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O Clube dos Aventureiros, por Júlio César

Por Júlio César (*)

No final de 1986 e praticamente por todo o ano de 1987 existiu em Esperança o Clube dos Aventureiros. Na verdade, não foi nada oficializado em cartório ou qualquer coisa que requeresse legalização formal. O clube foi uma iniciativa natural de um circulo de amigos que decidiram criar um espaço próprio para fazerem algo diferenciado, criar um espaço deles.
O que motivou a criação deste clube foi justamente o hábito de colecionar coisas e expandir o hobby para um local mais amplo já que algumas coleções já estavam ocupando mais espaço do que devia nas casas e a mães já começavam a pegar no pé. A proposta surgiu na casa do amigo Charles Nascimento e se consolidou na minha casa quando se reuniram na sala os colegas Charles Nascimento e seus irmãos Neném e Vanessa. Eu e minha irmã, Jair, Fábio, Francisco, Djair, Dorivan, Jocélio, France, Mary, Luciano e Alexandre. Estes últimos da família de Luiz Martins.
Todos éramos portadores de algum tipo de coleção, mas, o que todos tinham em comum era o hobby de colecionar Histórias em Quadrinhos e este foi o gancho para criarmos o clubinho da rua que passou a funcionar numa espécie de garagem ou deposito antigo na casa da avó de Charles.
A avó de Charles nos deu um grande apoio, pintou a parte interna do local, doou alguns livros de história e uma mesa com 3 cadeiras. Já o pai de Charles nos deu uma velha estante do seu antigo mercadinho que serviu para dispor nossa gibilioteca. Criamos um emblema, regras para uso e o principal. Juntamos todos os nossos Gibis é uma grande coleção que chegava a quase 400 Hq’s que variava da turma da Monica até a série Secret Wars da Marvel.
Qualquer pessoa podia ler os gibis, bastava chegar assinar um livrinho e ler, se fosse levar para casa, tinha que deixar o endereço e pagar uma taxa de Cr$ 100,00 (Cem cruzeiros). E os gibis saiam e voltavam sem problemas. Não tardou muito para haver divergência entre meninos e meninas, o que rendeu a saída de minha irmã, Vanessa e France. Mas, apesar desta divergência, as meninas mantiveram suas coleções na gibilioteca. Outra coisa curiosa é que produzíamos as nossas próprias histórias em quadrinhos e comercializávamos.
Da turma, eu e Charles desenhávamos as histórias enquanto Neném e Alexandre criavam os roteiros. Já Djair ou Dorivan vendia aos seus colegas. O primeiro gibi artesanal que vendi cobrei CR$ 200,00. Eu ainda guardo com muito carinho a única revista produzida que não consegui vender. 
As reuniões eram sempre as quartas e no domingo todos se reuniam para jogar futebol, futebol de botão ou ir pescar. Entre outras atividades nos integrávamos com as meninas para as disputas de “baleada” e “Barra Bandeira” considerado por nós modalidades esportivas. Na rua era uma gritaria só, e isto nos custava algumas reclamações ou bolas furadas por seu Luiz Besouro.
Até hoje me pergunto por que batizamos esse clube de Aventureiros, talvez naquele tempo viver de forma tão sadia e despreocupado com os problemas do mundo fosse realmente uma grande aventura. Saudades!

Por Júlio César (*)
(*) Cartunista e pesquisador, atualmente desenvolve um projeto que finalizará em 2014 com a publicação de um livro sobre o futebol paraibano.


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