A HISTÓRIA CHAMA
Pedro revive
Hoje passando
pela praça, nos meus muitos afazeres, ouvi de longe um “zum zum zum”, que me
chamou a atenção. Dizia o interlocutor que o tal bancava com copo de vidro e
era um negro malandro; foi apenas o que pude ouvir, no meio de tanto vozerio,
que é característico do calçadão esperancense. Dei meia volta, pois já conhecia
a personagem.
- Só pode ser
Pedro Pichaco, não é?!
- Sim, é
Pedro! Disse-me Assis eletricista que trabalhou durante muitos anos na
Prefeitura de Esperança.
- Conheci
muito bem – continuou – Pedro Pichaco era um negro bom... bancava bozó com três
copos de vidro, assisti muito ele fazendo esse jogo; quando chegava de viagem,
pegava toda aquela meninada e pagava para eles entrarem no cinema de
Titico. Morreu na Bahia, confundido que
fora com um desafeto.
Perguntei-lhe
como era o sujeito, no que me respondeu:
- Era alto e
elegante, já naquele tempo. Aqui na praça (calçadão) tinha duas bombas da
Texaco. Lá na frente (referindo-se ao outro lado da rua) tinha outra. As festas
do “13 de maio” era muito bonitas, organizadas por Zé Luiz Pichaco, Adauto que
era pai de Dudé.
Perguntei como
é que podia se bancar jogo de dados com copo de vidro:
- Ora, ele
fazia... aquele nêgo tinha muita conversa e naquele tempo o povo era muito
inocente acreditava em tudo. Ele chegava, abria um guarda-sol daqueles todo
colorido e todo mundo ficava admirado dizendo “olha só, o que é aquilo”, então
se aproximavam para ver, e Pedro ainda aproveitava para vender aquelas
garrafadas para levantar os homens.
A conversa foi
resumida, já que estava na hora de trabalho, mas dei para perceber bem que a
figura de Pedro ainda é presente nos bate-papos da praça, com suas artimanhas e
anedotas que o fizeram popular.A conversa foi
resumida, já que estava na hora de trabalho, mas dei para perceber bem que a
figura de Pedro ainda é presente nos bate-papos da praça, com suas artimanhas e
anedotas que o fizeram popular.
Assis ainda
apontou para o paço da matriz ao se referir as festas de maio que se realizavam
em alusão a escravatura, que eram muito animadas; disse que se lembra de tudo
de 50 prá ca e falou que no beco (onde hoje funciona Marquinhos da Xeros) tinha
os bares de Novo e Mané Jesuíno, além da entrada secundária do Cinema S.
Francisco.
Fato curioso
que pela rua Manoel Rodrigues o preço do cinema era um e por trás era metade,
já que as pessoas assistiam o filme “pelo avesso”, apesar de já ter gente
treinada em ler o letreiro de trás prá frente.
Apenas a
título de registro, semana passada faleceu o Sr. Genival que vendia móveis em
nossa cidade. A sua loja se chamava “Sapriquita Móveis” que, segundo o
proprietário, ficava na “rua do cipó em pé”.
Coisas da
minha terra...
Vez por outra me deparo com esses fatos curiosos, não por acaso, que talvez inexista, mas por destino que me elegeu o seu escritor. A história chama!
Rau Ferreira
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