Pular para o conteúdo principal

Banaboé Cariá: Discurso de lançamento



Exmo. Sr. José Adailton da Silva Moreno (Amazan), Presidente do Poder Legislativo, na pessoa de quem saúdo os vereadores aqui presentes.

Exmos. Srs. Anderson Monteiro Costa, prefeito constitucional do Município de Esperança, e Arnaldo Monteiro Costa, Deputado Estadual, Exma. Sra. Ida Maria Steinmuler, presidente do IHCG, e Dra. Juciene Ricarte Apolinário, vice-presidente; secretários municipais, diretores de escola, professores, convidados, demais autoridades e o público aqui presente. Boa noite!

É com grande alegria, e com o espírito de dever cumprido, que nos reunimos hoje para o lançamento do livro BANABOÉ CARIÁ – RECORTES DA HISTORIOGRAFIA DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA.

Quero primeiramente agradecer a Deus, que me dotou de inteligência, de uma curiosidade aguçada e uma inquietação enorme, sem as quais a escrita desta obra não seria possível, o Senhor tem me proporcionado vitórias, e estamos aqui para festejar essa grande conquistar, que é a de escrever sobre a história do nosso município.

E dizer o meu “muito obrigado” ao gestor público municipal, Dr. Anderson Monteiro Costa, por abraçar esta idéia, acreditar no projeto, e dar as condições necessárias para que pudéssemos concretizar este sonho que hoje se realiza. A prefeitura não apenas financiou, como também formou uma comissão de notáveis para revisar este trabalho, formada pelo então Secretário João Delfino Neto, e os servidores Evaldo Brasil e Carlos Alberto Almeida.

Agradecer, de uma maneira especial, a minha esposa Carmem Lúcia e aos meus filhos Hauane, Heloíse e Helder, que de certa forma, sentiram a minha ausência nos dias de pesquisa e escrita deste trabalho. E é por este motivo que lhes dediquei o livro, assim como ofertei a meu falecido pai, Beinha, e minha mãe Glória, que contribuíram para a minha formação moral.

Muitas pessoas tem me perguntado o significado do título, cuja explicação deixei para este momento. “Banaboé” (com E) na língua Cariri quer dizer “Tanque Grande”, o que nos remete ao Araçá, este reservatório de águas pluviais que existe no bairro Beleza dos Campos. Talvez por esse motivo, a Sesmaria de 1789, menciona existir o lugar “Tanque Grande no Sertão de Banaboie”.

Quanto ao vocábulo Cariá, este não é tão fácil. “Cari” refere-se ao homem branco, ao colonizador. Cariá nos dá sentido de lugar ou origem. Portanto, quero crer que “Banaboé Cariá” seria algo como “o tanque grande do homem branco”.

É certo que a história narra que os índios se estabeleceram naquele lugar, e que foram responsáveis pela desobstrução daquele lajedo, que possibilitou a captação das águas da chuva pelo Araçá, que serve até hoje a nossa população. Todavia, os documentos apontam uma concessão de terras ao desbravador Teodósio de Oliveira Ledo, fundador da Campina Grande, que por herança veio a pertencer a sua filha Amarinha Pereira de Araújo e seu genro João da Rocha Pinto, os quais estabeleceram na região da Bela Vista, uma fazenda de criação de gados, que denominaram de “Banaboé Cariá”.

Nas palavras do historiador Irineu Jóffily, que provém deste ramo familiar, e que por muitas vezes passou suas férias naquela fazenda, Banaboé foi sempre o nome deste lugar, e assim tem sido conhecida pelo menos desde 1757.

Mas o livro ainda tem o subtítulo de “Recortes da historiografia de Esperança”, por sugestão de Evaldo Brasil, que igualmente merece explicação. A história do nosso município é riquíssima, e maior do que podemos conceber. Seria uma ilusão dizer para vocês que toda ela se encontra reunida num único livro. Isto me parece impossível. E por essa razão preferi dar ênfase aos principais fatos, fazendo o recorte de alguns momentos da história local.



Assim, iniciamos o livro tratando da formação do nosso território, dos aspectos geográficos, e dos símbolos municipais; falamos da colonização, do vocábulo “Banabuyé”, da vocação comercial, e da tradicional feira, que foram por assim dizer, é a nossa origem.

