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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Nas vias do absurdo (por Silvino Ferrabrás)

O vento dobrou a esquina Nas quebradas da maré Passou num pé de vento Que fez um “redemunho”. Levantou do padre a batina Deixou o aleijado de pé Do Pelé tirou o assento E da pele ficô só o rascunho. O professor de sabatina Não quis dizer para o Zé Qual era o remendo Prá usar na rede de punho. E agora a estricnina É santo remédio prá muié Melhorar dos pensamento E não deixar o bicho “bizunho”. Banabuyé, 27 de janeiro de 2015. Silvino Ferrabrás

Chuva de granizo em Esperança

Chuva de granizo - Esperança, 29-01-2016 Imagem: Página do Jornal A CIDADE O Carnaval de 1974 foi marcado pela excepcional chuva que caiu em Esperança, uns relatam que naquele ano caiu granizo, que não ficou uma antena de pé, houve ainda um grande apagão, deixando toda a cidade sem energia elétrica. Por volta das duas ou três da tarde da terça-feira de carnaval, o céu se avermelhou, caindo uma forte chuva sobre a cidade. A rua do Boi alagou, numa enchente nunca antes vista. O bloco dos Índios que subia a rua de Areia, não suportou a enxurrada e lutaram muito para que a água não os levassem de rua abaixo. O engraçado é que, naquele momento, eles cantavam uma marchinha que dizia em seus versos: “Chuva grossa não me molha,/ Sereno quer me molhar,/ Meu senhor”. Hoje, às vésperas da festa de Momo, a história se repete. Em breve espaço de tempo, caíram pedras de granizo na cidade. O fato foi registrado por várias pessoas, postado em redes sociais e em grupos do WhatsApp. As image

100 Anos da "Caza Paroquial"

Este ano mais um prédio histórico completa seu centenário, dentre aqueles que ainda restam da antiga Banabuyé: a “Caza” Paroquial. Estabelecida na Rua Monsenhor Severiano, próximo a Igreja Matriz, a Casa Paroquial é a residência oficial dos padres de nossa Paróquia. Verdadeiro patrimônio histórico, é uma das construções mais antigas do município e, apear de algumas reformas, mantém a sua fachada original em estilo colonial, com cinco janelões e um círculo no alto, que registra a sua data inaugural (1916). Sua construção teve início em 1914, por iniciativa do pároco José Vital Ribeiro Bessa (1913/1922) e demorou cerca de dois anos para ser concluída. Pouco tempo após a sua edificação, ainda em 1916, abria as suas portas para receber Frei MartinhoJansweid, o frade alemão que percorria a Parahybaem sua Santa Missão. Vindo de Alagoa Nova, onde pregara para uma enorme multidão, chegou em nossa Vila no dia 21 de setembro daquele ano, onde fora recebido com uma salva de fogos e aclam

Sol também teve seu dia de absurdo

Há quem diga que Zé Limeira foi obra do genial Orlando Tejo, que nunca teria existido. Outros afirmam que o cantador-poeta do absurdo nasceu em Teixeira, cantando por diversas praças desta nossa Pa-ra-í-bê-a-bá! José Nêumanne após conversa com Zé Alves no Museu de Arte da Universidade Regional do Nordeste, escreve que neste sertão muitos cantadores se chamavam “Zé” e tinham a alcunha de família “Limeira”, aproveitando-se do homônimo já famoso. Feito o esclarecimento, acrescenta que o Zé Limeira mitológico chegou a duelar com Zé Alves, Otacílio e Heleno Firmino. Este último teria hospedado o cantador em um sítio, poucas léguas de Esperança. Teria o Limeira passado uma temporada em Esperança? Não o sabemos. O que é certo é que este município já abrigou grandes cantadores, a exemplo do precursor João Benedito e Campo Alegre, ambos naturais destas paragens; de Josué da Cruz, que residiu por algum tempo nesta cidade; sem falar que aqui vendiam os melhores encordoamentos para viola e na

O Mágico Alegria (P. S. de Dória)

