Para afastar um dia nublado, raios de SOL:
BALADA DA LÂMPADA OSCILANTE
Vivo a mágoa das horas vesperais
que resplendem na dor, como em cristais
dentro da mágoa em que minh'alma anceia
é-me a Fé luz mortiça de candeia
e a Vida é como lâmpada que oscila.
Na balada das folhas outonais
ulula o vento, à copa das choupais,
onde, às vezes, em cólera sibila;
e fico olhando o incêndio em que se ateia
nas minhas construções por sobre a areia,
porque a Vida é uma lâmpada que oscila
Plange o "requien" final do "nunca mais",
à voz dos sinos, pelas catedrais,
no regresso da carne ao pó da argila
e a humanidade em luta se incendeia,
enquanto anima, apaga ou bruxoleia,
a luz da Vida - lâmpada que oscila.
Oferenda:
Eis a lâmpada de ouro dos mortais,
sol que, às vezes, na aurora se aniquila;
e eu sinto, cada dia, mais e mais,
ir-se apagando a lâmpada que oscila.
SILVINO OLAVO
O poema acima reproduzido foi citado por OSCAR LOPES
em uma resenha literária para o Jornal O IMPARCIAL, do Rio. Para o crítico, a
poesia silvinolaviana possuía a marca da originalidade, cujo valor permanecia
intacto numa forma elegante de se escrever, "de rythmo delicioso ao ouvido
e de sedutora expressão".
A edição é de 04 de maio de 1924.
Rau Ferreira
Referência:
-
FERREIRA, RAU. Silvino Olavo. Ed.
Epgraf. Edições Banabuyé: 2010.
- O
IMPARCIAL, Jornal. Ano XII, N. 4153. Edição de 04 de maio. Rio de Janeiro/RJ:
1924.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.