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Mostrando postagens de julho, 2016

O Velho Joaquim Tomaz, P. S. de Dória

O mote foi proposto por Silvino Olavo, em um poema de repente recitado no bar do primo Antônio, no antigo Pavilhão XIV de Novembro (Bar Noite de Natal). Alguns internautas seguiram contando essa história de “trancoso”, inclusive este blogueiro. Há a intenção de reunir todos num cordel, com a poesia popular de Silvino dando início, seguindo-se os autores esperancenses este mote. Por ora, fiquemos com os versos de P. S. de Dória: Esse tal velho Joaquim Que se dizia Tomás Fazia mais do que fez Há muitos anos atrás… Um dia contou uma história Que resgatou da memória, que hoje não se vê mais. E num gesto assombrado Pôs rima num “pé quebrado” Contando como se faz: - Eu fui ao mato caçar Um bicho quase me come! É melhor morrer de fome do que lá ir! Pelejei para subir Num malvado dum pau louro, Quase me larga o couro do braço! Recorri a Jesus no espaço com toda sua bonança para me dá socorro! Dessa vez quase que morro, de medo! Por ali tam

Luiz Gil de Figueiredo

Prof. Luiz Gil de Figueiredo Este espaço é dedicado às figuras esperancenses, desta terra do “Lyrio Verde”. Contudo, peço licença aos leitores para postar algumas considerações sobre o professor Luiz Gil de Figueiredo, embora este não seja natural destas paragens. Nasceu em Santa Luzia/PB, em 17 de setembro de 1895. Com quatro anos de idade acompanhou o tio Gil Braz de Figueiredo numa viagem à Lábrea, cidade amazônica, onde passou dois anos residindo e aprendeu muito com os ameríndios. Em 1909, retorna ao Nordeste, onde se estabelece no Rio Grande do Norte desempenhando dois ofícios: professor e almocreve. Após trabalhar em Ouro Branco, Currais Novos e Caicó, migra para a Paraíba no lombo de animais. Aportou em Esperança por volta de 1915, tornando-se “Mestre-Escola”, tendo sido nomeado Adjunto da Cadeira do Sexo Masculino, em maio de 1931. Casou-se, então, com a Srta. Sebastiana Diniz, sobrevindo-lhe os seguintes filhos: Guiomar Irene, Milton Luiz, Wallace e Wagner. N

Pastoril esperancense

Adélia Neves e suas pastoras O pastoril é um folguedo popular exibido por mocinhas que defendem seus cordões encarnado e o azul, de Mouros e Cristãos, respectivamente. A temática gira em torno do nascimento de Cristo. A dramatização, através de canções que contam a aventura das pastoras, representa a visita delas à manjedoura, em Belém. É uma forma animada de se transmitir a história ao longo dos tempos. Em Esperança a encenação ganhou força na década de 50, mas a tradição é bem mais antiga, pelo que podemos ver. João Tomaz revisitando as suas memórias menciona esse folguedo que já era realizado em nosso município em data muito anterior. Naquele tempo, a apresentação acontecia durante os festejos da padroeira – N. S. do Bom Conselho – após os atos litúrgicos, segundo a fé cristã. Iniciava com um breve passeio pela avenida principal. As moças seguiam o condutor pela rua Manuel Rodrigues, em direção à Matriz, que segurava um lampião de carbureto. À frente uma criança vestida d

Vereda nordestina

Galopando o galope à beira-mar Encontrei Otacílio e Benedito Eram duas ideias em improviso Dois grandes poetas a cantar O repente aqui é sempre bem-quisto Esperança-cidade é meu lugar. Alguém já veio me perguntar Se esse cantador seria um mito Essa questão provocou-me um forte riso Então comecei a lhe falar... Por que hei de inventar, se não tenho dito? Esperança-cidade é seu lugar. Nasceu ali onde o boi a pastar E batizado foi João Benedito Menino pobre, não tinha um friso Logo cedo aprendeu a cantar Com a viola foi fazendo bicos Esperança-cidade é seu lugar. Galopando o galope à beira-mar Prá que você não fique tão aflito Vou deixar esse meu aviso Cantador, vive prá cantar Índio não vive sem apito Esperança-cidade, é meu lugar. O Índio Banabuyé

