Fazia
tempo que eu não ouvia nem via a palavra "sarau". Remete-nos a tempos
idos da nossa história, quando as moçoilas donzelas, casadoiras, de antão,
tocavam o piano naquelas salas suntuosas dos casarões do início do século
passado, onde as famílias se reuniam para fazerem o "Sarau". E ali,
entre os familiares e os convidados, e em meio às músicas lindas tocadas ao
piano pelas filhas da casa, e aos licores servidos em pequeninas taças de
cristal bacará trazidas em bandejas de prata ou às vezes até de ouro pelos
serviçais, é que os pais conversavam e arranjavam entre si os casamentos de
suas filhas com os filhos dos convidados, sem que eles, os moços e as moçoilas,
nem sequer se conhecessem de verdade.
Mas era a época do patriarcado, que já vinha como herança dos tempos do
Império, onde o amor não era levado em conta para o casamento, mas sim as
vantagens que pudessem advir da união entre os jovens para ambas as famílias.
Ainda
sobre os Saraus, junto com os clássicos do piano e as conversas importantes dos
familiares, em meio àquele clima festivo e luxuoso, também aconteciam as
declamações de poesias pelos jovens intelectuais da época, dedicados ao estudo
da Literatura, das poesias românticas e das prosas realistas, recitando e
exaltando grandes nomes com Olavo Bilac, Castro Alves, Cassemiro de Abreu,
Gonçalves Dias, Cruz e Souza, Machado de Assis, José de Alencar, Aluísio de
Azevedo, Augusto dos Anjos, Silvino Olavo, José Américo de Almeida, José Lins
do Rego e outros mais.
Então,
o Parnasianismo, o Romantismo, o Realismo, o Indianismo e até o
"anti-escravismo", tudo junto e misturado, eram a tônica da política
e da sociedade dos saraus.
Graça
Meira
Via
Mensager para Evaldo Brasil
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