Pular para o conteúdo principal

Logogrifos na Gazeta do Sertão

A “Gazeta do Sertão” casualmente publicava logogrifos enviados pelos seus leitores, que também se punham a decifrar e trocavam charadas entre si naquele periódico. Os mais freqüentes eram de autoria de Cândido Filho, de Campina Grande, e Joviniano Sobreira, de Banabuyé (Esperança).
Esta espécie de enigma é composta por letras disposta em uma palavra ou frase em ordem aleatória (conceito), e uma palavra-chave que indica o caminho que se pretende desvendar. Não é tão fácil quanto parece e requer uma técnica apurada. Observe os versos a seguir:

“Com este feche, ou molho,                    11, 4, 14
A maçã grande, comi;                              8, 7, 3, 9, 14
E esta espécie de junco,                           13, 10, 6, 8, 14
Tumor ósseo, que eu vi.                           8, 14, 9, 14
Tem nós,                                                        8, 14, 9, 14, 12, 14
O logar alto,                                                 6, 10, 9, 14, 14
Machina, temos;                                         1, 14, 3, 11, 2
É excessivo,                                                   16, 4, 6, 4, 14
Na orelha do homem,                                              15, 2, 11, 4, 5
Moeda vemos                                                              5, 2, 11, 4, 6

Conceito:
Celebre compositor hamburguês
Compoz o sonho d’uma noite de verão
A primeira orchestra do mundo;
Foi debaixo de sua direcção.
Esperança, 25 de setembro de 1888.
Por Juviniano Augusto de Araújo Sobreira”.

A resposta é FELIX MENDELSSOHN.

Do mesmo autor, temos o seguinte desafio:

“Folha e signal,            8, 4, 3, 7
Oleoso liquor;                              3, 2, 6, 10
Este é cruel,                   1, 9, 6, 4
De pouco valor.           5, 7, 8, 4

Conceito:
Governo popular;
O conceito, vá estudar.
Banabuyé, 13 de Abril de 1889
Joviniano Sobreira”

Para esta charada a decifração é DEMOCRACIA!

A Gazeta de Irineu e Retumba além do material histórico e geográfico, crônicas, denúncias e notícias campinenses, trazia muita variedade para o deleite de seus leitores.
Rau Ferreira*

Referência:
- GAZETA DO SERTÃO, Jornal. Ano I, N°S 14 e 15. Campina Grande/PB: 1888.
- GAZETA DO SERTÃO, Jornal. Ano II, N°s 34 e 40. Campina Grande/PB: 1889.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Exposição de Helle Bessa

  Por Ângelo Emílio da Silva Pessoa*   Nessa Quinta-feira (12/06/25), na Galeria Lavandeira (CCTA-UFPB), tive a honra e o prazer de comparecer à abertura da Exposição "Impressões Contra o Fim", da artista plástica Helle Henriques Bessa (1926-2013), natural de Esperança (PB) e que tornou-se Freira Franciscana de Dillingen, com o nome de Irmã Margarida. Durante anos foi professora de artes nos Colégios Santa Rita (Areia) e João XXIII (João Pessoa). Helle Bessa era prima da minha mãe Violeta Pessoa e por décadas convivemos com aquela prima dotada de uma simpatia contagiante. Todos sabiam de seu talento e que ela havia participado de exposições internacionais, mas sua discrição e modéstia talvez tenham feito com que sua arte não tenha ganho todo o reconhecimento que merecia em vida. Anos após seu falecimento, as Freiras Franciscanas doaram seu acervo para a UFPB e foi possível avaliar melhor a dimensão de seu talento. As falas na abertura destacaram seu talento, versatilida...