Em Esperança-Pb, a Praça Don Adauto naquela década era palco onde aconteciam as nossas brincadeiras de Rodas de “Pinhão", "enfincas ", as peladas e, diariamente, sempre à tardinha, onde compartilhávamos aquele bate-bola. Ali, as crianças daqueles setores (muitos meninos e meninas) se juntavam à noite para brincar de toca, onça, lima, melancia, grilo, cantigas de rodas e cirandas ou outras brincadeiras da época. Mas, lá, também era uma área livre apropriada para receber todos os circos e outros eventos de palcos ou picadeiros que porventura chegassem à cidade.           E numa daquelas ocasiões, havia chegado um circo que ficou famoso, conhecido como Circo de seu "Alegria"!            Seu "Alegria" era um senhor já de certa idade,"um preto", alegre e sorridente, excelente mágico e que também era o dono absoluto daquele circo.           Havia um pé de oitizeiro plantado de frente a casa onde morava um senhor conhecido como Aristeu Fer

Tempo (por Ana Débora Mascarenhas)

A Camila Flor que tem flor até no nome, sugeriu que falasse do tempo. O Rau me perguntou o que eu sei ou lembro de Silvino Olavo, o poeta da minha terra. Pois bem, do Silvino eu nada sei, infelizmente, também sei mais da história da cidade que vivo do que da que nasci, sei mais agora por causa do Rau que tem feito uns lindos posts falando da terrinha e sua história. Mas do tempo, todo mundo tem algo a falar. Já disse antes que  o vejo como um menino traquino ou como um velho depende muito da minha idade no dia, tem dias que sou idosa, tem dias que sou criança. Hoje sou idosa e para mim, o tempo no meu calendário imaginário já correu muito. Fez com que pessoas queridas se fossem, me trouxe outras pessoas amadas, deixou saudade de algumas, de outras, apenas alívio, me fez crescer, judiou, mas agora já não dói mais. Já disse Eraclito de Efeso que: "O tempo é como um rio, não se pode entrar no mesmo rio duas vezes", vejo o tempo como um ciclo, onde de vez em quando se fecha e

Seu Zé

Zé Lyra e Padre Palmeira Seu Zé se foi, mas não é um Zé qualquer de que estou falando: é Seu Zé Lyra, homem probo e vocacionado, verdadeiro ícone de Esperança. Frequentou o seminário com Padre Palmeira, de quem viria a ser o seu fiel escudeiro anos mais tarde na Paróquia de Esperança. O diácono ajudava no serviço da igreja: fazia viagens, casamentos e batizados; administrou a paróquia por quase um ano, quando Dom Palmeira viajou para estudar em Roma. Casado com dona Iracema Paiva constituiu família, sendo os seus filhos Ônio e Zeppe Lyra exemplos e seguidores do velho pai. Em dois momentos pelo menos a nossa história se cruza: foi Zé Lyra que celebrou o casamento de meus pais e foi ele quem me batizou na capelinha das Umburanas. Há algum tempo vinha enfrentando problemas de saúde, contudo enfrentava isto com uma fé inabalável. Essa mesma fé o conduziu por toda a sua vida, e lhe preparou para uma passagem feliz com seu Deus. Como ele sempre nos dizia: “Troquemos orações!”.

Nos caminhos da arqueologia

Há alguns dias, caminhando para o canteiro onde lentamente se está construindo a Vila Olímpica de Esperança, dois amigos, Rau Ferreira e Evaldo Brasil, se depararam com uma gravura numa das pedras do caminho. Na ocasião, o primeiro, cuidou de registrar o achado, postando fotografia em uma rede social. A postagem gerou comentário de Vanderley de Brito, pesquisador e membro da Sociedade Parahybana de Arqueologia/SPA, de que poderia ser um antropomorfo, resultado de uma produção centenária naquele granito. A inscrição supostamente rupestre lhes tomou de assalto, provocando a curiosidade. Com efeito, o município de Esperança, em priscas eras, foi habitado por aborígenes da Nação Cariry. Os Índios Banabuyés, assim batizados pelo etnólogo José Elias Barbosa, se concentraram no antigo lajedo do Araçá, não obstante se tenha notícias de sua presença em Lagoa de Pedra, Lagoinha das Pedras, na Serra do Urubu (imediações do Britador) e nos Caldeirões, divisa com Alagoa Nova. Em pelo menos d

