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Há trinta anos ruía o nosso maior patrimônio

Antiga residência de Manuel Rodrigues

Há trinta anos uma comitiva do Rotary Clube de Esperança, liderada pelo ex-magistrado João de Deus Melo, intercedia junto às autoridades civis para evitar que o nosso maior patrimônio viesse a ruir.
O imóvel nº 26 da rua Manuel Rodrigues de Oliveira havia sido recém adquirido pelo Bando do Brasil para a construção de uma unidade bancária. A população ansiava para que ali fosse construído um museu ou fosse instalada uma repartição pública, mantidas as características originais da construção.
O prédio serviu de residência do primeiro prefeito, e hospedou os presidentes João Suassuna, João Pessoa e Solón de Lucena. Da sua sacada em maio de 1925, o genitor de Ariano assumiu o compromisso de emancipar o Município, sendo ainda palco do efusivo discurso do poeta Silvino Olavo que declamou a frase até hoje conhecida: “Esperança – Lyrio Verde da Borborema”.
O incansável pesquisador Jônatas Rodrigues nos repassou uma reportagem do Diário da Borborema em que a matéria foi veiculada. Na época - dizia o jornal -, a decisão do IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba) não estava sendo respeitada.
A residência seria tombada e os defensores ameaçavam recorrer à justiça, através de um embargo de obra, caso a construtora insistisse na demolição. Contudo, não houve tempo suficiente para a empreitada. É que o judiciário estava no período de férias forenses e a ação embargadora não chegou a tempo.
Não obstante, o Município tem ganhado “cara” nova a cada dia, pois o pouco que resta vem cedendo lugar para o comércio que se expande diuturnamente. A destruição mais recente foi da antiga “Pharmacia S. Pedro”, de propriedade do Sr. Nelson Andrade. Também o casarão de Bento Olímpio Torres, segundo se comenta na cidade, estaria ameaçado de demolição, para dar lugar a um empreendimento comercial.
As opiniões divergem. Uns consideram que isto é o progresso inevitável, enquanto outros mais saudosistas preferem lembrar a Esperança d’outrora.
A inexistência de uma lei de tombamento público propicia ações destrutivas do patrimônio arquitetônico local. De nossa parte, tanto minha quanto de Evaldo Brasil, procuramos registrar as imagens destes lugares para a posteridade. É o mínimo que se pode fazer, quando não se tem condições de alçar vôos maiores, nem há preocupação dos poderes constituídos.

Rau Ferreira

- BORBOREMA, Diário da. Edição de 15 de julho. Campina Grande/PB: 1986.


Agradecemos ao nosso colaborador Jônatas Rodrigues que nos cedeu o material jornalístico para compor esta postagem.

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