O PROCESSO
DE JOÃO GRANDE
POR CAUSA DE
UMA MULHER DAMA
(S) Meu Senhor Delegado,
este homi que ora se encontra
neste xadrez trancafiado
é tão somente, Doutor,
vítima de um mal desgraçado.
É que a dita cuja “destilada”
de sabor ardente e quente
carregou-lhe de desejos a mente
levando-o a “casa profanada”.
E em lá chegando, entregou-se
aos braços sutis de mulher
da Dona destes trapos sujos
cujo sangue repugna a fé
Ah! Dotô Delegado,
se honradas fossem,
as testemunhas desses fatos
não seria esse pobre processado.
Ao ver tão ingrata sina
por causa de uma messalina
não pensei duas vezes
e vim à Delegacia
implorar desde às treze
para soltar o infeliz
neste final de dia.
Pois como poderei calar
diante de tal infâmia
ao ver réu indivíduo
que a sociedade reclama:
homem de bem e direito
em seu lar constituído.
Fluir-lhe mágoas no peito
findará da Justiça despido.
(D)- De nada pode aproveitar
seu lindo palavreado
como posso fugir ao DIREITO
rasgar o aqui relatado
insculpido nestes papéis
por todo canto noticiado.
Não posso desta causa decidir o mérito
e os ritos tomar de assalto.
ao Senhor Julgador remeto este inquérito
e que a verdade aflore destes autos.
(D) “R. Hoje
Ao Douto Promotor para os devidos fins
Após retornem estes
Para que possa analisar enfim.”
(P) - Douto Julgador deste Único Ofício.
Narra a peça informativa
a nós hoje entregue
que da sanha delitiva
valeu-se este réu do artifício
da brejeira, alcoólica bebida,
para por em suas razões
o motivo da estória aludida.
Ao emérito entrego cabal denúncia
contra “João Grande”,
assim cognominado
JOÃO de nome, SILVA registrado
deste município paraibano
para que seja devidamente processado,
condenado e excluído
por uns tempos, do seu convívio urbano.
(J) Recebo a denúncia e fica designado
para o próximo dia útil
o interrogatório do Acusado
onde será analisado
o motivo que deu causa
se fútil ou qualificado.
Assim, foi ouvido JOÃO DA SILVA
Sem comparecer o Dr. Advogado.
Sem Testemunhas de Defesa.
Sem nada a alegar nestes traslados.
Resta sentenciar o acusado
e que o passar dos anos
cure este vício desgraçado.
É que em dia festivo
aquele tal “homem de bem”
se fez “bicho” apaixonado,
tomou todas em casa
e desceu à casa do pecado.
Sendo aí procurou
de nome MARIA CAROLINA
a tal já conhecida
a mais bonita da “Casa de Jacutinga”.
Não queria APARECIDA
pois disse ter pernas finas.
Não queria ANALICE
tão cego da burrice
procurou a encrenqueira
que após sadomazoquices
satisfeitas as malícias
meteu no “bucho” a peixeira
pondo termo as suas carícias.
Sendo preso logo após
em flagrante delito consumado
um corte que nem tocou
a primeira pele do órgão aqui citado
e o sangue que saia,
era o sangue regrado.
Ah! Mulher vã...
que fizeste ao João,
em teu leito deitaste sem prazer
na doce sina da prostituição
e por dinheiro não ter ele
colocaste-o na prisão.
E por nada ter lembrado
sem defesa, e sem advogado,
de tudo estou informado
mas, nada posso fazer.
Ordeno à Escrivania
o competente mandado bater
fica João encarcerado,
mas a Justiça o tempo há de fazer!
Rau Ferreira
Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança é mera
coincidência.
Personagens: (S) Súplica. (D) Delegado. (J) Juiz. (P) Promotor.
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