Sitio Banaboé (1764)

  Um dos manuscritos mais antigos de que disponho é um recibo que data de 1º de abril do ano de 1764. A escrita já gasta pelo tempo foi decifrada pelo historiador Ismaell Bento, que utilizando-se do seu conhecimento em paleografia, concluiu que se trata do de pagamento realizado em uma partilha de inventário. Refere-se a quantia de 92 mil réis, advinda do inventário de Pedro Inácio de Alcantara, sendo inventariante Francisca Maria de Jesus. A devedora, Sra. Rosa Maria da Cunha, quita o débito com o genro João da Rocha Pinto, tendo sido escrito por Francisco Ribeiro de Melo. As razões eram claras: “por eu não poder escrever”. O instrumento tem por testemunhas Alexo Gonçalves da Cunha, Leandro Soares da Conceição e Mathias Cardoso de Melo. Nos autos consta que “A parte de terras no sítio Banabuiê foi herdade do seu avô [...], avaliado em 37$735” é dito ainda que “João da Rocha Pinto assumiu a tutoria dos menores”. Registra-se, ainda, a presença de alguns escravizados que vi...

Padre Zé e o Cinquentenário da Escola das Neves

Quando a Escola das Neves, que funcionava na Capital paraibana, completou cinquenta anos, o Padre Zé Coutinho escreveu uma emocionada carta que foi publicada no Jornal O Norte em 13 de novembro de 1956. O fundador do Instituto São José iniciou os estudos primários no Colégio Diocesano Pio X, quando aquele educandário funcionava como anexo ao Seminário Arquidiocesano da Parahyba. Depois matriculou-se no Colégio N. S. das Neves, naquela mesma cidade, pois ainda havia uma seção para estudantes do sexo masculino. Retornou, depois, para o Pio X para fazer o curso secundário. A missiva – endereçada a Benedito Souto – trazia o seu depoimento sobre aquele tradicional educandário: “Também, fui aluno do Curso Masculino, de Julho de 1906 a Novembro de 1907, ao lado de Alceu, Antenor e Mirocem Navarro, Mário Pena, Paulo de Magalhães, João Dubeux Moreira, Ademar e Francisco Vidal, Otacílio Paira, Mário Gomes, Gasi de Sá e tantos outros” – escreveu o Padre Zé. Era professora a Irmã Maria Anísi...

As festas de S. João (1933)

  Jornal “A União”   Constituíram um verdadeiro acontecimento as festas sanjoanescas nessa florescente vila serrana. O programa das mesmas, que foram realizadas em benefício da Caixa Escolar “Joviniano Sobreira”, ficou a cargo de 3 comissões, assim distribuídas: Comissão Central: Drs. Sebastião Araújo, Samuel Duarte, Heleno Henriques, Luiz de Gonzaga Nobrega, Manuel Cabral, Srs. Júlio Ribeiro, Theotônio Costa, Manuel Rodrigues, José Souto, Severino Diniz, Theotônio Rocha e Pedro Torres, Sras. Esther Fernandes, Firmina Coelho Nobrega, Virgínia Cunha, Elvira Lima, professora Lydia Fernandes e Severina Sobreira; comissão de organização – Srs. José Carolino Delgado, José Brandão, Sebastião Rocha, José Rocha, Antônio Coêlho, Fausto Bastos, José Passos Pimentel, Miguel Felix, João Santiago Ulisses Coelho, Francisco Bezerra, Claudino Rogério, Francisco Soares; comissão de ornamentação – senhoritas Noemia Rodrigues, Marieta Coelho, Dulce Paiva, Hilda Rocha, Oneide de Luna Freire...

Dica de Leitura: Badiva, por José Mário da Silva Branco

  Por José Mário da Silva Branco   A nossa dica de leitura de hoje vai para este livro, Badiva, voltado para a poesia deste grande nome, Silvino Olavo. Silvino Olavo, um mais ilustre, representante da intelectualidade, particularmente da poesia da cidade de Esperança, que ele, num rasgo de muita sensibilidade, classificou como o Lírio Verde da Borborema. Silvino Olavo, sendo da cidade de esperança, produziu uma poesia que transcendeu os limites da sua cidade, do seu Estado, da região e se tornou um poeta com ressonância nacional, o mais autêntico representante da poética simbolista entre nós. Forças Eternas, poema de Silvino Olavo. Quando, pelas ruas da cidade, aprendi a flor das águas e a leve, a imponderável canção branca de neve, o teu nome nasceu sem nenhuma maldade, uma imensa montanha de saudade e uma rasgada nuvem muito breve desfez em meus versos que ninguém escreve com a vontade escrava em plena liberdade. Silvino Olavo foi um poeta em cuja travessia textual...