“E os ‘detentos’... em –
DESVAIROS”
“ – Et
pour cause...”
Silvino Olavo
Silvino Olavo escreveu – e escreveu muito e bem –
sobre diversos autores, seus contemporâneos, a exemplo de Augusto dos Anjos e
José Américo de Almeida, louvando-lhe a técnica, chamando a atenção para forma
invulgar, ou simplesmente apresentando a um público desconhecido o neófito,
como foi o caso de Leonel Coêlho. Fez a síntese da literatura de seu tempo,
publicando a sua genial “Cordialidade”, publicada em N.York em 1927.
Dizia ele em seus manuscritos insertos entre as
páginas do livro “Horto de Máguas” da dificuldade enfrentadas pelos autores
que, considerada a sua abnegação pelo trabalho, precisavam renunciar aos
próprios bens na medida que buscavam conciliar a subsistência e o amor pela
arte.
Escreve-nos o velho poeta:
“Alguns autores, mesmo alguns
poucos autores que, conseguindo associar em vez de sobreviver, conseguem
abandonar do seu espólio de obras a prova de esforço (...)”.
Naqueles idos, assim como se constituí hoje, a publicação
de uma obra demandava esforços de tempo e dinheiro; as editoras voltadas ao
mercado consumidor, pouco privilegiavam os escritores que se viam forçados a se
desfazerem do próprio patrimônio para ver nascer o sonhado livro.
Não obstante, fugindo das conjecturas, das fantasias
melodramáticas e dos contos de ilusão, havia uma pequena fileira de estudantes
que traziam à lume as suas monografias de final de curso. Com uma pequena
ressalva, dizia-nos Silvino:
“(...) raríssimos são
aqueles menos citados em benefício de tese ou em abano da sua recente
colocação... perante a Vida!”.
Olavo tratou do escrever (bem ou mal) alçando ao
panteão aqueles autores que conduziam as suas brochuras, batendo portas de
jornais angariando alguma publicação.
Ainda hoje vemos essa mesma euforia de quem busca
socorrer dos meios de comunicação na salvaguarda do seu ineditismo. Porém como
ontem - factum est – estes não
encontram guarida, sendo poucos os privilegiados como nomes de “família” cujas
portas sempre estiveram abertas e as janelas escancaradas.
Quanto a nós, pobres mortais, desejosos de uma réstia
de luz, amarguramos às expectativas de um dia, nascido do vente d’alguma
gráfica, resplandecente venha a brilhar no cenário nacional aquele que de punho
se gerou, e ousadamente se intitula: Alpha de Centauro!
Rau Ferreira
Referência:
-
FERREIRA, Rau. Silvino Olavo. Epgraf.
Esperança/PB: 2010.
-
OLAVO, Silvino. Manuscritos. In Horto
de Máguas de Gonzaga Duque (1914). Livro ofertado ao poeta por Haroldo Daltro,
em 31/07/1927.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.