Pular para o conteúdo principal

Esperança em 1935


TÚNEL DOTEMPO:
ESPERANÇAEM 1935

Reportagem Especial

D
ando seqüência anossa série “Túnel do Tempo”, vamos falar um pouco do município de Esperança noano de 1935.

Neste ano, há pouco havia sido exonerado o tenente Sebastião Maurício daCosta, digno oficial da Polícia Militar que exerceu também a chefia dadelegacia local. Segundo consta, sempre exerceu sua função com critério,deixando aqui inúmeros amigos.
A gerência do Cine Ideal informava o abuso dos fumantes que adentravam aorecinto, bem como de crianças sem o devido ingresso, advertindo que a partirdaquele momento seriam tomadas as providências para sanar tais abusos,inclusive muitos pais de famílias tomariam o devido conhecimento destes fatos.Também era inaugurado naquela sala de projeção, as novas instalaçõesprovidenciadas pelo seu proprietário Ignácio Rodrigues.
Em 24 de agosto do mesmo ano era criada a Inspetoria de HigieneMunicipal, por Decreto do Sr. Prefeito Theotônio Costa, tendo assumido a funçãode médico o Dr. Sebastião Araújo. Em menos de seis meses 540 pessoas haviamsido atendidas naquele posto médico.
Regressava da capital sul os comerciantes Ignácio Cabral de Oliveira eFausto Firmino Bastos, este último sócio-gerente da firma J. Valdez &Irmão. Este distinto cidadão havia viajado recentemente para Fortaleza e eracandidato a vereador pelo Partido Progressista.
O seu sócio José Valdez do Nascimento, também aniversariou dia 20 denovembro. Registrava A União, que o distinto cidadão gozava da simpatia dosesperancenses, tendo sido muito cumprimentado neste dia. Pela passagem do seunatalício, ofereceu aos amigos um lauto almoço em sua residência.
Ainda no dia 24 de agosto aniversariava o jovem Aspasio Soares, gerenteda Loja Paulista de Esperança, que ofereceu igualmente um almoço aoscompanheiros. Usaram da palavra em homenagem ao moço o Dr. Clodomiro deAlbuquerque, Hortêncio Ribeiro e Fausto Bastos.
E da capital paraibana, retornavam os srs. Theotônio Rocha e distintafamília, além do prefeito municipal e o Sr. Severino Donato, funcionário daFazenda Estadual.
Esperança vivia o auge da batatinha e na oportunidade, visitava estemunicípio o Inspetor Agrícola do Estado, Sr. Clodomiro de Albuquerque, que sefez acompanhar dos alunos da Escola Irineu Jóffily até o Campo de Cooperação,assistindo a demonstração de cultivo da leguminosa.
Mas o que mais chamou a atenção dos visitantes foi uma plantação doalgodão “Texas”, de onde se esperava colher umas cem arrobas, em prol docrescente fomento agrícola de Esperança.
Ainda naquele ano, contraíanúpcias o Sr. José de Oliveira Cuchatus com senhorita Deoclecia Sampaio. Elefuncionário dos Correios e Telégrafo local e ela uma jovem da nossa sociedade.
O fato curioso fica por conta doSr. Manuel Firmesa, Secretário Municipal que em setembro daquele ano assumiuinterinamente a prefeitura, mostrando bastante empenho em reparar as estradasde rodagem que ligam este município a outros vizinhos, danificadas pelas chuvasdo inverno.
Aproximava-se as eleições e doisfortes candidatos disputavam o poder executivo municipal: o Dr. HelenoHenriques, candidato da dissidência; e o Sr. Theotônio Costa, tendo-se comocerta a vitória deste na legenda do Partido Progressista, do qual fazia parte omédico Sebastião Araújo.
E a passeio, dirigiram-se àCapital da Paraíba a senhorita Noêmia Rodrigues e sua genitora, D. Esther(Niná) Rodrigues, digna esposa do ex-prefeito e comerciante Manuel Rodrigues deOliveira, presidente do Partido Progressista.
Ainda em visita a esta comuna,compareceu o Coronel Elysio Sobreira que à época exercia a chefia da Polícia doEstado, em companhia do Dr. João Medeiros Filho, que havia sido nomeadodelegado de polícia em Campina Grande.
Outro fato importante de nossacomunidade, no ano de 1935, foi entronização do Sagrado Coração de Jesus,ocorrida em agosto, na residência do Dr. Hortênsio Ribeiro. O ato foi presididopelo Monsenhor Severiano, que proferiu uma brilhante locução sobre o ato. Ocasal recepcionou os convidados oferecendo-lhes um cálice de licor.
Para o ano de 1935, eram arrecadados5.595$800 em moeda corrente, deixando um saldo positivo para o mês seguinte de1:294$000, segundo o balancete municipal de 3 de novembro do mesmo ano. Atabela fora confeccionada pelo Sr. Pedro de Alcântara Torres, coletor emexercício da secretaria, com autorização do prefeito também em exercício, Sr.Manuel Simplício Firmeza.

