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Mostrando postagens de dezembro, 2017

Pedro e o amigo do alheio

Aqui e acolá a gente fica sabendo das peripécias de Pedro Pichaco e a que trago agora me foi passada por Sebastião Batista, antigo proprietário do “Bar Noite de Natal”, que funcionava no pavilhão da Praça Joaquim Pereira (Calçadão) em Esperança. Pois bem. Certa feita Pedro se hospedou num hotel para dormir, mas o dono do bar avisou que o único cômodo já estava ocupado e perguntou se ele não se importava em dividir o quarto. A resposta foi positiva, caso contrário a rua seria o caminho certo, não sendo nada agradável passar a noite ao relento. Ao adentrar no quarto, Pedro reconheceu logo o companheiro de longas datas, o qual tinha a “ má fama de pegar no alheio ”. Cumprimentos se passaram e os dois se aprontaram para dormir. Pedro esperou o colega cair no sono primeiro e, tão logo ouviu os primeiros roncos, pegou o dinheiro e pôs na bolsa do companheiro, caindo em seguida nas mãos de Morfeu, embalado por um sono tranquilo. O dia amanheceu e, percebendo logo que o amigo estava mei

Sol: Tratamento humanizado

Silvino Olavo. Rio: 1927 Silvino Olavo foi diagnosticado com a deficiência chamada "Esquizofrenia paranoide" (CID 10 F 20.0), doença mental crônica caracterizada pela perda da realidade. O paciente é dominado por alucinações auditivas e visuais, perdendo o contato com a realidade. É comum os discursos desorganizados ou comportamentos catatônicos. A doença possui efeitos permanentes, mas com o tratamento adequado o portador adquire melhor qualidade de vida. Não se sabe ao certo como lhe surgiram os primeiros sintomas. Uns mencionam que foi durante a campanha presidencial de João Pessoa, apesar de José Américo fazer alusão a um fato acontecido em sua noite de núpcias. Porém, é na campanha liberal que foram observados os primeiros surtos: em uma viagem ao Recife, em julho de 1929, fora atacado de “ligeiro incômodo”, sendo internado no Pilar. Já o seu biógrafo – João de Deus Maurício – nos informa que em setembro daquele ano, ao acompanhar o governador em viagem ao Rio,

Padre Luiz Santiago. Suas origens

Padre Luiz Santiago Onde nasceu o Padre Luiz Santiago? Antes, porém, precisamos responder quem foi este clérigo polêmico e ousado; filósofo, arqueólogo, historiador, escritor e piloto de avião, uma personalidade com ideias muito avançadas para o seu tempo. Os seus pais Delfim Izidro de Moura e Antonia de Andrade Santiago uniram-se em casamento no Sítio Lagoa Verde, em Esperança, a 18 de novembro de 1896, de onde seguiram para residir numa propriedade na Meia Pataca. Fruto desse enlace matrimonial, nasceu em 25 de agosto de 1897 um filho, a quem deram o nome de "Luiz". A “Meia Pataca” é uma comunidade rural na divisa de Esperança e Remígio, dividida por um acidente geográfico, ficando assim chamada de “Meia Pataca de Cima” e “Meia Pataca de Baixo”. A maior parte pertence a Esperança, terra agricultável para feijão e batatinha, sendo assim chamada, pela tradição, por ali ter sido encontrada uma moeda de valor. Uma áurea de mistério envolve o lugar. O menino cresceu o

Esperança caminha para instalação do seu instituto histórico e geográfico/ IHGE

Em reunião deliberativa autoridades, intelectuais, poetas, acadêmicos e algumas das principais instituições ligadas à história e à cultura de Campina Grande e Esperança, estiveram em reunião, na tarde desta quinta-feira (14/12), no Centro Cultural e Biblioteca “Dr. Silvino Olavo”, em torno do ideal da fundação do IHGE – Instituto Histórico e Geográfico de Esperança. A ideia que surgiu em 2014, volta a ser discutida pela sociedade esperancense, na perspectiva de resgate da memória local, com o apoio dos Institutos Paraibano, representado pela Dra. Maria Ida Steinmuller, Campinense (Edmilson Rodrigues) e de Serra Branca, na pessoa do Prof. Thomas Bruno Oliveira (IHGP, IHCG e IHGSB),  Nuphel – Núcleo de Pesquisa e História Local/UEPB, pelo Professor Flávio Carreiro, Fórum Independente de Cultura de Esperança, com o ativista Evaldo Brasil (FIC) e da Sociedade Parahybana de Arqueologia (SPA), através do escritor Vanderley de Brito. Participam ainda o Secretário de Educação do Municíp

