e vã
Pois
no afã de livrar-me deste tédio
Padeço
eu toda fome, jejuo eu todo dia!
Minha
alegria, eu sei, ela não volta
Porque
deixei meu coração em outra rota
A
rota livre da leveza e da lembrança
Das
milbelezas da cidade de Esperança!
Quero
sentir na fome o beijo eterno
Da
cidade que deixei, solo materno
Uma
aldeia em minha mente tresloucada
Que
nunca sai de mim, ó terra amada!
E
por pensar em ti assaz desiludida
Ó
fetichista cidade do meu ego
É
que me pego assim faminta e ofegante
Neste
desejo de estar de ti diante!
Distante,
todavia, é que estou eu
Contaminada
pelo abrasar da fome
Minha
contemporaneidade não morreu
Vive
na idade das pessoas, no teu nome
Vive
num peito servil desde criança
Que
sente fome do teu seio, Esperança!
Vivi
em ti os meus melhores dias
Dentro
de ti minhas melhores noites
Hoje
o açoite da saudade jaz e faz
Sangrar
meu peito sem sossego e paz
Em
sentimentos de lesa-urbanidade
Sentimentos
de não-conterraneidade!
Quisera
ser de ti a conterrânea
Que
não partiu, não vislumbrou outros ares
Quisera
estar diante dos meus pares
Gente
da minha terra, meus amores
Em
vez de amargar esta distância
Com
alma amarga, errônea, cheia de dores!
Quisera
abrir os febris lábios e sentir
O
fausto beijo dessa terra onde eu nasci
O
beijo fervoroso das casas onde vivi
O
beijo fantasioso das pessoas que amei!
Já que não sinto esse oscular eu passo à fome
Que
vai queimar estes meu sonhos de volúpia
De
ser tua de novo, em grandes núpcias!
Ó
terra grande, quintessência, grandiloquência
Qual
sortilégio de minha destemperança
Quem
dera um dia voltasse eu pra minha essência
Pra
queridíssima, adoradíssima Esperança!
Recife, 13
JUL 2016
MARIA DAS
GRAÇAS DUARTE MEIRA
Agora é que tive a oportunidade de ler o belo poema de Maria das Graças Duarte Meira, dedicando o seu amor à terra natal. Muita inspiração, que poucos e poucas teem. Não me é surpresa tal talento, pois, a família inteira é dotada de cultura e saber.
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