Pular para o conteúdo principal

Fabrica de Vinhos Leão do Norte

Antiga fábrica de vinhos - Fonte: Google Street View Lite

Fabriquetas de fundo de quintal são comuns em todo lugar. Em geral se obedece a uma receita caseira e com algum conhecimento da mistura se consegue um resultado satisfatório.
O nosso município já experimentou várias delas. Quando menino, lembro que na rua José Andrade se fabricava sabão. O produto era vendido na feira e tinha boa aceitação. Perfumes, garrafada e doces tudo isso era comum naquele tempo.
Por esses dias uma publicação do “reeditadas” de Evaldo Brasil mereceu um comentário de Odaildo Taveira. Dizia o velho amigo que naquela esquina, entre as ruas Santo Antônio e Joaquim Manoel já funcionava uma fábrica de vinhos.
Pois bem. Na oportunidade, firmei o compromisso de contar aquela história. Para tanto fui em busca dos meus arquivos, e encontrei uma entrevista concedida em 2011 por Saro Amâncio.
Disse o saudoso esperancense, naquela oportunidade que: “Em Esperança tinha uma fábrica de vinho de Tiago Amorim, que era ali no beco, bebida de caju, jurubeba uma planta medicinal”.
O preparo era fácil. Punha-se o açúcar no fogo e mexia até obter um “melado”, depois misturava o suco da fruta com um pouco de cachaça para dar o sabor alcoólico. Era muito parecido com “cachimbo” que as mulheres fazem para recepcionar as visitas no seu resguardo. Na verdade, o vinho era como um licor.
Segundo a narrativa, as vendas haviam caído bastante e precisavam de um atrativo. Tiago então convidou um cantador para fazer uma glosa e divulgar o produto. O escolhido foi João Benedito, que tinha bastante fama na região. Natural de Esperança, residia na rua do Boi e andava por aí fazendo seus repentes de cunho filosófico.
João parou por um instante, observou os vinhos nas prateleiras, perguntou de que eram feitos e qual era a marca. Depois de algumas respostas, cantou esses versos:

“Eu não digo por ser crítico/
e nem por combater ao assédio/
mas isso aqui serve de remédio/
ao mais pior paralítico/

Faz o novo ficar forte
e o velho virar criança/
bebendo o vinho de Esperança/
da fábrica Leão do Norte”.

E dizia Odaildo naquele seu comentário que esta era “uma gostosa lembrança”. E por falar em memória, parece-me que naquele mesmo ponto funcionou a antiga fábrica de redes.
A edificação está para sofrer reformas, talvez venha a baixo para dar lugar a outra construção. Foi essa a advertência que nos fez Marquinhos da Xerox, quando intercedeu junto a Evaldo para registrar em foto a beleza daquela esquina.
O interessante e que na cidade alguns prédios de esquinas têm esse formato arredondado. Não sei se era a arquitetura da época ou mesmo se havia alguma legislação a respeito, determinando que se fizessem curvas para melhorar a visão. O fato é que ainda existem alguns que seguem esta estética.
Para conhecer melhor, visite o blog de Evaldo. O seu “reeditadas” têm muita perspectivas e imagens municipais.


Rau Ferreira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Severino Costa e sua harpa "pianeira"

Severino Cândido Costa era “carapina”, e exercia esse ofício na pequena cidade de Esperança, porém sua grande paixão era a música. Conta-se que nas horas de folga dedilhava a sua viola com o pensamento distante, pensando em inventar um instrumento que, nem ele mesmo, sabia que existia. Certo dia, deparou-se com a gravura de uma harpa e, a partir de então, tudo passou a fazer sentido, pois era este instrumento que imaginara. Porém, o moço tinha um espírito inventivo e decidiu reinventá-la. Passou a procurar no comércio local as peças para a sua construção, porém não as encontrando fez uso do que encontrava. Com os “cobrinhos do minguado salário” foi adquirindo peças velhas de carro, de bicicleta e tudo o mais que poderia ser aproveitado. Juntou tudo e criou a sua “harpa pianeira”, como fora batizada. A coisa ficou meia esquisita, mas era funcional, como registrou a Revista do Globo: “Era um instrumento híbrido, meio veículo, meio arco de índio: uma chapa de ferro em forma de arc...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

A Energia no Município de Esperança

A energia elétrica gerada pela CHESF chegou na Paraíba em 1956, sendo beneficiadas, inicialmente, João Pessoa, Campina Grande e Itabaiana. As linhas e subestações de 69 KV eram construídas e operadas pela companhia. No município de Esperança, este benefício chegou em 1959. Nessa mesma época, também foram contempladas Alagoa Nova, Alagoinha, Areia, Guarabira, Mamanguape e Remígio. Não podemos nos esquecer que, antes da chegada das linhas elétrica existia motores que produziam energia, estes porém eram de propriedade particular. Uma dessas estações funcionava em um galpão-garagem por trás do Banco do Brasil. O sistema consistia em um motor a óleo que fornecia luz para as principais ruas. As empresas de “força e luz” recebiam contrapartida do município para funcionar até às 22 horas e só veio atender o horário integral a partir de setembro de 1949. Um novo motor elétrico com potência de 200 HP foi instalado em 1952, por iniciativa do prefeito Francisco Bezerra, destinado a melhorar o ...

Administração Odaildo Taveira (1979)

Odaildo Taveira Rocha foi eleito pela ARENA 1, com apoio de seu Luiz Martins, numa eleição muito acirrada contra José (Zeca) Torres. Ele que já havia sido vice de seu Luiz (1973-1977), agora se elegia gestor do Município de Esperança, tendo como vice o Dr. Severino (Nino) Pereira. Ex-funcionário de banco, iniciou seus estudos no Externado “São José”, da professora Donatila Lemos. Odaildo também chegou a presidir o Conselho de Desenvolvimento de Esperança que, em parceria com o PIPMOI - Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra Industrial, organizava cursos de marceneiros, tratoristas, encanadores e eletricistas a serem ministradas pelo SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.   Com relação a sua administração, colhemos dados em uma publicação do parceiro e blogueiro Evaldo Brasil, em seu site “Reeditadas”, o qual publicou um calendário com o resumo do ano de 1979, que passo a reproduzir.   “ Poder Executivo Prefeito: Odaildo Taveira Rocha Vice-pre...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...