Celeiro de cantadores

Esses dias me deparei com a notícia de Arnaldo Cipriano, cantador afamado que participou do VI Congresso de Nacional de Violeiros acontecido entre os dias 6 a 9 de setembro 1979, no Município de Campina Grande, produzido pela Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos com o apoio da Furne. O poeta estava inscrito como representante de Esperança, para exibição de quatro minutos, sem contagem de ponto, para declarar um dos gêneros sorteados na competição (Rojão Pernambucano, Meia quadra, Toada alagoana, Gabinete, Quadrão perguntado e Martelo alagoano). Dentre os participantes, Otacílio Batista, Palmirinha, Fenelon Dantas, João Paraibano, Louro Branco entre outros. Arnaldo tocou muito em Esperança no “ hotel de Dona Bina, no antigo beco de Chico Bezerra ” (Inácio Gonçalves), pois lá tinha “ um repente... no beco aos sábados... muitos paravam para ver ” (Sandro Andrade). Com efeito, muitos cantadores adotaram Esperança como morada, passando a residir neste Município que era muito

Pedro e o defunto pagador

Pedro visitava Zé Luiz – seu irmão – quando soube da morte de um vizinho que caíra do Cavalo lá pras bandas do Pintado. Todos estavam atônitos para dar a notícia a viúva e ninguém queria tomar a iniciativa. Prontamente Pedro se ofereceu com uma simples pergunta: “O que eu ganho com isso?” - Ora, cobra do defunto; morto não paga conta mesmo! – disse um dos presentes. - Nas minhas voltas paga! – respondeu o Pichaco e foi para a casa da viúva informar o acontecido: - Bom dia, minha senhora... tenho duas coisas pra lhe dizer, uma é boa outra é ruim. - Vixe Pedro, que é isso homi? Diga então a boa! - A boa é que quem morreu não morre mais! - E a ruim – perguntou a mulher. - Seu marido está me devendo uma conta dum farvorzinho que lhe fiz hoje, mas não se preocupe que eu espero pela herança dele. Agora vá logo afastando os móveis da sala que não demora! A mulher entendeu o recado e pôs-se a chorar, enquanto o canastrão contabilizava os ganhos de mais um golpe na praça. Q

Saraus de outrora (Graça Meira)

Fazia tempo que eu não ouvia nem via a palavra "sarau". Remete-nos a tempos idos da nossa história, quando as moçoilas donzelas, casadoiras, de antão, tocavam o piano naquelas salas suntuosas dos casarões do início do século passado, onde as famílias se reuniam para fazerem o "Sarau". E ali, entre os familiares e os convidados, e em meio às músicas lindas tocadas ao piano pelas filhas da casa, e aos licores servidos em pequeninas taças de cristal bacará trazidas em bandejas de prata ou às vezes até de ouro pelos serviçais, é que os pais conversavam e arranjavam entre si os casamentos de suas filhas com os filhos dos convidados, sem que eles, os moços e as moçoilas, nem sequer se conhecessem de verdade.  Mas era a época do patriarcado, que já vinha como herança dos tempos do Império, onde o amor não era levado em conta para o casamento, mas sim as vantagens que pudessem advir da união entre os jovens para ambas as famílias. Ainda sobre os Saraus, junto com os clás

Pedro pelo frete

Era um dia daqueles de sábado, final de mês e feira ruim. Pedro acabara de fechar a banca de apostas, com o velho e inseparável “jogo caipira”. Naquele dia os matutos não vieram, a seca imperava e o desjejum da semana seria feijão com farinha, mistura que é bom ficara para depois. Com aquela parafernália nas mãos, se preparava o mandrião para descer a manichula onde iria tomar umas bicadas com seus comparsas, os famosos “tapeias” como paga por aquele dia malfadado. Nisso se aproxima um pequeno, desses moleques que pegam feira com suas carroças de madeira para complementar a renda de casa: - Frete seu moço? - Quero não, disse Pedro. - Mas o senhor tá com tanta coisa, posso lhe ajudar e o senhor me ajuda também. Pedro não perdia aquela mania de sagaz, que de tão arraigada a sua personalidade, já não reconhecia a inocência intocável: - Então tá bom – disse o Pichaco – você carrega as minhas coisas, pelo que tenho na mão! De fato, apesar daquele dia não ter sido dos bons, P