Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março, 2017

Silvino e Anayde

Revista da Cidade, Ano III, N. 106 "Silêncio! Anayde Beiriz!!! Puxa que falta de ar!" Silvino Olavo Ela era chamada de “Pantera dos olhos dormentes” e para alguns foi o pivô da Revolução que destituiu o governo da Parahyba e derrubou um presidente, colocando fim na hegemonia do “Café com leite”, movimento político que alternava São Paulo e Minas Gerais nos destinos da nação. Seu nome: Anayde Beiriz! Autora de poemas modernistas, publicados em revistas do sul do país, a jovem também é considerada o maior símbolo do feminismo paraibano. Era a favor do divórcio e do direito ao voto da mulher e, portanto, a frente de seu tempo. Certamente, era um ícone para as amigas: Analice Caldas, Amelinha Theorga e Nininha Norat. Anayde era tudo isso e muito mais. Era a rainha da beleza, título que conquistou no concurso do jornal “Correio da Manhã”. A professorinha retratada no filme “Paraíba mulher macho” (Tizuka Yamazaki/José Jóffily: 1984) participava ao lado do “Grupo dos N

Túnel do Tempo: Esperança em 1909

Reportagem Especial Nesse “Túnel do Tempo” fizemos uma retrospectiva do município de Esperança ao ano de 1909. A principal fonte de que nos valemos encontra-se no livro A Parahyba, Vol. II, editado pela Imprensa Official. Há quase um ano a Paróquia do Bom Conselho havia sido erigida por ato do Bispo da Parahyba Dom Adauto Aurélio de Miranda, nomeando o padre Francisco Gonçalves de Almeida nosso primeiro pároco, que tomou posse no dia 08 de junho do ano findo. A nossa igreja era um “ moderno e vasto templo ”. Segundo o Almanak Administractivo (1908), Esperança aparecia como uma pequena povoação ao lado de outras, como Lagoa de Remígio, Arara, Riachão, Pilões de Dentro, Pilões de Bananeiras, além de Tacima, Belém e Caiçara. Mas permanecia ligada a cidade de Alagoa Nova. Todavia, por esse tempo já demonstrava a sua forte inclinação para o comércio. A esse respeito apresentamos o quadro do imposto da feira, que era superior ao próprio município do qual fazia parte: Produto do

Coletoria de Esperança (histórico)

Fonte: Revista do Fisco, 1976. Mesa de Rendas – este era o antigo nome dado ao órgão fiscalizador e arrecadador de impostos. Esperança na sua florescência teve criada esta importante unidade municipal, logo após a sua emancipação. O tributo que antes era recolhido à prefeitura de Alagoa Nova, agora fazia frente às novas necessidades do recém-criado município. O Decreto n° 1.418/25 criou “ uma mesa de rendas na vila de Esperança, com sede na mesma vila, abrangendo os limites do município”.  Essa mesma lei designou o dia 15 de janeiro de 1926 para a sua instalação, sendo-lhe aberto o “ crédito necessário à execução do presente decreto” . A notícia foi estampada na página 2 do jornal “A UNIÃO”, onde se reproduziu um telegrama do Sr. Prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira nestes termos: “ Esperança, 16 – Comunico vossência instalação oficial Mesa Rendas. Revestiu-se ato toda solenidade, comparecendo autoridades constituídas, representantes do povo e comércio. Afetuosas saudaçõe

Banabuyé 1817: Alarme falso!

Bandeira revolucionário de 1817. Fonte: Wikipédia A “ Revolução Pernambucana ” foi assim denominada por ter origem naquela Capitania. Deflagrada em 06 de março de 1871, a revolta separatista contava com o apoio de sociedades secretas influenciadas pelos ideais iluministas e alguns provincianos, destacando-se dentre eles o cidadão Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá), que poucos dias depois embarcara para os Estados Unidos como embaixador do governo revolucionário. A monarquia vivia o seu declínio. Napoleão Bonaparte estava exilado na ilha de Santa Helena e a única tentativa de resgate foi frustrada. O governo imperial – a exemplo de outras revoltas – enviara tropas para aplacar os revoltosos. Em meio a todos esses acontecimentos, chega ao conhecimento do comandante Antônio José da Silva a notícia de que foi visto um exército em Banabuyé (atual município de Esperança) que precisava ser reprimido. O conteúdo desse documento histórico nos foi enviado pelo confrade e sócio do IHCG,

Terezinha Tietre

Na literatura cordelista, a mulher sempre foi mostrada com muita paixão, daí os veros de Alberto Porfírio em exaltação à figura feminina: Quem é forte não se abala Não se altera, não se agita Mais qualquer homem se acaba Por uma mulher bonita. Também decantada por Zé Ramalho e Otacílio Batista na famosa canção, que nos diz: Mulher nova, bonita e carinhosa Faz o homem gemer sem sentir dor Este foi sempre um universo masculino, até que nomes como Chica Barrosa, Minervina Ferreira, Chiquinha Ribeiro e Terezinha Tietre ousaram topar este desafio, conquistando o seu lugar de destaque no repente. Teresa Dantas de Lima ficou mais conhecida pela alcunha de “Terezinha Tietre”. Nasceu no primeiro quarto do Século XX e, segundo dizem, residia “ num sítio próximo a Esperança ”, que acreditamos ser o Sítio Cajueiro, já que alguns membros desta família Dantas foram proprietários do lugar. Tornou-se uma das poucas violeiras a desafiar o gênero masculino. J ovem solteira, ap

O Bloco Zé Pereira

O "Pereira" - Foto: Jornal A CIDADE O Carnaval de Esperança começa oficialmente no Arrastão do Sábado. Mas, ainda na madrugada, nos dias de hoje há o primeiro grito que se dá com a saída do “Bloco Zé Pereira” pelas ruas da cidade, acordando as pessoas para dizer que os festejos do Rei Momo se iniciam. A tradição no Brasil remonta ao Século XIX e recebe influência portuguesa. Por aqui data dos anos 40 quando o carnaval se popularizou. O “Pereira” é caracterizado por todo tipo de bagunça e tem um ar de mistério que fica por conta do seu percurso durante a madrugada. A música é conhecida em todo o país: Viva o Zé Pereira, Que a ninguém faz mal, Viva a pagodeira, Nos dias de Carnaval, (...)             Mas, a letra trazida de Portugal era assim: E viva o Zé Pereira. Pois a ninguém faz mal E viva a bebedeira Nos dias de Carnaval             Por aqui ganhou até variação, como certamente em outros lugares; Viva o Zé Pereira, Viva o Juvenal,

Zé Limeira em Esperança

Esperança também é terra da poesia e do repente. Muitos cantadores passaram por estas plagas, em suas feiras declamaram versos e venderam seus folhetos. Aqui nasceu João Benedito, precursor desta vertente que se chama cordel, Campo Alegre e tantos outros. Por aqui gozou da amizade com Egídio Gomes de Lima, folhetista patrono da Cadeira nº22 da Alane [Academia de Letras e Artes do Nordeste] e autor do livro-referência "Os Folhetos de Cordel" (Editora Universitária: 1978). E cantou com Josué da Cruz quando este ainda morava na rua João Mendes, denunciando um homicídio que recebeu a seguinte sextilha de Limeira: “Isso de morrer à toa Já vem de tempo passado São José morreu de velho São João morreu degolado Jesus morreu numa cruz Judas morreu enforcado. ” José Nêumanne reproduz um comentário de Zé Alves Sobrinho que disse ter conhecido o Zé Limeira que deu origem ao mito e que foi hospedado por Heleno Firmino num sítio a poucas léguas de Esperança. E todos sa