Pular para o conteúdo principal

Poetas e repentistas esperancenses

Esperança é mesmo um celeiro de vocações, como apregoava José Torres. E a cada nova visitação encontramos novas referências a nossa vasta cultura. Destacamos aqui os principais poetas populares e repentistas conhecidos.
Consta que viveu em Esperança um mulato conhecido por João Benedito (1860-1943). Seus versos irreverentes mereceram estudo do folclorista Camara Cascudo, que lhe citou o mote: “O Homem e o Tempo”.
Igualmente natural destas paragens é o escritor e cordelista Egídio de Oliveira Lima (1904-1965), cuja obra - “Os Folhetos de Cordel” - faz parte do acervo da Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.
Os mais conhecidos, porém, foram TOINHA e DEDÉ DA MULATINHA.
Os irmãos Antonio Patrício de Souza (Toinho) e José Patrício de Souza (Dedé), deixaram como legado uma vasta lista de cordeis, levando o nome de Esperança inclusive fora do Estado.
O próprio Toinho chegou a lançar um disco de emboladas, em parceria com Chico Sena no ano de xx. Enquanto Dedé percorreu o mundo vendendo os seus folhetos e se apresentando em praça pública.
Podemos citar ainda os irmãos Pichacos liderador por Pedro, que eram bons no improviso. E outros tantos que acorrem as nossas feiras semanais e que permanecem desconhecidos do grande público.
Por fim, na atualidade, temos o professor Evaldo Brasil que escreve os seus cordéis na internet fazendo uma atualização desta arte tão antiga. Se bem que poderíamos chamar de “cordenet”, por fugir a regra dos folhetos expostos em varal. Mas o fato é que Evaldo resgata a cultura cordelista dando-lhe atualização em uma mídia bastante concorrida e carente de cultura nordestina. Sua característica principal é o cordel de sete sétimas (49 versos).
E o casal performático Macambira e Querindina, protagonizado pelo ativista cultural Fernando Rocha e sua esposa a professora Marinalva Menezes, que fazem um amplo trabalho de divulgação do cordel e participam de eventos como o Flip Parati-RJ e projetos contra a corrupção e o voto limpo, além de promoverem o Festival de Literatura de Cordel em nossa cidade.

Rau Ferreira

Fonte:
  • CASCUDO, Luiz da Câmara. Vaqueiros e cantadores: folclore poético do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará Vol. 6. Ed. Globo: 1939, p. 153;
  • ALMEIDA, ÁTILA Augusto F. (de). SOBRINHO, José Alves. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de bancada, Volumes 1-2. Ed. universitária: 1978, p. 158;
  • Bibliografia CORDEL WIKI. Disponível em: http://pt-br.cordel.wikia.com, acesso em 19/08/2010;
  • LIMA, Egídio de Oliveira. Os folhetos de cordel. Ed. Universitária/UFPb: 1978.
  • I Festcordel - Festival Estudantil de Literatura de Cordel, promovido por Macambira & Querindina. Esperança/PB: dezembro de 2006;
  • Blog “Banabuyê 300”: http://evaldobrasil.blospot.com, acesso em 19/08/2010.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco...

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani, ...