Pular para o conteúdo principal

Tarcísio Torres

Tarcísio Torres
Tarcísio Torres era da velha geração, dos anos dourados de Esperança. A sua história se confunde com a do próprio município que o acolheu em 1932. Filho do casal Severino e dona Corina, foi educado na fé cristã e frequentou o ensino regular no educandário fundado na data de seu nascimento.
O ex-aluno do “Irineu Jóffily”, participou das muitas festas que eram promovidas, muitas delas organizadas por Dona Lydia Fernandes, em especial as festas joaninas que tinham os irmãos Pichacos como puxadores das rodas de coco.
O seu genitor era guarda fiscal, o que lhe proporcionou uma vida confortável e socialmente ativa. A sua mãe pertencia a família Coêlho, uma senhora muito religosa e devota de Nossa Senhora ao ponto de duas de suas irmãs seguirem a vocação cristã, tornando-se freiras: Alba e Salomé. Nas palavras do ilustre João Delfino: “A família Torres sempre teve atuação destacada na vida social, política e econômica de Esperança”.
Antigo boêmio frequentava os clubes da cidade, sendo bom dançarino. Também gostava de futebol e ao lado dos irmãos Tonho e Zeca acompanhou as glórias do América, quando não estava em campo jogando uma boa “pelada”.
Na política, apoiou o irmão para prefeito em duas disputas eleitorais. Mas naquele tempo ainda não havia chegado a vez da “bandeira branca”, o que só viria a acontecer anos mais tarde, após algumas alianças e o desgaste das forças políticas que derrotaram Zeca em 1976 e 1982.
Possuía um acervo de fotos antigas e uma coleção de jornais de festas, recortes da nossa história, algumas delas já divulgadas nos blogs dos amigos João de Patrício e Jailson Andrade. Também o editor deste magazine, o inolvidável Evaldo Brasil, chegou a fazer scaner deste material quando das homenagens alusivas aos 80 anos de emancipação do nosso município. Em nossas pesquisas, Tarcísio nos ajudou com um importante depoimento sobre o cantador João Benedito, narrando algumas aventuras do mandrião Pedro Pichaco.
Tarcísio era uma dessas pessoas de coração puro e de espírito superior. Desapegado das coisas materiais, viveu para praticar o bem e ajudar ao próximo. A sua alegria contagiante é inesquecível, além de possuir uma memória invejável. Como servidor do bom Deus, nunca negara um favor a quem quer que fosse.
Antes das complicações que lhe fizeram amputar ambas as pernas, ainda no auge de seus 83 anos, Tarcísio era sempre visto na Praça do Calçadão, ora revivendo suas memórias ou falando com os conhecidos. Sua alma repousa em paz.


Rau Ferreira

Postagens mais visitadas deste blog

A Energia no Município de Esperança

A energia elétrica gerada pela CHESF chegou na Paraíba em 1956, sendo beneficiadas, inicialmente, João Pessoa, Campina Grande e Itabaiana. As linhas e subestações de 69 KV eram construídas e operadas pela companhia. No município de Esperança, este benefício chegou em 1959. Nessa mesma época, também foram contempladas Alagoa Nova, Alagoinha, Areia, Guarabira, Mamanguape e Remígio. Não podemos nos esquecer que, antes da chegada das linhas elétrica existia motores que produziam energia, estes porém eram de propriedade particular. Uma dessas estações funcionava em um galpão-garagem por trás do Banco do Brasil. O sistema consistia em um motor a óleo que fornecia luz para as principais ruas. As empresas de “força e luz” recebiam contrapartida do município para funcionar até às 22 horas e só veio atender o horário integral a partir de setembro de 1949. Um novo motor elétrico com potência de 200 HP foi instalado em 1952, por iniciativa do prefeito Francisco Bezerra, destinado a melhorar o ...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

Magna Celi, escritora e poetisa

Esperança pode não ser uma cidade de leitores, mas certamente é um município de grandes escritores. Na velha guarda, encontra-se o poeta Silvino Olavo, e mais recente, a escritora e poetisa Magna Celi. Filha do casal Maria Duarte e José Meira Barbosa; irmã do Dr. João Bosco, Benigna, Graça Meira e Paula Francinete. Casada com o eminente Professor Francelino Soares de Souza, que assina uma coluna nesse jornal aos domingos; ela tem se destacado com inúmeras publicações. Graduada em letras pela UPFB, Mestra em Literatura Brasileira e com especialização em língua vernácula inglesa. Estreou nas letras em 1982, com “Caminhos e Descaminhos”. Desde então têm inscrito o seu nome entre os grandes nomes da poesia paraibana. É ela mesma quem nos fala sobre as suas origens: “Nasci na cidade de Esperança, brejo paraibano, de clima frio, chamada, no princípio de sua fundação, de Banabuié. Aconteceu na rua da Areia, nº 70. Fui batizada pelo Padre João Honório, na Igreja Nossa Senhora do Bom ...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...