Pular para o conteúdo principal

Ruas populares

Hoje vamos falar dos nomes populares de ruas. O nosso município tem um histórico conhecido de apelidar as ruas, cuja tradição chega a se sobrepor ao nome oficial, de maneira que a rua chega a ser mais conhecida pelo seu nome vulgar, do que propriamente pelo nome de registro. Não obstante, cada nome tem uma razão de ser. Então citemos algumas delas, de acordo com a sua origem:

POPULAR
OFICIAL
OBSERVAÇÃO
RUA DO SERTÃO
Dr. Solon de Lucena
Era o principal caminho para o Sertão
RUA NOVA
Presidente João Pessoa
Porque era mais nova que a Rua do Sertão
RUA DO BOI
Senador Epitácio Pessoa
Por onde transitavam boiadas do brejo, e onde havia um antigo curral
RUA DE AREIA
Antenor Navarro
Era o caminho para a cidade de Areia
CHÃ DA BALA
Manuel Rodrigues de Oliveira
Onde se registrou um grande tiroteio
RUA DE BAIXO
Dr. Silvino Olavo da Costa
Por ter casas baixas, descida pro Açude Banabuyé
RUA DO AÇUDE
Professor Joaquim Santiago
Ruas do entorno do antigo Banabuyé (Açude Velho)
RUA DA LAGOA
Farmacêutico João Mendes
Área da lagoa mais antiga, onde havia alagamentos no inverno
RUA PAROQUIAL
Monsenhor Severiano
Onde fica a Casa Paroquial
RUA DA SANBRA
Dr. Sebastião Araújo
Onde funcionou a Sanbra*
RUA DO CEMITÉRIO OU CAMPO SANTO
Joaquim Virgolino da Silva
Onde fica o cemitério Nossa Senhora do Carmo
RUA DO CABARÉ OU “MANICHULA”
Rua 13 de Maio
Onde havia a maior concentração de prostíbulos
RUA DO CARRETEL
Rua 05 de Agosto (Imediações)
Por onde se dava voltas em quem seguia por ciúme
*Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro

Algumas curiosidades: A rua Chã da bala, ao contrário do que muitos pensam, não ganhou esse nome nos anos 60 do Século passado. Muito antes ela já era conhecida por Chã da Bala. O jornal “Gazeta do Sertão” noticia que em 1881 nove arruaceiros invadiram a povoação de Banabuyé e com armas em punho, deram tiros para o alto, ordenando que se fechassem as portas e dando fim ao divertimento local, ficando assim conhecida porque o chão da rua ficou cheio de cartuchos de balas.
A antiga rua do Cabaré, que hoje não mais é conhecida por esse nome, por se encontrar inteiramente urbanizada, com posto de saúde, escola paroquial, capela e outros serviços públicos, já fora conhecida no passado como rua dos Avelós, por ter uma carreira de avelós, e também rua da Urtiga.
A rua da Gameleira ficava no final da rua Beleza dos Campos, onde se dizia que existia uma árvore (gameleira) muito grande. O escritor Epaminondas Câmara em suas reminiscência menciona o terrível Manoel Pelado, um acaba feira que dizia não ter medo de ninguém, e que residia “Debaixo da gameleira, em frente a casa de seu Zezé”.
A rua do Prado era a Alfredo Régis, e ganhou esse nome porque antigamente se realizavam ali corridas de cavalos. Essa rua também é conhecida como rua da Cadeia, porque ali está sediada a Cadeia Pública. Já a rua da Beleza ficou assim conhecida por ser um lugar deslumbrante, onde antigamente tinha muito verde.
A rua da feira mudou de lugar, mas não mudou de nome, sempre quando a feira era realocada, ou seja, a rua da feira já foi na Manoel Rodrigues, na Solon de Lucena, e hoje está espalhada entre as ruas que circundam o mercado público.
A rua dos Mercantis (na atual Elísio Sobreira), se supõe que era assim chamada porque era o ponto de descarga dos caminhões de mercadorias para entrega no comércio local.
No Portal, saída para Areial, antes do legislativo regular os nomes das ruas elas eram chamadas por nomes de rosas, assim tinha a rua dos Ipês, rua das Margaridas etc.
Menos conhecidos em Esperança, temos a rua do Tanque (rua do reservatório 05 de agosto, conhecido por Tanque do Governo), rua do Chafariz (rua Teotônio Cerqueira Rocha, onde fica o salão de Bam Bam), rua do Sossego (que desce para a antiga Usina de Lixo), a rua da Maternidade (atual Monsenhor Palmeira), a rua do CSU (rua General Osório), a rua da Cagepa (Desportista Eliziário Costa), a rua das Umburanas (ou Nascimento Manoel), rua da Feira de Panelas (rua Maria Bezerra, onde se comercializa panelas de barro), rua do Lagedo (ou rua do Sol, na comunidade S. Francisco), o Beco do Padre (na lateral da Igreja Matriz), Buraco da Gia (perto de Mané Moizinho), Beco da Facada (Trav. Presidente Dutra), Beco da Largatixa, rua da feira de passarinho, que também era conhecida por Beco de Luziete (Rua João Cabugá), Beco do Triângulo (por trás da residência de Mané Moizinho) e o Beco do Tatu (atual Travessa Graciano Fernandes), onde certa feita Lanco encontrou a seguinte quadra: “A vida não vale nada,/ Tu também nunca valeu./ A vida é assim/ Morre tu e morre eu!
Valorizando a prata da casa muitos esperancenses foram homenageados com denominações de ruas, entre eles: Adielson de Assis Alves (Desportista); Antônio Carolino Delgado (político, ex-Presidente da OAB/PB); Antônio Coêlho Sobrinho (político); Dr. Manoel Cabral (Médico); Elisiário Costa (Desportista); Isaias Nogueira dos Santos (Político); João Mendes (Farmacêutico); José Ramalho da Costa (Comerciante, Ex-presidente do América); Pedro Mendes de Andrade (Farmacêutico); Severino de Alcântara Torres (Agente Fiscal); Severino de Assis Nascimento (Seu Tatá, comerciante) e Teotônio Tertuliano da Costa (Político).
Já na cidade de Campina Grande, foram homenageados com nomes de ruas os seguintes esperancenses, consoante nos informa o pesquisador Eudes Donato: Ana Firmino da Costa, Carlos Antônio Vieira, Celsa Virgulino da Nóbrega, Egídio de Oliveira Lima, Francisco Januário de Lacerda e Luis Carlos Virgolino. 


Rau Ferreira

Comentários

  1. Acrescentem-se ainda o "beco de Arara", o "beco de Ramalho" e o beco de "Ciço da Luz"! Só uma dúvida: Não seria Arlindo Carolino Delgado, ex-prefeito de Esperança e
    ex-presidente da OAB-PB?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani, ...