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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

O Boi de Marcolino

Bloco do Boi, de João Marcollino Foi Evaldo Brasil que me instigou a pesquisa, quando questiona em seu poema: “O que matou meu boi? O de João Marcolino/ Boi dos meus carnavais quando eu era menino" (Noção Planetária). Pinçando aqui e acolá reconstruí parte desta história, cujo complemento fica a cargo dos nossos leitores em seus comentários. Conta a lenda que uma escrava desejou comer a língua do boi do seu senhor, que o marido sacrificou para saciar a sua vontade. O animal era muito querido e por essa razão curandeiros foram chamados para ressuscitá-lo. A festa em si é a celebração quando o boi volta à vida. Em muitos Estados se observa esta tradição, mas em Esperança na Paraíba a representação acontece no período de carnaval. O Bumba-meu-boi ou Boi-bumbá esperancense se tornou mais conhecido a partir do bloco fundado por João Marcolino dos Santos em 02 de fevereiro de 1962. Apesar de existir em manifestações anteriores, este foi o mais original e duradouro bumbá de Es

Desespero, poema de Zé Coêlho

Prof. José Coêlho da Nóbrega Hoje recebi este belo poema do Professor José Coêlho que todos conhecem. Professor de português da Escola “Irineu Jóffily” e também agrimensor, tendo se lançado candidato algumas vezes em nosso município disputado a vereança. Poeta inspirado, compôs o hino do “Mequinha” de Esperança e também foi responsável pela edição d’O Gillette, jornal oficioso que circulava nas noites de festa. Pois bem. Recebi este poema do amigo Paulinho, seu neto, que me enviou em uma rede social para o deleite dos seus conterrâneos: DESESPERO   Já ia bem alta a madrugada, quando ele viu entrar em crise com uma tremenda hemoptise, sua companheira idolatrada, sob suas pernas apoiada tenta que o mal se harmonize, no entanto a causa tem reprise e em sangue morre sufocada, e assim só dele acompanhada, partia naquela fria madrugada, aquela a quem tanto um homem quis, feliz disse ele, é quem não ama, pois não trás em si o duro drama, de amar e julgar que é feli

A Boneca de Lero

A "Boneca de Lero" Lero residia no Rio. Esperancense nato, não perdia um carnaval e vinha todos os anos participar os festejos de “Momo” em nossa cidade. Foi ele quem criou a famosa “Boneca”. Não era bonita, segundo dizem, mas o engraçado era o gingado que Lero fazia, balançando aquele mamulengo agarrado no pescoço de um lado para o outro. O bloco era acompanhado por uma centena de brincantes. Criaram até uma marchinha parodiando uma tradicional música nordestina: “Acorda Maria Bonita, Acorda para fazer café, Que o dia está raiando A Boneca de Léro, já tá de pé”. Nos anos 70, salvo engano, Lero se envolveu numa briga e foi preso no sábado que antecedia o carnaval. De nada adiantou os pedidos dos amigos, a polícia parecia irredutível na decisão de só liberar após o carnaval. Os mais chegados viam naquela prisão uma espécie de punição, talvez pelo fato da boneca mostrar sua irreverência no corredor da folia. O fato é que Lero só foi solto na quarta-fe

Padre Zé, um relato

Padre Zé Coutinho O Padre Artur Costa foi colega de seminário de Padre Zé. É ele que nos traz um belo relato de sua vida, publicado n’A Cruz, órgão católico que circulou em meados do século passado. Em 1914, no Seminário da Parahyba, encontravam-se os dois estudantes de filosofia. Padre Zé demonstrava sua predileção pela música: “Vivia sacudindo a cabeça e as mãos, num compasso que não tinha fim”. A vocação musical dera então seus frutos: compôs os hinos de Santa Terezinha e de Nossa Senhora das Neves e do Bom Conselho; a Novena em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, além de diversas valsas, maxixes e dobrados. No entanto, havia um chamado maior: servir aos pobres! Eis que fundou, em 1935, o Instituto São José “destinado a socorrer a população pobre da Paraíba”. É o relato de Padre Artur, que acrescenta: “Eu dirigia então ‘A Imprensa’ e tinha que aturá-lo no jornal com todo o seu trabalho de propaganda. Cada semana, me trazia, escritas do seu punho, umas notas sobre o Inst

Silvino e Hyldeth

Poetisa Hyldeth Fávilla Silvino Olavo conheceu Hyldeth Fávila em novembro de 1927, por ocasião do lançamento do livro “Quod Scritpt, scripsi” de Angelo Elyseu, no salão da “Liga de Defesa Nacional”, no Rio de Janeiro. A sociedade estava representada pelo Cenáculo Fluminense, pela Escola Militar e o Centro Farias de Brito, além dos ilustres escritores Haroldo Daltro, o argentino Garcia Zuarro e o jornalista Amadeu de Beaurepaire Rohan. O poeta havia sido convidado à declamação dos seus versos, já que os “Cysnes” ainda ecoavam na Capital da República. Ao lado de Pádua de Almeida e Mayrink engrossaram a coluna masculina daquele “soirée”, enquanto a ala feminina era composta por Hyldeth, Maria Sabina, Zilá Monteiro, Marina Pádua e Cândida Brito. Hyldeth Jezzler Favilla nasceu em Salvador/BA em 1912. Graduada em letras, começou a publicar aos 16 anos. Há pouco estreara a sua “Dor Suave”. No Rio, promoveu alguns recitais e com Théo-Filho fez campanha para popularizar a praia de Co