Rau Ferreira

Fonte:
-        A UNIÃO, Órgão do governo do Estado da Paraíba, 7 desetembro. João Pessoa/PB: 1935.
-        A UNIÃO, Órgão do governo do Estado da Paraíba, 13 denovembro. João Pessoa/PB: 1935.
-        A UNIÃO, Órgão do governo do Estado da Paraíba, 20 denovembro. João Pessoa/PB: 1935.
-        A UNIÃO, Órgão do governo do Estado da Paraíba, 24 denovembro. João Pessoa/PB: 1935.
A UNIÃO, Órgão dogoverno do Estado da Paraíba, 5 de fevereiro. João Pessoa/PB: 193

Comentários

  1. Caro Rau,

    Parabéns pelo seu blog. Ele está cada vez melhor. É díficil encontrar um espaço onde a história municipal seja tão valorizada e você faz isso em seu blog de forma genial: valoriza a bela cidade de Esperança, na qual trabalhei na década de 1990, quando da instalação do Posto do INSS. Um forte abraço para você e para todo o povo de Esperança.

    Ozildo
    http://www.construindoahistoria.com

    P.S. Em breve estarei postando algo sua cidade em nossa página.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

Dom Manuel Palmeira da Rocha

Dom Palmeira. Foto: Esperança de Ouro Dom Manuel Palmeira da Rocha foi o padre que mais tempo permaneceu em nossa paróquia (29 anos). Um homem dinâmico e inquieto, preocupado com as questões sociais. Como grande empreendedor que era, sua administração não se resumiu as questões meramente paroquianas, excedendo em muito as suas tarefas espirituais para atender os mais pobres de nossa terra. Dono de uma personalidade forte e marcante, comenta-se que era uma pessoa bastante fechada. Nesta foto ao lado, uma rara oportunidade de vê-lo sorrindo. “Fiz ciente a paróquia que vim a serviço da obediência” (Padre Palmeira, Livro Tombo I, p. 130), enfatizou ele em seu discurso de posse. Nascido aos 02 de março de 1919, filho de Luiz José da Rocha e Ana Palmeira da Rocha, o padre Manuel Palmeira da Rocha assumiu a Paróquia em 25 de fevereiro de 1951, em substituição ao Monsenhor João Honório de Melo, e permaneceu até julho de 1980. A sua administração paroquial foi marcada por uma intensa at

Escola Irineu Jóffily (Inauguração solene)

Foto inaugural do Grupo Escolar "Irineu Jóffily" Esperança ganhou, no ano de 1932, o Grupo Escolar “Irineu Jóffily”. O educandário, construído em linhas coloniais, tinha seis salões, gabinete dentário, diretoria, pavilhão e campo para atividades físicas. A inauguração solene aconteceu em 12 de junho daquele ano, com a presença de diversos professores, do Cel. Elísio Sobreira, representando o interventor federal; Professor José de Melo, diretor do ensino primário estadual; Severino Patrício, inspetor sanitário do Estado; João Baptista Leite, inspetor técnico da 1ª zona e prefeito Theotônio Costa. Com a direção de Luiz Alexandrino da Silva, contava com o seguinte corpo docente: Maria Emília Cristo da Silva; Lydia Fernandes; Amália da Veiga Pessoa Soares; Rachel Cunha, Hilda Cerqueira Rocha e Dulce Paiva de Vasconcelos, que “tem dado provas incontestes de seu amor ao ensino e cumprimento de seus deveres profissionais”. A ata inaugural registrou ainda a presença do M

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani,