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O Solar dos Delgado (1933) - Foto de José Coêlho da Nóbrega |
Alguns poucos casarões e construções antigas compõem o
nosso patrimônio histórico, apenas, a exemplo do Solar dos Delgado, da Casa
Paroquial, da Secretaria de Educação, na atual Manoel Rodrigues. A maioria
delas encontra-se nesta rua principal (antiga Epitácio Pessoa, popular Chã da Bala).
Mas, há alguns exemplares na rua Nova (João Pessoa) e na do Sertão (Solon de
Lucena). Na rua de Baixo (Dr. Silvino Olavo), a última casa do beiral de
brancas e baixinhas, remanescente da inspiração do poeta, há muito deixou de
ser uma casinha de porta e janelas, sofreu mudanças e se encontra fechada, sem
moradores, até vir um novo prédio comercial sobre ela.
Pequenas como aquela ou grandes, as belas construções
de antigamente cedem espaço a lojas e pontos comerciais. O mercado – mola
propulsora da Banabuyé que evoluiu para uma Esperança apática – trouxe muita
coisa boa, mas nos deixou em um saudosismo ímpar. A inexistência de uma
legislação específica resulta na destruição desse registro do nosso passado
glorioso.
Dentre as que sobrevivem a especulação imobiliária, ao
avanço do comércio e à falta de legislação específica, destacamos neste artigo,
o casarão dos Delgado, solar que garante a beleza da Vila Antônio Calô. A sua
construção remonta ao o Século XIX em estilo neoclássico que, à época, era arquitetura
símbolo de poder ou posição social.
O Neoclassicismo tem origem na Europa (Século XVIII) e
influenciou todo o mundo, chegando às Américas, ao Brasil. Esse movimento
artístico se contrapõe ao barroco ou rococó. A sua principal característica é a
reprodução de estruturas greco-romanas com figuras, alegorias e linhas
geométricas arredondadas.
Essas construções apresentavam volumes corpóreos
maciços com abóbadas e arestas, cúpulas, colunas e pórticos; seus frontões eram
triangulares com elementos estruturais de decoração. O interior valorizava o
conforto e intimidade familiar. Para tanto se utilizavam materiais nobres
(mármore, granito e madeiras de lei).
O Solar dos Delgado, como tem sido chamado, ocupa uma
área nobre da cidade. Em priscas eras, não havia nenhuma residência em seu
entorno. Este ficava no final da “Chã da bala”, próximo a propriedade de Manuel
Rodrigues, nosso primeiro prefeito, que cederia espaço para a construção do Ginásio
Diocesano (atual “Escola Dom Palmeira”), na década de 50. Não apenas a sua
fachada é larga, como também no comprimento, por pouco não chegando à rua
paralela. O seu proprietário, o patriarca da família Delgado, Antônio Carolino
ou Antônio Calô (1888-1970), foi um próspero comerciante em nosso torrão.
Na platibanda daquela residência está registrada o ano
de 1925, possível data da última grande alteração na fachada, de sua conclusão
ou, talvez, um registro da emancipação da cidade. Comparando a fotografia mais
antiga que se tem deste casarão (1933) com as imagens atuais, presumimos que a
sua fachada sofreu pouca ou nenhuma alteração desde então. Há figuras de rosas,
ramos de flores e colunas, duas janelas de cada lado divididas por uma bancada
com três janelões centrais, como que moldurados. A construção está bem acima do
nível da rua, dando-nos uma falsa noção de piso superior.
Consta que seu Antônio adquiriu o imóvel já
construído. Essa residência demarcava o final da rua Grande, por isso a placa
da antiga denominação pode ser vista na fotografia pertencente ao acervo do
Professor José Coêlho. Seu salão lateral, sobre uma garagem, serve de varanda
de balaústres e, nos eventos naquela artéria, camarote aos moradores e amigos
da família.
Hoje abriga cerca de seis famílias, que dividem o
espaço da “Vila Antônio Calô”, sendo uma das poucas referências da arquitetura
do primeiro quarto do século passado.
Rau Ferreira/Evaldo Brasil
Fonte:
- Com informes pessoais de
Ellvys Tarly Delgado.
- Foto: Acervo da História
Esperancense, produção pessoal (2013) e histórica de José Coêlho da Nóbrega
(1933)
- Wikipédia: Neoclássico.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/, pesquisa em 20/03/2016.
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