Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2016

Esperança sob o golpe do AI-5 (Parte V)

Por Antônio Ferreira Filho Tratando ainda sobre o tema do Golpe-64 que instituiu o regime militar no Brasil e os movimentos resistência existentes no Município de Esperança, mantivemos contato com Antônio Ferreira Filho, estudante que à época tinha 16 anos e militou na linha de frente contra a ditadura. Este nos revelou fatos até então desconhecidos e que permaneceram ocultos por mais de 52 anos. O texto a seguir é fruto da síntese mnemônica através de entrevista virtual concedida em 22 de dezembro de 2016. Algumas considerações sobre a sua publicação, CEE e a ditadura dos militares... Ferreirinha O Centro Estudantal de Esperança era usado como pano de fundo para a luta democrática. Neste, foi organizado o Bureau de Propaganda Comunista/BPC - organização clandestina de luta e resistência ao golpe militar de 64. O ideólogo e fundador/presidente do BPC foi Raimundo, filho do Sr. Patrício, sendo vice Antônio Ferreira. O grupo era bastante organizado, possuía estatuto e

Esperança: Primeiro balancete (Por João de Patrício)

PME: Balancete de 1926 Como já havia publicado em outras postagens sobre atos administrativos do nosso município, essa postagem que agora publico, sobre a primeira prestação de contas da prefeitura de Esperança, cujo documento completará 90 anos, no próximo dia 31 do corrente mês. É um documento histórico que nunca foi publicado. Pois, naquele longínquo dia, 31 de dezembro de 1926, fôra prestada, oficialmente, as contas públicas do recém município emancipado. Um fato interessante que me chama a atenção é que foi elaborado pelo então secretário do prefeito, o sr. Theotonio Rocha, primeiro secretário municipal do município de Esperança. Focando cada item daquela prestação de contas, nota-se que, quase tudo era pago pela prefeitura, com rendimentos dos parcos impostos e taxas arrecadados durante todo o ano. Senão vejamos, alguns detalhes mais interessantes das despesas pagas com o erário municipal foram pagamento de telegramas oficiais, despesas com a delegacia de polícia, desp

A revolta das galinhas contra o carneiro ladrão (Por Evaldo Brasil)

Foto: reeditadas.blogspot.com.br No final da década de 40 um fato pitoresco marcou as relações entre um tio, seu sobrinho e vizinhos. Antônio Cândido da Costa, cujo grande orgulho era um carneiro de estimação com cerca de 80kg, costumava depenar as galinhas dos amigos para depois almoçá-las festivamente. Todos davam por conta da falta de suas melhores espécimes, ao mesmo tempo em que estranhavam tantos convites do Tio Antônio para almoçar justamente galinha. Silvestre Batista, um dos primeiros a desconfiar das artimanhas do tio, convocou outras "vítimas" para ir às forras. Plano elaborado, foram à caça do carneiro. Embora não tenha sido fácil, capturaram o estimado e volumoso caprino, promovendo em seguida uma buchada. Quem foi o convidado de honra? Antônio Cândido. Apesar de revoltado e instigado pela esposa Maria Júlia a reagir, o "ladrão de galinhas" perdeu o mau costume, graças ao desgosto do revide. Maria Júlia, por sua vez, parece nunca ter perdoado a

Homenagem à Nené Barbosa

Nené Barbosa Hoje presto homenagem a uma pessoa simples, um agricultor que fez parte da história deste Município: Manuel Barbosa da Silva, conhecido por Nené. Os mais antigos devem lembrar de seu Nené que era muito requisitado por políticos para falar em seus discursos. Nené gostava muito de ler versos, e por inspiração também escrevia as suas rimas. Católico fervoroso, tinha muitas amizades em Esperança, a exemplo de Diogo Batista, Didi de Lita, Mané Galego, Everaldo e Pretinho Cavalcante. Cantava na rua, fazia seus poemas e alegrava os corações. Em contato com os familiares de Zé Miúdo, na pessoa de Júnior, consegui resgatar um de seus trabalhos, escrito por ocasião da última visita de Frei Damião à Esperança: “Esperança – 17-4-78 Esperancense você desperte Com alma e vida e coração Vamos todos reunidos Até a pé da conversão Como estava prometido E mesmo assim foi chegado O nosso Frei Damião. Todas as autoridades Com sua emergência Prestando

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Esperança sob o golpe do AI-5 (Parte IV)

O Centro Estudantal de Esperança/CEE desempenhou um papel importante na resistência contra a Ditadura Militar, instaurada no Brasil pós-64. Os estudantes da época eram politicamente envolvidos nos debates contra o sistema, embora houvesse aqueles que permaneciam na retaguarda do movimento e outros a favor da militarização. O engenheiro Antônio Fernandes ingressou nas fileiras do CEE em 1966, chegando à Presidência em 1970. Foi nesse período que se instituiu um “grupo pensante” em Esperança. As suas reuniões eram realizadas na sede do Centro, que ficava localizada na Praça da Bandeira. Além do debate fervoroso em prol da liberdade, os estudantes produziam e lançavam manifestos. Os panfletos eram colocados de madrugada por baixo das portas. Participaram deste movimento: Pedro Paulo de Medeiros, Pedro Dias do Nascimento, João Leal e Antônio Ferreira Filho. Foi então que as atividades do CEE chamaram a atenção das autoridades, passando a ser observadas de perto pelos “dedos duros”.