Frigorífico de Esperança (Parte I)

Esperança despontava como a maior produtora de batata inglesa, exportando o produto para diversas praças. Mas os produtores sofriam com a entressafra, os preços oscilantes do mercado e a falta de sementes. Surgiu a necessidade de se implementar um frigorífico para abarcar a produção. O prefeito Luiz Martins havia sido convocado pelo Deputado Waldir dos Santos Lima para juntos encaminharem a José Carlos - diretor do DEMA -, o projeto de construção de uma unidade de conservação, com capacidade de 800 toneladas. O seu objetivo era manter sob condições de resfriamento, batatinhas-sementes, garantindo o padrão das sementes, o que beneficiária, por muitos anos, cerca de 600 produtores rurais. Esta era uma antiga aspiração. Há 15 anos atrás muito se empenhara o Ex-Deputado Estadual Chico Souto. Nesse aspecto, já havia viajado o político esperancense, em companhia do então prefeito Arlindo Delgado, para angariar junto às autoridades federais essa edificação. Em maio de 1976, o sonho com

Conservatório musical

Símbolo de civismo e auto-afirmação do poder constituído, a banda de música municipal funcionava ainda como conservatório. As cidades interioranas, na sua maioria, tinham na “bandinha” a escola formadora de músicos locais. As bandas tocavam nos eventos sociais, políticos e religiosos, como ainda hoje acontece. O mestre quase sempre era um regente vindo de outra cidade, convocado para fundar na Vila uma filarmônica qualquer. Esperança mantém a tradição desde 1889, com o professor Juviniano Sobreira. Anos mais tarde, coube ao maestro Cidalino Pimenta (1910) conduzir os trabalhos; depois veio Pedro Lúcio (1927) e, mais recente, a José Alves Filho (1985). Assim, era comum nas cidadezinhas a pracinha e seu coreto, onde a banda fazia a retreta social. Os seus componentes aprendiam partitura, compasso, batida e melodia. Não obstante, a sua composição seguia padrões militares, quem sabe seja ainda um resquício da primeira que se formou na Parahyba (1801), pertencente ao Corpo de Inf

Carnaval de Pierrot e Colombina (ou o conto da Ala-ursa)

Ala-ursa, arte de Evaldo Brasil e Felipe Pajaú (BV015) A tradicional festa pagã em nossa terra tem um ano de preparação; mal se colocam as cinzas da quarta-feira e os foliões já estão pensando no próximo carnaval. O catecismo de ontem nos ensinava que até dia de Reis ainda era Natal. Assim antes de seis de janeiro não se desarma a árvore nem se guardam os enfeites natalinos. Porém, em Esperança, a Ala-ursa e seus afiliados já nesse dia ganham as ruas, saindo da Comunidade S. Francisco com os seus mascarados. O batuque ganha a S. Sebastião, Sete de Setembro e Patrício Firmino Bastos, sobre pela Silvino Olavo por onde se chega ao centro. É grande a aglomeração de pessoa em torno daquela figura mística. Os “ursos” no carnaval têm origem nos ciganos europeus, que percorriam as vilas com seus animais presos em correntes e dançavam de porta em porta em troca de algumas moedas. Homem, menino e criança brincam fantasiados, sem qualquer discriminação. As roupas simples, os instrume

Getúlio...

Getúlio Vargas (1930) Silvino Olavo sentia-se atraído pela política. Antes, já praticava o seu belo discurso louvando a gênese do amigo João Suassuna, que se elegeu Presidente da Parahyba (1924/1928); depois passou a apoiar o candidato Epitacista: João Pessoa, que igualmente logrou êxito nas urnas eleitorais de seu Estado (1928/1930). E quando este resolveu ovacionar o seu “Nego!”, o poeta esperancense foi o primeiro a dizer-lhe as razões na imprensa carioca, e de forma resoluta passou a defendê-lo nas praças de Santa Rita e Barreiras. Getúlio deliberou contrariar a política do “café com leite”, candidatando-se ao cargo máximo da nação. Contra si o governo de Washington Luiz e dois dos maiores Estados brasileiros: São Paulo e Minas Gerais. A seu favor a pequenina Parahyba, terra de Epitácio Pessoa cujo sobrinho deveria lhe suceder na política. Epitácio governara o Brasil de 1919 à 1922. A sua carreira inclui dois ministérios (da Justiça e do STF), Procurador da República,

Há 70 anos...

