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Mostrando postagens de abril, 2018

Sol e Pádua de Almeida

Pádua de Almeida é mais um desses casos de poetas esquecidos. Irmão de Moacir de Almeida, Pádua é autor de “ Instante Universal ” que chegou a ser traduzido para o espanhol em 1936, e relançado em castelhano com publicação em Buenos Aires. Também de sua lavra é o livro “ O Luar de Outros Caminhos ”, obra analisada por grandes pensadores de sua época, a exemplo de Tasso da Silveira, Andrade Muricy, Nestor Victor e Murilo Araújo e, como não poderia de ser, por Silvino Olavo. O livro não chega a ter cem páginas, mas é grandiosa a sua contribuição para a literatura nacional, assim como patente a influência simbolista que aproximava Pádua do nosso vate. Na revista “Mallarmargens”, encontramos a seguinte anotação, digna de reprodução: “ Toda ela é de uma sensibilidade ímpar e de uma visão fantasiosa embebida em certas melodias que só grandes poetas concebem. (...). A sua forma, que é definitivamente moderna, não nega também a influência clássica de que inevitavelmente a sua poesia

Manifesto de 1883

Trazia o jornal “O Conservador”, em sua edição nº 199, de 10 de outubro de 1883, um manifesto contra a autoridade policial de Banabuyé. A publicação de uma carta contra o Sr. Manoel de Barros Bandeira, subdelegado daquele distrito. O escrito taxava de calunioso pelo diário opositor (O Liberal) dispensava qualquer impugnação, dada as assertivas fantasiosos do seu autor. Afirmava que o Sr. Bandeira era muito conhecido em todo o distrito e região pelas suas qualidades, inclusive na Província onde gozava de bons relacionamentos. O autor da missiva confessa-se “amigo de José Lopes”, que segundo se dizia, não era digno de honra. Em defesa do subdelegado, encerrava o Sr. Justus que tais fatos já eram de conhecimento da comarca, onde se mandarão ouvir as pessoas para apurar tais infames. O Distrito de Banabuyé, criado pela Portaria nº 344-B de 21 de março de 1872, principiava “ da estrada de Pocinhos até confinar com o termo d’Areia pelo lado Norte; pelo lado poente até o termo de Camp

Sol: um oficial representativo

Silvino Olavo da Costa Realizou o Colégio N. S. das Neves o brilhante festival de férias e entrega de diplomas. O ano letivo findará em 24 de novembro de 1928. Discursaram os paraninfos José Américo de Almeida (Curso Normal) e Dr. Luiz Gonzaga Burity (Curso Comercial). Foi oradora a aluna Leonor de Melo. O Arcebispo da Parahyba Dom Adauto compareceu à cerimônia, com o Dr. Silvino Olavo representando o governo estadual. As alunas executaram o drama “Coração de Cigana” em dois atos e a opereta, também em dois atos, “A Filha do Sineiro”, seguidas de um número em piano, música essa muito apreciada. Silvino havia sido nomeado oficial de gabinete do governador, através da portaria de 22 de outubro de 1928. Não seria a única vez que Sol substituía o Presidente João Pessoa em solenidade pública, numa época em que o vice era votado em separado e, pela conjuntura, se mantinha afastado do governo. Em 24 de abril de 1929, o vate esteve presente na coleção de grau das novas profes

Sol: Estudante secundarista

Silvino Olavo iniciou seus estudos secundários no ano de 1916, após sair de casa. Recém-chegado em João Pessoa arrumara um emprego, mas o pequeno salário mal dava para as suas despesas. A tia Henriqueta de Souza Maribondo cuidou logo de matricular o menino no Colégio Pio X da Capital, pois o jovem tinha grande vocação para as letras e não queria seguir os destinos de comerciante e criador de gado traçados pelo seu genitor Manoel Cândido. O pai resolveu então lhe ajudar, enviando uma mesada mensal. Eram seus contemporâneos de escola João Lira, Rosil Guedes e Antônio Henriques. No colégio fora agraciado com a medalha de honra por sua dedicação estudantil, sendo ainda muito atuante no grêmio “A Arcádia”. Fundado em 1911, a congregação estudantil reunia um seleto grupo, dentre eles: Oscar de Oliveira, Luiz Raimundo Lira, Odon Bezerra e Oscar Neiva, sob a presidência do Padre Manoel Tobias. Assim é que vemos o nosso poeta, no 6º ano de aniversário d’A Arcádia, celebrado em 21

