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Mostrando postagens de junho, 2016

Pedro e o pau da fogueira

Véspera de S. Pedro. O velho pichaco tinha que aprontar das suas. Percorria as fogueiras da rua de baixo, uma a uma pegando lenha: - É uma promessa que eu fiz! Fazer uma fogueira sem comprar pau algum. Quem puder ajudar tudo bem; quem não puder não faz mal, acerte lá com o santo – dizia o mandrião. Mas ninguém se opõe quando o dito é promessa, pois sendo assim a vergonha é justificada: - É prá alcançar uma graça – dizia Eulália, filha de Benedito. - É ‘paga’ de promessa, num posso negar – exclamava Josefa. - Coitado, tem tanta fé esse moço... concluía Severina. E recolhendo de pau em pau fazia uma grande fogueira, gabando-se dos seus irmãos que teria comprado por tanto e tanto mais; enquanto Honório desconfiado, olhava de rabo de olho: - História é esse Pedro, comprasse coisa nenhuma. Será que não te conheço!! É, comprei não – confessou o fanfarrão – peguei na rua de baixo, foi paga de promessa! - Promessa, irmão? - Fiz uma promessa pra mim mesmo que esse ano

Comentário elegante (Maria das Graças Duarte Meira)

Adorei saber mais sobre a vida de Silvino Olavo, poeta cujos versos são de um lirismo tocante (tenho um de seus livros). Conheci-o pessoalmente e, pelos anos 60, ele andava pelas ruas de Esperança sempre com um guarda-chuva na mão, de terno preto e gravata. Tive de vê-lo várias vezes à tardinha, batendo com o guarda-chuva na janela da minha casa, chamando por Maria Duarte, minha mãe. Eu, menina-moça, brincando na calçada, corria pra dentro a chamar por mamãe. Ela vinha e eles proseavam. Depois ele ia embora muito sério. Eu o achava solitário e triste e perguntava: " Mamãe, quem é esse homem ?" e ela respondia. " É um advogado,  poeta, um homem inteligentíssimo de nossa terra " e me falava o seu nome. De outras vezes, quando ele passava de novo e batia com o guarda-chuva na janela, eu entrava e gritava: " Mamãe, é o Dr. Silvino Olavo ". Tempos depois, já casada e c filhos, morando no Recife, eu estive em Esperança e soube do seu falecimento. Apre

Cinquentenário, por João Batista Bastos

Estava terminada a primeira etapa de estudos daqueles que encerraram a 4ª série ginasial, no ano de 1965. 50 (cinqüenta) anos, completados. Agora, em 2015. Depois da festa de conclusão de tão  importante curso, para aquela época, restava apenas saber para onde irmos. Não havia o antigo curso científico, era necessário ter que se deslocar para Campina Grande, a fim de estudar no Colégio Estadual da Prata. Era uma nova etapa na nossa vida e mais dificuldades para enfrentarmos. O deslocamento difícil, por que não havia transporte fácil, mesmo Campina Grande sendo uma cidade muito perto de Esperança, pois, a estrada era horrível, não havia ônibus, à noite. Já era o ano de 1966. Foi necessário fazermos uma comissão de estudantes para adquirirmos um veículo junto ao governo do Estado, cujo governo era representado pelo então governador Dr. Pedro Moreno Gondim, através do primeiro deputado esperancense, Francisco Souto Neto (Chico Souto). Aí, sim, recebemos como doação do governador uma pe

À Virgínia Vitorino

Virgínia Votorino. Fonte: FBN Não me parece incomum a dedicatória a pessoas que prezamos ou que se queira alguma homenagem. Com o poeta esperancense, Dr. Silvino Olavo, não foi diferente. Em seu primeiro livro (Cysnes, 1924) já se encontra recheado de alusões a figuras de seu tempo, amigos de um círculo pessoal que conquistou no Rio durante a sua formação acadêmica. Nesse aspecto, gostaria de destacar duas mulheres que ganharam relevo em sua poesia: Alzira Tacques e Virgínia Vitorino. A primeira – fundadora da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul - " Silvino Olavo, no Rio de Janeiro, louvou-a em página de relevo. Desde então. Alzira não mais parou de sonhar, versificar, oferecer sua maravilhosa arte, deslumbrando com seu talento. ( Presença Literária: 1997 )". A poetisa e dramaturga Virgínia Villa Nova de Sousa Vitorino, à quem se atribui o título de "A poetisa dos Namorado”, mereceu o lindo poema que tem por título o seu nome, publicado na póstum

Esperança no futuro

Formulário "Esperança no futuro" (2005) No ano de 2005, por ocasião das comemorações alusivas aos 80 anos do Município de Esperança, entre as muitas ações empreendidas pelo prefeito João Delfino Neto (2004/2008), foi instaurada uma “cápsula do tempo”, em que os esperancenses, respondendo a um questionário aberto, deveriam responder como se imaginaria Esperança no ano de seu centenário. Os formulários com as respostas foram depositados em uma urna, que se encontra na sede da prefeitura, para serem abertos em 2025. Este que apresentamos (foto) é uma cópia do modelo utilizado na época, e que faz parte do acervo do colega historiador José Henriques da Rocha. Mas a pergunta ainda persiste: como você imagina Esperança em 2025? Os que responderam aquela indagação, dentre eles este que vos escreve, disseram da sua inquietação, imaginando ainda uma Esperança melhor. Agora é aguardar para saber como será “Esperança no futuro”. E que cada um tire suas próprias conclusões.

