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Ernane Santos - Anos 60 |
Esperança por
sua origem mercantilista sempre foi um município comunicativo. Os caixeiros
viajantes se valiam da fala para apresentarem seus produtos e garantirem as
suas vendas.
Não obstante,
os cordelistas também se utilizavam desta prática, a exemplo de João Benedito,
Toinho e Dedé da Mulatinha.
Pois bem.
Nesse universo da comunicação, a radiodifusão também marcou época em nossa
cidade nas vozes de Ernani Santos, Pedro
Barbosa (Pedoca), Ana (Ana
da Rádio), José Gerônimo dos Santos
(Gera); e nos serviços de som da Casa Paroquial, com seu Pedro Florentino de Souza (Pedro Sacristão), do Colégio Estadual
nos anos 80, com o grêmio estudantil e, eventualmente, nos finais de ano, com a
difusora do Parque Maia, que dispunha de um postal sonoro.
Mas vamos
falar de seu Ernani, que foi um dos precursores deste serviço em nosso
Município.
Em 1952, Esperança ainda
se resumia a poucas ruas, onde foi instalado o “Serviço de Alto Falante Voz
Livre de Esperança”, espalhados num limite de 500 metros para uma melhor
recepção. Essa difusora chegou a incomodar o regime militar. O seu
proprietário, Ernani Santos, em entrevista concedida ao jornalista Jacinto
Barbosa para o site virgulino.com,
relatou que se lia “notícias da UDN, do
PSB e do Partido Comunista. Mas o que não agradava aos homens tinha que ser
descartado”, fato esse que certa vez rendeu o recolhimento dos equipamentos
pelo exército brasileiro, sob a alegação de ser um “veículo comunista”.
Sua ousadia era tanta que
em 1959, seu Ernani chegou a criar a Rádio Cultura, que contava inclusive com
programa de auditório onde reunia os artistas da terra, tais como: Euclídes Rodrigues (seresteiro e
violinista) e os românticos Pepê e Zé Cabugá. Era a chamada “ACY-7”,
sintonizada na freqüência 1.300 quilociclos, localizada no início da Rua
Epitácio Pessoa (rua do boi) esquina com a rua Manuel Cabral, que ainda tinha
nos seus quadros o experiente Heleno Graciano.
Em 1964 a rádio saiu do
ar, mas pouco tempo depois voltou a funcionar, de novo sob o sistema de
radiodifusão, agora denominada de “Voz Independente de Esperança”, nos moldes
do serviço anterior. O seu acervo contava com quase 2.500 discos, muitos deles
de cera e até 78 rotações.
Para dizer da importância
deste serviço de sonorização, quando os estudantes esperancenses se uniram sob
o pálio da criação do Colégio Estadual, no ano de 1964, estes iniciaram uma
campanha com intensa divulgação na difusora de Ernane, angariando assim mais de
1.100 assinaturas, reivindicando ao Governador Pedro Gondim o almejado Colégio.
Em 1982 a difusora de
Ernane encerrou definitivamente as suas atividades, mas essa tradição popular
ainda hoje se mantém firme seja na voz de “Pedoca”,
com o seu serviço de som nas imediações do mercado público, ou mesmo através de
Narciso Batista, que informa,
diverte e toca melodiosas canções no centro da cidade, pela Rádio Alternativa.
Por outro lado, temos seu Manuel Galego que
retransmite alguns programas da BanFM. Em maior ou menor grau, cada um
contribui da sua maneira para a história da radiodifusão local.
Rau Ferreira
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