A prisão do palhaço

O circo estava armado já alguns dias na Belo Jardim. A capela ainda não havia sido construída e o terreno era propício. O município de Esperança tinha fama de acolher bem essa trupe de artistas. As sessões batiam recorde de audiências, todos acorriam para ver as apresentações circenses. A empanada ficava cheia da molecada, senhores e senhoras se acotovelavam para assistir o palhaço, talvez a principal atração. Numa dessas noites, o bufão tirando os seus apetrechos, após a sua apresentação, entrou no picadeiro e, com um gesto muito sério pediu a atenção do público para fazer um anúncio. Naquele tempo funcionava uma padaria na rua Manoel Rodrigues, próximo a VestBem. O fanfarrão com a cara mais séria possível disse: - Pessoal eu queria avisar a vocês que agora a pouco na rua Grande aconteceu uma tragédia, uma virada com vítimas... Antes mesmo que ele pudesse completar a frase a cidade em polvorosa que assistia ao espetáculo saiu correndo. Foi uma avalanche de gente, um empu

Santuário de Aparecida

Dom Manuel Palmeira da Rocha foi um grande construtor e fundador de capelas. Nos quatro cantos da paróquia ainda há marcas de sua administração paroquial. Na zona rural são obras do Monsenhor Palmeira as capelas de São Sebastião (Povoado de S. Tomé); N. S. de Lourdes (Massabielle); S. Francisco de Assis (Umbú), N. S. de Lourdes (Julião), N. S. da Conceição (Pintado); N. S. das Graças (Sítio Velho), S. Sebastião (Riacho Fundo) e N. S. da Conceição (Boa Vista). Na sede paroquial cuidou de edificar as capelas de Santo Antônio (anexo à Maternidade), Santa Clara e N. S. Aparecida. Para esta última o vigário havia traçado um projeto bem ousado, a construção de um santuário. A igreja seria “ Um templo grande, que tinha possibilidade de ser uma 2ª Matriz para futuro, uma vez que a cidade está em marcha acelerada de crescimento ” (pág. 154). No projeto estavam previstos ainda a construção de uma residência, garagem, jardim e lugar para estacionamento, tudo em homenagem à Santa Padro

A Casa II, poema de Graça Meira

                                                             A CASA (II) Ela tem história, sim, e tem a memória devida De uma inteligência rara, da razão destituída De um homem bonito, abastado e místico De um poeta ilustre, autor de poemas líricos. E essa árvore frondosa, quiçá saudosa Que lhe fica insone ao derredor Geme, sente dor e tem pudor De nada poder dizer nem revelar Sendo um espírito vegetal, é lógico, tem de calar As ilusões doidivanas que por anos a fio testemunhou As imaginações loucas que no cio da terra presenciou. Como vegetal sonhador seu espírito se ramifica Em suas raízes desconexas e fica Entremeado em todo o terreno da Casa Ouvindo ecos pungentes, sussurros loucos, dolentes De uma intelectualidade bela e mórbida De um sofrimento sórdido e profundo De um jurista e poeta, que não encontrava o seu mundo. Murmúrios atormentados e gritos confusos, sofridos Tresloucados, apaixonados e doridos De uma alma insana, s

A chegada das primeiras freiras

No dia 29 de julho, pelas 17:15 horas, chegavam de Campina Grande, onde estavam hospedadas, Madre Hermenegilda, Irmã Teresiana e Irmã Batista, com o propósito de dirigir os trabalhos da casa de saúde em construção. O projeto audacioso do Padre Palmeira contava com o apoio da comunidade, cuja pedra fundamental havia sido lançada um ano atrás, em solenidade prestigiada pelo Governador Pedro Moreno Gondim, Padre Zé Coutinho e demais autoridades. Por toda a extensão da Rua Paroquial pessoas se aglomeravam aguardando as irmãs de Santo Antônio. A multidão foi calculada em quatro mil pessoas. A difusora da matriz tocava hinos religiosos, quando a comitiva apontou no início da rua com aclamação de “vivas” que contagiou a todos. As religiosas estavam acompanhadas de D. Joana (esposa de Cornélio), duas enfermeiras da Cruz Branca e Amarela e um casal de Campina Grande. Manuel Palmeira, vigário paroquial, concedeu as boas vindas expressando sua gratidão ao Bispo Dom Otávio Aguiar, “