Pular para o conteúdo principal

Esperança: Balancete de 1928

A lei exigia que os gestores apresentassem as contas devidamente aprovadas pelo Conselho Municipal. Era uma espécie de prestação de contas devida pelo administrador ao governo do Estado.
Na época, o município era administrado pelo comerciante Manuel Rodrigues de Oliveira e havia a pouco se emancipado da vizinha cidade de Alagoa Nova. As contas eram subscritas por Sebastião de Christo, tesoureiro municipal.
Trazemos para conhecimento dos nossos leitores a planilha de 21 de fevereiro de 1928, relativa ao ano anterior:
“ESPERANÇA
Balancete da Receita e Despesa do Município de Esperança relativo ao segundo semestre do exercício de 1927, aprovado em sessão do Conselho Municipal, realizada em 7 de janeiro de 1928.

Receita
Rendas eventuais                                                      1:776$209
Idem rural                                                                  1:000$000
Idem indústria e profissão                                      2:993$300
Idem de construção                                                  185$000
Idem da feira                                                             3:888$000
Idem de aferição                                                       119$000
Idem de fumo                                                            318$350
Idem do povoado de Areial                                     303$900
Idem pela venda de um instrumento                    100$000
Idem matrícula de engraxates                                27$200
Idem matrícula carregadores de água                  34$850
Saldo do primeiro semestre                                    2:568$940
                                                                                     14:379$740

Despesa
Eventuais                                                                   46$000
Estradas de rodagens                                               1:697$400
Saneamento urbano                                                  94$000
Com presos correcionais                                         36$600
Assistência pública                                                   280$600
Concerto de carroça do lixo                                   97$500
Asseio do reservatório                                            4$500
Selos para documentos                                            19$000
Teleg p/c do município                                           170$400
Serviço eleitoral                                                       15$000
Com eleição de 20/12/1927                                   659$000
Expediente da prefeitura                                         120$700
Expediente da delegacia                                          20$200
Automóvel para o Dr. Juiz de direito
a serviço do Juri                                                        50$500
Contribuições para festas promovidas ao
governo do Estado                                                    200$000
Idem ao chefe do município                                   225$600
Instrumentos para a banda musical                      1:470$800
Iluminação pública                                                   3:000$000
Subvenção às escolas comercial e paroquial       240$000
Assinaturas de jornais                                             143$000
Aluguel de casa, mobiliário e luz para a música 178$000
Lâmpadas para a luz pública                                  154$000
Aluguel de casa para o posto profilático              124$000
Idem, idem para o Conselho                                   360$000
Excesso de luz pública                                             100$000
Automóvel a serviço do município                       195$000
Saneamento da cadeia                                              15$200
Gratificação ao professor da música                     800$000
Funcionalismo municipal                                        2880$000
Saldo para o primeiro semestre
do exercício vigente                                                 984$040
                                                                                     14:379$740

VISTO (Ass) Manuel Rodrigues de Oliveira, prefeito.
              (Ass) Sebastião de Christo, tesoureiro
Aprovado, publique-se:
(Ass) Leonel Pessoa de Mello Leitão, presidente do Conselho Municipal”

Observe que a maior renda do município era mesmo o imposto da feira (3:888$000). Outro fato curioso que nos chama a atenção é que na época, o lixo era transportado por carroça.
A banda de música municipal recebeu instrumentos novos e foi alugada uma casa para as práticas.
Havia um carro para o uso particular do prefeito e outro era alugada para o juiz, quando da realização dos júris, mas gastava-se pouco com segurança pública.
Naquele tempo, eram conselheiros municipais, cargo que hoje se equipara ao de vereador: Leonel Leitão, José Santos, José Carolino Delgado, Cassemiro Jesuíno de Lima, José Souto, José Bento Cunha Neto e Francisco Bezerra da Silva.
           
Rau Ferreira
Fonte:
-         A UNIÃO, Jornal. Edição de 21 de fevereiro. Parahyba do Norte: 1928.

-         A UNIÃO, Jornal. Edição de 10 de dezembro. Parahyba do Norte: 1927.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

Mercês Morais - Miss Paraíba 1960

  Esperança-PB sempre foi conhecida por ser uma cidade de gente bonita, e moças mais belas ainda. A nossa primeira Miss foi a Srta. Noêmia Rodrigues de Oliveira, vencedora do concurso de beleza realizada no Município em 1934. Segundo o Dr. João Batista Bastos, Advogado local: “ Noêmia era uma mulher de boa presença, vaidosa, elegante e bonita ”. Ela era filha de do Sr. Manoel Rodrigues de Oliveira e dona Esther Fernandes. Entre as beldades, a que mais se destacou foi a Srta. Maria das Mercês Morais, que após eleita em vários concursos na Capital, foi escolhida “Miss Paraíba de 1960”, certame esse promovido pelos Diários Associados: “ Maria Morais, que foi eleita Miss Paraíba, depois de um pleito dos mais difíceis, ao qual compareceram várias candidatas do interior. Mercês representa o Clube Astréa, que vem, sucessivamente, levantando o título da mais bela paraibana, e que é, também, o ‘mais querido’ do Estado ” (O Jornal-RJ, 29/05/1960). “ Mercês Morais, eleita Miss Paraíba 196

Genealogia da família DUARTE, por Graça Meira

  Os nomes dos meus tios avôs maternos, irmãos do meu avô, Manuel Vital Duarte, pai de minha mãe, Maria Duarte Meira. Minha irmã, Magna Celi, morava com os nossos avós maternos em Campina Grande, Manuel Vital Duarte e Porfiria Jesuíno de Lima. O nosso avô, Manuel Vital Duarte dizia pra Magna Celi que tinha 12 irmãos e que desses, apenas três foram mulheres, sendo que duas morreram ainda jovens. Eu e minha irmã, Magna discorríamos sempre sobre os nomes dos nossos tios avôs, que vou colocar aqui como sendo a expressão da verdade, alguns dos quais cheguei eu a conhecer, e outras pessoas de Esperança também. Manuel Vital e Porfiria Jesuíno de Lima moravam em Campina Grande. Eu os conheci demais. Dei muito cafuné na careca do meu avô, e choramos sua morte em 05 de novembro de 1961, aos 72 anos. Vovó Porfiria faleceu em 24 de novembro de 1979, com 93 anos. Era 3 anos mais velha que o meu avô. Nomes dos doze irmãos do meu avô materno, Manuel Vital Duarte, meus tios avôs, e algumas r

Dom Manuel Palmeira da Rocha

Dom Palmeira. Foto: Esperança de Ouro Dom Manuel Palmeira da Rocha foi o padre que mais tempo permaneceu em nossa paróquia (29 anos). Um homem dinâmico e inquieto, preocupado com as questões sociais. Como grande empreendedor que era, sua administração não se resumiu as questões meramente paroquianas, excedendo em muito as suas tarefas espirituais para atender os mais pobres de nossa terra. Dono de uma personalidade forte e marcante, comenta-se que era uma pessoa bastante fechada. Nesta foto ao lado, uma rara oportunidade de vê-lo sorrindo. “Fiz ciente a paróquia que vim a serviço da obediência” (Padre Palmeira, Livro Tombo I, p. 130), enfatizou ele em seu discurso de posse. Nascido aos 02 de março de 1919, filho de Luiz José da Rocha e Ana Palmeira da Rocha, o padre Manuel Palmeira da Rocha assumiu a Paróquia em 25 de fevereiro de 1951, em substituição ao Monsenhor João Honório de Melo, e permaneceu até julho de 1980. A sua administração paroquial foi marcada por uma intensa at