Esperança: Discurso feminista nos anos 50

Recorte d'O Rebate Por ocasião da formatura dos cursos de Datilografia e Corte, promovido pela Sociedade Beneficente dos Artistas, cuja direção competia ao Professor Luiz Gil de Figueiredo, em nossa cidade, a Senhorita Elizabete Silva Santos – eleita oradora das turmas – pronunciou um empolgante discurso em defesa do feminismo. Este movimento liberal das mulheres durante sua história obteve grandes conquistas, mas até os anos 40, para se ter uma ideia, era proibido às mulheres a prática de esportes como futebol, polo aquático, halterofilismo e beisebol (Decreto nº 3.199). O voto das mulheres somente foi alcançado no Estado Novo, com a promulgação do Código Eleitoral (1932). A igualdade entre homens e mulheres somente veio a ser reconhecida em 1945, após a edição da Carta das Nações Unidas (S. Francisco, CA: 26/06/1945). Em sua oratória, ressaltou a diplomanda, os desafios enfrentados pelas mulheres, o preconceito de sua época, mas não deixou de lado suas expectativas futur

Esperança, de relance

Cabeçalho d'O Rebate. Direção: Luiz Gil Walter Tavares nos brinda, mais uma vez, com uma importante página da nossa história, recolhida do acervo de que dispõe este ilustre campinense que, ao lado de Eneida Maracajá e Lourdes Ramalho, é um dos grandes expoentes da cultura na Rainha da Borborema. Desta feita, nos envia um recorte d’O Rebate – jornal editado em Campina Grande, capitaneado pelo Professor Luiz Gil de Figueiredo – que como o título nos enseja, mostra “Esperança de relance”. Corria a década de 40 e Esperança vivia o auge da batatinha. O Professor Luiz Gil além de redator, diretor de jornal, era casado com uma senhora esperancense. Veio para Esperança lecionar, em maio de 1931. Aqui auxiliou José de Andrade na condução do jornal “O Tempo”, de onde saiu para fundar, em Campina Grande, o seu jornal “O Rebate”. O texto que se supõe ser de sua autoria, pelo conhecimento que lhe era peculiar destas paragens, retrata o município em 1943. Inicia com a luta pela em

SOL: Promotor Público

Dr. Silvino Olavo A promotoria de justiça é função relevante para o nosso Estado e de grande notoriedade nos países que adotam o sistema do “ Common law ”. Ela possui função: defender a ordem jurídica (custos legis) e sociedade. Mas o órgão ministerial é mais conhecido por oferecer a denúncia em face das infrações penais, a denominada persecução criminal. Em março de 1926, Silvino Olavo da Costa era nomeado 1º Promotor Público da Capital paraibana pelo então Presidente do Estado Dr. João Suassuna – a quem chamava de “meu eminente amigo” -, sobressaindo-se nas lides jurídicas. Apesar da previsão de concurso, o provimento na maior parte ocorria através de portaria do governo estadual. Não obstante, o governador privilegiava o critério do notável saber jurídico evitando-se que “ leigos e pessoas quase analfabetas exerçam cargos importantes da magistratura e ministério público” (MS-AL: 1926). Silvino era conhecido não apenas pelo seu livro de poesias (Cysnes), mas pela publicaç

A Batatinha de Esperança

Esperança alcançou os maiores índices de produtividade de Batatinha, destacando-se no cenário nacional. O primeiro a falar sobre este tubérculo foi o ex-ministro e governador da Paraíba José Américo de Almeida. Em seu livro “A Parahyba e seus problemas”, publicado em 1923, destacava o escritor que: “As terras de menor grau de umidade do distrito de Esperança, faixa de transição do agreste, são incomparáveis para a cultura da batata inglesa, iniciada há poucos anos e desenvolvida, a ponto de abastecer grande parte do Estado e já ser exportada para Recife e Natal ” (Almeida: 1923). Dois anos depois, o governo federal buscava a razão entre a circulação de mercadorias e o custo de vida, concluindo que “ que hoje com as batatas de Esperança abastece mercados vizinhos, entre os quais avultam os do Rio Grande do, teve seus preços elevados de 37% no triênio, atingindo os aumentos de 75% a 80% nos mercados paulistas, alagoanos, norte-rio-grandenses e pernambucanos ” (Imprensa Nacional: 1