Representação natalina - Por Inacinha Celestino Há 70 anos uma família esperancense ganhava algumas peças da representação natalina. A dona da casa fez a ornamentação com as imagens do Salvador e da família sagrada. O seu esposo atento àquela abnegação da mulher providenciara a iluminação. Era o Natal de 1945. O menino Jesus nascia em Esperança em plena efervescência mundial. Na mensagem evocativa: Gloria in Excelsio Deo . E naquele lar, Deus era sim glorificado. Dona Júlia era uma mulher santa, e com muita razão chamada de “a mãe dos pobres”. Seu Titico também não ficava para trás, musico e inventor estava sempre disposto a ajudar quem precisasse. A “Lapinha” estava pronta para receber as primeiras visitas. De portas abertas, de coração aberto as pessoas prestavam homenagens ao “menino” que seria o Leão de Judá. Mas coube a filha Inacinha dar continuidade a tradição que se renova ano após ano. Com o tempo foram sendo acrescentadas novas figuras. Algumas imagens vieram da Ba

Uma outra Esperança

Ontem me encontrei com um colega, o fisioterapeuta Jean. Falávamos de como Esperança mudou e que há poucas referências para a nossa geração. Alguns prédios antigos por nós conhecidos foram substituídos por lojas comerciais e até mesmo a Praça da Cultura tão frequentada em nossa época, com o seu desenho mais recente, não nos parece atrativa. Também os amigos se foram, cada qual procurando a sua estabilidade financeira fugindo da "seca" de ideias que nos rodeava. Alçaram outros horizontes e conquistaram um espaço profissional. Dizíamos da feira - que à época funcionava na rua do Sertão -, dos vendedores de frutas, dos mangalhos e do Parque Maia. Lamentamos que não  havia registro fotográfico. Falávamos da Loja de Seu Patrício, de Joca Aciole, Duda do Bar, Vicentão... assim nos localizávamos. A roda da vida girava mais devagar, fazia um friozinho no início e no final de cada dia (o calor atual é novidade para todos nós). Eram outros tempos, dificuldades não vivenciadas hoje

Tarcísio Torres

Tarcísio Torres Tarcísio Torres era da velha geração, dos anos dourados de Esperança. A sua história se confunde com a do próprio município que o acolheu em 1932. Filho do casal Severino e dona Corina, foi educado na fé cristã e frequentou o ensino regular no educandário fundado na data de seu nascimento. O ex-aluno do “Irineu Jóffily”, participou das muitas festas que eram promovidas, muitas delas organizadas por Dona Lydia Fernandes, em especial as festas joaninas que tinham os irmãos Pichacos como puxadores das rodas de coco. O seu genitor era guarda fiscal, o que lhe proporcionou uma vida confortável e socialmente ativa. A sua mãe pertencia a família Coêlho, uma senhora muito religosa e devota de Nossa Senhora ao ponto de duas de suas irmãs seguirem a vocação cristã, tornando-se freiras: Alba e Salomé. Nas palavras do ilustre João Delfino: “ A família Torres sempre teve atuação destacada na vida social, política e econômica de Esperança ”. Antigo boêmio frequentava os c

A Capelinha, P. S. de Dória

Aos olhos de quem poucas vezes viu, Eis a capela, torre d’aliança, Dos passeios domingais … Quanta lembrança Do grito em “ ecos ” que não mais se ouviu! O sacrossanto altar assim surgiu Duma promessa a uma virgem santa, E na promessa a fé tornou-se tanta Que ao santuário o céu também se abriu. Sobre um lajedo de origem bruta Ei-la ostentando, a serena gruta, Que aos olhos de quem vê reluz e encanta! E lá, buscando a paz d’alma carente, De joelhos em oração, vê-se presente O peregrino ante a Virgem Santa! P. S. de Dória