Escola de Economia Doméstica de Esperança

A criação de escolas domésticas na Paraíba (1950) sofreu forte influência da ANCAR, serviço de extensão rural, e da Escola de Agronomia do Nordeste (EAN). Foi a partir desta parceria que, em 27 de gosto de 1956, surge em Esperança o primeiro “Centro de Treinamento de Economia Doméstica”, ligado à Escola de Agronomia de Areia. O objetivo era propiciar às jovens esperancenses o aprendizado das prendas domésticas, como culinária e corte-costura além de outras atividades que eram desenvolvidas. A escola doméstica congregou as artesãs e formou diversos profissionais, dos quais alguns ainda laboram neste ramo. As primeiras alunas concluíram o curso em 15 de dezembro de 1957, em cuja solenidade foram entregues os certificados, contando com a presença do Dr. Luiz Carlos de Lira Neto, diretor da Escola de Agronomia do Estado, procedendo-se com uma exposição dos trabalhos dos formandos e um coquetel para os convidados. À noite houve um baile ofertado pelos concluintes, festa esta que teve l

De Leandro à Benedito: a poesia de repente

Essa poesia cantada, adotada desde 1729, nos Cariris-velhos, tem origem na ribeira do Sabugi, com influência da canção portuguesa, no hibridismo regionalista que formou o nosso dialeto parahybano. Para Egídio de Oliveira Lima (esperancense, patrono da Cadeira nº 22 da Academia de Letras e Artes do Nordeste), Leandro Gomes de Barros representa a essência deste folclore. Ele nos lembra que em Esperança, um parente de Nicandro Nunes da Costa, o professor Luiz Gil de Figueiredo, recitava de cor um improviso que exaltava o cordelista: “Leandro Gomes de Barros Escritor paraibano, No ofício de escrever, Escreve com calma e plano Tem fama de repentista Escritor e romancista Tem folheto mais de mil É ainda no Brasil, - o seu primeiro humorista”. Nas feiras do interior, ele próprio lia os seus folhetos, improvisando versos, que os “matutos” gostavam tanto de ouvir. À sua freguesia, Leandro repetia: “Leve para casa o folheto E veja que a história é boa Pois sendo es

Discurso de Epaminondas Câmara na APL

Epaminondas Câmara nasceu em Esperança no dia 04 de junho de 1900. Era filho de Horácio de Arruda Câmara e Idalgisa Sobreira Câmara. Aprendeu as primeiras letras com a professora Maria Sobreira, esposa do também professor Joviniano Sobreira. Permaneceu nesta cidade até 1910, mudando-se com a família para Taperoá e, depois para Campina Grande (1920). Técnico em contabilidade gastava suas horas vagas pesquisando. É autor dos livros: Os alicerces de Campina Grande e Datas Campinenses. Quando tomou posse na Academia Paraibana de Letras, em 21 de junho de 1945, pronunciou o seguinte discurso: “Se o historiador fosse um príncipe, tivesse sangue azul, poderia dizer a seus súditos: - Vinde primeiro a mim se quereis que eu vos dê tudo. O poeta diria: - Dar-vos-ei aonde estiveres. E se isto acontecesse, decerto que Irinêo daria mais em extensão e Mauro em intensidade, porque os sentimentos de historiador tinham caráter mais paternal, e, os do outro, caráter mais fraternal. Irinêo, mai