Registrei o desenvolvimento urbano, as principais ruas, os bairros e distritos. A criação da paróquia, com as suas comunidades, pastorais e administradores.

Tratei dos poderes públicos municipais, legislativo e executivo, e também do judiciário local. A infraestrutura, os primeiros anos, a educação e a saúde foram igualmente objeto de nossos estudos.

A cultura ganhou um capítulo especial, subdividida que fora para cada uma das artes ou gêneros, a exemplo da música, da fotografia e do artesanato. O esporte, o carnaval e o São João também foram mencionados.

A história do trem que passaria por Esperança, mas que foi desviada com receio de que isolasse Campina Grande, ganhou relevo com a gravura do pesquisador Jônatas Rodrigues Pereira, a quem coube transformar o projeto desta estação em imagem 3-D.
Mas o livro é rico não apenas em conteúdo, como também em fotografias, muitas delas do acervo pessoal de Antônio Ailson Ramalho, filho do desportista José Ramalho, que gentilmente nos cedeu para esta publicação; também foram aproveitadas fotos antigas de Evaldo Brasil, Jailton Medeiros, Martinho Júnior e João Batista Bastos, ficando as mais recentes a cargo de Emerson Santos.

Enfim, Esperança, entrego o “Banaboé Cariá – Recortes da Historiografia do Município de Esperança”, e dou por cumprida esta missão pela qual me empenhei, na certeza de que este livro abrirá o caminho para outras publicações, de outros autores, que possam fazer o registro desta cidade, o nosso querido “Lyrio Verde da Borborema”.

Uma boa noite a todos e o meu muito obrigado pela sua presença.

Rau Ferreira




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A minha infância, por Glória Ferreira

Nasci numa fazenda (Cabeço), casa boa, curral ao lado; lembro-me de ao levantar - eu e minha irmã Marizé -, ficávamos no paredão do curral olhando o meu pai e o vaqueiro Zacarias tirar o leite das vacas. Depois de beber o leite tomávamos banho na Lagoa de Nana. Ao lado tinham treze tanques, lembro de alguns: tanque da chave, do café etc. E uma cachoeira formada pelo rio do Cabeço, sempre bonito, que nas cheias tomava-se banho. A caieira onde brincávamos, perto de casa, também tinha um tanque onde eu, Chico e Marizé costumávamos tomar banho, perto de uma baraúna. O roçado quando o inverno era bom garantia a fartura. Tudo era a vontade, muito leite, queijo, milho, tudo em quantidade. Minha mãe criava muito peru, galinha, porco, cabra, ovelha. Quanto fazia uma festa matava um boi, bode para os moradores. Havia muitos umbuzeiros. Subia no galho mais alto, fazia apostas com os meninos. Andava de cabalo, de burro. Marizé andava numa vaca (Negrinha) que era muito mansinha. Quando ...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

Esperança, por Maria Violeta Silva Pessoa

  Por Maria Violeta da Silva Pessoa O texto a seguir me foi encaminhado pelo Professor Ângelo Emílio da Silva Pessoa, que guarda com muito carinho a publicação, escrita pela Sra. Maria Violeta. É o próprio neto – Ângelo Emílio – quem escreve uns poucos dados biográfico sobre a esperancense: “ Maria Violeta da Silva Pessoa (Professora), nascida em Esperança, em 18/07/1930 e falecida em João Pessoa, em 25/10/2019. Era filha de Joaquim Virgolino da Silva (Comerciante e político) e Maria Emília Christo da Silva (Professora). Casou com o comerciante Jayme Pessoa (1924-2014), se radicando em João Pessoa, onde teve 5 filhos (Maria de Fátima, Joaquim Neto, Jayme Filho, Ângelo Emílio e Salvina Helena). Após à aposentadoria, tornou-se Comerciante e Artesã. Nos anos 90 publicou uma série de artigos e crônicas na imprensa paraibana, parte das quais abordando a sua memória dos tempos de infância e juventude em e Esperança ” (via WhatsApp em 17/01/2025). Devido a importância histór...

Luiz Pichaco

Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “ onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança ”. Lembrou de muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” – escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”. Pedro Dias fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos” que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Lembrei-me do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo inteiro dedicado aos “Pichacos”. Vamos aos fatos! Luiz era um retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou de co...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...