Espeleologia Esperança

Irineu Jóffily, há mais de 120 anos, afirmava que “No terreno em que está Banabugé e em seu districto há numerosos tanques ou cavernas obstruídas”. De fato, a nossa região está assentada sob um imenso plateau calcáreo. Lajedos, caldeirões e tanques são facilmente encontrados, o que propiciou, de certa forma, a aglomeração de pessoas, já que a água foi o elemento necessário aos primeiros desbravadores. Essas formações foram originárias da erosão aos longo dos séculos e, no dizer do Professor Leon Clerot, tais concreções fizeram surgir também grutas calcarias. Em suas pesquisas, o autor de “30 Anos na Parahyba” ( Editora Pongetti: 1969) , constatou que “no alto Curimataú entre Esperança e as nascentes do rio Cabeço na estrada da maniçoba (há) afloramentos que se prolongavam até Araras”. Estes passaram a ter interesse arqueológico, posto que apresenta inscrições rupestres gravadas ou pintadas nas pedras; ou por vezes, escondem em seus solos, protegidos da ação do tempo, urnas fu

Nota científica

Muitos reservatórios do nordeste brasileiro são alcalinos, com grande concentração de sal. Em alguns, a fotossíntese reage com a alcalinidade propiciando o surgimento de algas nas seguintes espécies: Brachionus, Filina e Pedalia . Esses espécimes podem ser encontrados em inúmeras localidades, dentre elas destaca-se o "Açude Esperança". Na época o estudo foi promovido Albert H. Ahlstron e publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciência (Tomo X, Nº 01: Rio, 1938). O município era uma "pequena vila" e o açude pelo que podemos supor era o Banabuyé. As algas foram identificadas em 1910, 1911 e 1932. O Banabuyé foi o principal reservatório de água da cidade, fornecendo o líquido precioso para matar a sede dos esperancenses desde o início do seu povoamento. No passado, existia até a profissão de “entregador de água”, pessoas que em lombos de burro ou carroça faziam a entrega de água de gasto nas residências das pessoas importantes. O local também servia para a

Esperança: Elementos corográficos

A corografia estuda os aspectos geográficos de uma região ou de um país, notadamente a demografia e antropologia. Introduzida por Ptolomeu essa ciência estava em voga no Século XIX (Wikipédia/Dicio). Muitos historiadores lançaram mão de suas técnicas para justificarem o surgimento de povoados e vilas; lugares e espaços habitáveis do nosso rincão. A seguir apresentamos alguns elementos corográficos mais usuais na antiga Banabuyé: Araçá : fruto que possui um olho, alusão à mirtáceas cuja coroa parece uma pupila. Tanque de pedra removido pelos indígenas, cujo lajedo aflora na “Beleza dos Campos”, onde está assentada a segunda menor capela do mundo dedicada a N. S. do Perpétuo Socorro. Araçagy : literalmente, “rio dos araçás”. Citada na Sesmaria nº 930 de 16 de outubro de 1789. Nas suas ilhargas, pegando do nascente para o poente, situava-se a “Data do  Riachão de Banaboié”, conhecida na língua do gentio bravo por “Tanque Grande”. O Araçagy é um dos afluentes do Mamanguape. Em 172

SOL e a Rainha dos Estudantes

Na década de 20 eram comuns as festas em exaltação da beleza, em função do qual se realizavam concursos. Não obstante, costumava-se eleger as “rainhas” em cada área. O jornal “O Globo” era um dos quais se esmerava nesta atividade com a participação sócio-intelectual de sua época. Em setembro de 1928, aquele periódico realizava a terceira festa da primavera, que culminou com a escolha da “Rainha dos Estudantes”, a Srta. Ana Amélia que representaria naquela data os moços universitários. Foram inúmeras as homenagens recebidas, registrando-se a Academia Brasileira, a Federação do Progresso Feminino, o Ministro da Justiça, o prefeito Prado Júnior (Rio). Entre aqueles, estava o nosso poeta Silvino Olavo, que saudou em telegrama: “Salve Rainha cheia de virtudes”. Este não foi o primeiro concurso do qual participou o nosso conterrâneo que em suas idas à Capital Federal tinha uma visa social agitada, participando de festas e vesperais, recheando as colunas dos jornais. A musa foi agrac

Em torno de um poeta (palestra)

Foto: Professora Valda Oliveira Ela passou... Nunca soube que a amei, porque nunca me amou. Toda mulher naquela idade é borboleta... O coração da gente... Ai! é sempre uma rosa Que lhe dá sempre o néctar da melhor paixão! E ela... (Sempre a inconstante borboleta) Suga o néctar e vai borboleteando, Girandolando De rosa em rosa, - De coração para outro coração...                                                           João da Retreta Bom dia! Quero agradecer ao Professor Alessandro Almeida que mui gentilmente me convidou para esta conversa sobre o patrono deste Grêmio Estudantil. Silvino Olavo possuía uma inteligência multiforme: político, jornalista e advogado... E vocês ao lhe escolherem para seu patrono devem ter em mente sempre esta tríade vitoriosa como foi no passado. A política como sendo a luta por uma sociedade mais justa, da prática do bem e de conquistas sociais. O jornalismo o interesse pela verdade, a busca de coisas novas e da informaçã