Fome, poema de Graça Meira

Maria das Graças Duarte Meira Em nosso BlogHE há um espaço dedicado aos parceiros, pessoas que mui gratamente se dispõe a escrever sobre a nossa história ou mesmo contribuem enviando algum poema. Este é o caso de Maria das Graças Duarte Meira, que hoje nos enviou um belo poema de sua autoria “Fome”. A autora em questão tem a poesia nas veias, pois é irmã da querida escritora Magna Celi e da amiga Paula Francinete, filhas de Dona Maria Duarte, que tocava Serafina na igreja, senhora virtuosa, mãe dedicadíssima que nos enche de saudades. Graça visitou a cidade há poucos dias, aflorando na sua memória lembranças agradabilíssimas. Disse que estar lendo o livro Banaboé Cariá e também aquele publicado por Eliomar Rodrigues (Cem) que trás um pouco da genealogia das famílias Rodrigues-Lima. Esta poesia - “de amor à minha terra” – como ela própria afirmou, seria fruto, portanto, de todo este sentimento telúrico que a poetisa nutre por Esperança. Deleitemos, pois, com a sua leitura:

Família Rodrigues e Lima (livro de Cem)

Capa do livro de Eliomar (2016) Recebi das mãos do Dr. Joao Batista Bastos Bastos, que inclusive fez o prefácio, a obra "Família Rodrigues e Lima: Minha história", de autoria de Eliomar Rodrigues de Farias. Eliomar é formado em engenharia elétrica, com especialização em distribuição de energia; professor de matemática do Asta e Estadual da Prata, trabalhou por muitos anos na SAELPA ocupando cargos de gerência e divisão de departamento. Atualmente é aposentado e reside em Camboinha, na capital parahybana. O livro passeia na geologia, história e cultura local; é bem redigido, muito bem impresso e esteticamente gostoso de ler. Possui 166 página e foi publicado pela Ideia Editora. Acredito que "Cem" - como é mais conhecido - deve lançar em breve aqui em nosso Município, para a posteridade, este compêndio que narra a sua geneaolgia-histórica. A partir de agora Cem está inscrito no rol de autores esperancenses.  A lista que ficou a cargo de Evaldo Brasil é

Menino no quintal, poema de Heloíse e Rau Ferreira

Agora há pouco, botando o Helder prá dormir, com a ajuda de Heloíse, compomos uma linda canção de ninar, cujos primeiros dois versos da estrofe foram ditos pela minha filha, que também ajudou a completar a rima. A música é tão bela que decidi compartilhar com os amigos desta rede social. "Menino que estás fazendo, Aí fora do quintal? Não vês que tá chovendo, Desse jeito passa mal. Mamãe está trazendo As roupinhas do varal Não vês que tá chovendo, Desse jeito passa mal. Menino que estás fazendo Chuva fina é sinal Já vais adoecendo Desse jeito passa mal. Mamãe está cozendo Um chazinho medicinal Menino fica sabendo Depois vem o mingau". Rau Ferreira/Heloíse Maria

Sol: Aprendiz de Turista

Mário de Andrade (1928) - foto: wikipédia.org “ O Turista Aprendiz ” é um dos mais importantes livros de Mário de Andrade, há muito esgotado e reeditado em 2015, através do Projeto do Iphan. Os relatos de viagens registram manifestações culturais e religiosas coletadas pelo folclorista em todo o Brasil. Este “ diário ” escrito com humor elevado e recurso prosaico narra as inusitadas visitas de Mário ao Nordeste brasileiro. O seu iter inclui Estados como Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Paraíba. Mário adentrou à Parahyba na noite de 27 de janeiro de 1929. Vinha de automóvel da cidade de Natal/RN. Atravessou o Mamanguape para chegar à Capital por volta das três da matina do dia seguinte. No caminho lhe esperavam os amigos José Américo, Ademar Vidal e Silvino Olavo que lhe ofertou um afetuoso abraço. Além deste gesto de carinho afável de Silvino, o escritor paulista recebeu de suas mãos uma edição de “ Sombra Iluminada ” com a seguinte dedicatória: “A Mário